Arlindo Homem é fotojornalista na área do desporto, trabalhando, entre outros meios, na agência noticiosa católica Ecclesia. Natural de Vila Nova da Barquinha, foi com o Mestre Brogueira que começou a tomar o gosto pela fotografia. Desde então, nunca mais parou. “Gostar do que se faz e fazer o que se gosta” é quase o seu lema de uma vida repleta de instantes captados pelas suas lentes. Arlindo Homem tem fotografias publicadas em vários livros, entre os mais recentes cite-se “Fátima 1917-2017. 100 anos da História das Aparições”, de José de Carvalho, “Fátima sou peregrino”, de António Rego, “Fátima Lugar Sagrado Global”, de José Eduardo Franco e Bruno Cardoso Reis, e de “São Francisco de Paula. O Santo Terrível como um leão”, de Giovanni Sole.

Como é que começou o seu percurso como fotógrafo?
Num estágio fotográfico na extinta Base Aérea Nº3, em Tancos dado pelo Mestre Brogueira.

Teve desde sempre esta vocação para a fotografia?
Ao fazer o estágio com Mestre Brogueira, ele foi-me incentivando e transmitindo ensinamentos, fui crescendo como fotógrafo, decidi: “Sou feliz a fotografar…”, começar carreira…, fiz um estágio de fotografia em obras de arte, no instituto José Figueiredo em Lisboa, comprei equipamentos, acessórios, lentes etc., porque “o caminho faz-se caminhando”.

O que foi necessário para chegar ao patamar onde se encontra?
Gostar do que se faz e fazer o que se gosta. A fotografia para mim tem sido uma verdadeira paixão, uma lição de amor, ser autodidacta, procurar conhecimento por todos os lugares, comprar livros e revistas, ler blogs, ver sites de fotografia, ver filmes com olhar fotográfico, são grandes referências em fotografia: enquadramentos, iluminação e direcção de arte. Ser humilde (saber que todas as pessoas têm algo para nos ensinar), ser persistente, muito trabalho e dedicação, trabalhar a qualquer hora em qualquer parte, muitos vezes fazendo sacrifício para obter uma boa foto. Ser criativo colocando o nosso cunho pessoal naquilo que se faz. Aceitar críticas e valorizar o trabalho dos companheiros.
Para terminar, tenho de citar este ilustre e grande fotógrafo, Henri-Cartier Bresson dizia “Fotografar é colocar na mesma linha de mira, a cabeça, o olho e o coração”.

Qual foi a foto que lhe deu mais ‘luta’?
Uma foto de Zinedine Zidane, no Estádio Santiago Bernabéu, em Madrid, devido as fortes medidas de segurança e a grande aglomeração de fotógrafos.

Onde vai buscar a inspiração para o seu trabalho?
Acreditar nos nossos sonhos e não desistir de os alcançar.

Já venceu prémios de fotografia e já expôs os seus trabalhos. É uma forma gratificante ver o seu trabalho ser reconhecido?
Sim, já venci prémios, e já tive algumas menções honrosas, é sempre gratificante ver o nosso trabalho ser reconhecido.
Tenho uma exposição itinerante “Futebol, Fátima, Fado e…Facebook” com curadoria do Dr. João Nuno Reis, que inaugurou na Arte Graça em Lisboa, já passou por Vila do Rei, Oleiros, Tomar, Casa do Concelho de Tomar e Casa da Comarca da Sertã e Praia do Ribatejo. Irá passar por Torres Novas, Ferreira do Zêzere, Fátima e Peniche, poderá ainda passar por outras Zonas do País, o seu encerramento será no Casino do Estoril.

Qual a sua opinião acerca da evolução tecnológica que se verifica ao nível da fotografia?
Citando Thomas Friedman, “A tecnologia está evoluindo mais rápido que capacidade humana”. Ao passarmos da fotografia analógica para a fotografia digital existiu um grande salto tecnológico, nenhuma e melhor que a outra, são modelos diferentes, que exercem funções especificas, normalmente uma acaba sendo mais útil do que a outra para determinado tipo de fotografia.
O mundo digital provocou a massificação da fotografia, poder rever as fotos quando quiser além de poder excluir uma imagem imediatamente que não tenha gostado muito, a facilidade e rapidez na captura, edição e transmissão de fotografias conduziu-nos para um mundo mais virtual e online, fez com que os jornais e revistas fizessem a transição da fotografia analógica para o digital.
Os telemóveis possuem cada vez mais funções fotográficas, provocando diversas actualizações no mundo da fotografia, uma delas é a selfie.
No futuro a captura digital das imagens poderá afastar mais da relação óptica com a realidade e entrar no mundo do 3D e da realidade virtual.

Quais são os seus objectivos para o futuro nesta área?
Continuar o meu processo de aprendizagem, registar e testemunhar momentos…, obter maior reconhecimento do meu trabalho e conquistar maiores êxitos profissionais.

Que conselhos daria a quem quer iniciar uma carreira na fotografia?
Conhecer a história da fotografia, ter um objectivo em mente, aprender a parte técnica da fotografia, conhecer a sua máquina fotográfica, treinar o olhar fotográfico, comprar equipamento, saber editar imagens, procurar inspiração em grandes fotógrafos, fazer um curso de fotografia, existem cursos online gratuitos senão tiver dinheiro, ler livros de fotografia e utilizar a internet, visitar exposições, museus e galerias e finalmente espírito crítico.

Um título para o livro da sua vida?
Memórias de um fotógrafo.

Música?
Música Portuguesa, Música clássica, Pop Rock, Soul Music e Funk.

Viagem?
‘Road Trip’ pelo Sudoeste Americano, poder conhecer e fotografar: paisagens caracterizadas por cores invulgares, montanhas majestosas e impressionantes canyons, reservas naturais, passar pela Califórnia, Nevada, Utah e Arizona.

Quais os seus hobbies preferidos?
Viagens acompanhado pela máquina fotográfica, leitura, actividades físicas, trabalho voluntário, jogos individuais e colectivos, conhecer novas bandas e músicas.

Se pudesse alterar um facto da história qual escolheria?
Holocausto.

Se um dia tivesse de entrar num filme que género preferiria?
Ficção Científica.

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