A 12.ª edição do Bibliotecando realiza-se sexta-feira e sábado, em Tomar, sob o tema “Presença e Exílio”, trazendo a um público de “curiosos” vários olhares, de várias áreas do conhecimento, sobre a ambivalência de viver “dividido entre dois espaços”.

Agripina Vieira, do Centro de Formação “Os Templários”, uma das sete entidades organizadoras, disse à Lusa que o tema foi escolhido no final da edição de 2019, revelando-se “premonitório” face ao que aconteceu desde essa altura.

Salientando que o evento tem sempre por temáticas o questionamento da identidade coletiva, Agripina Vieira afirmou que a questão da “Presença e Exílio” vai levar a Tomar, no distrito de Santarém, além de escritores, como Ana Margarida Carvalho, Bruno Vieira Amaral e Julieta Monginho, o bibliófilo Alberto Manguel, o investigador Alexandre Quintanilha, o sociólogo Hermano Carmo, o geógrafo Jorge Malheiros, o médico Alexandre Castro Caldas, o embaixador e escritor Marcello Duarte Mathias, o cineasta Arnaldo Mesquita, a jornalista Ana Sousa Dias, entre outros.

“São vários olhares, vários pontos de vista, de várias áreas do conhecimento”, para abordar “desde os movimentos migratórios, à questão do exílio” ou, ainda, “a questão dos apátridas, dos imigrantes, do colonialismo e do processo de descolonização”, falando de “todos aqueles que, de alguma forma, se sentem divididos entre dois espaços, um espaço que é seu – ou por nascimento ou por opção – e outro espaço onde está, mas em que o outro anterior nunca deixa de estar também presente”, disse.

“Há esse sentimento de ambivalência que procuramos aqui questionar”, acrescentou.

O primeiro painel, que se segue ao lançamento do livro “Da construção de uma viagem partilhada – Bibliotecando em Tomar 10 anos”, agendado para as 09:30 de sexta-feira, terá como oradores Alberto Manguel, Alexandre Castro Caldas e Marcello Duarte Mathias, com coordenação de Guilherme d’Oliveira Martins, que preside à comissão de honra do evento.

À tarde, a sessão contará com os poetas António Cândido Franco e José Carlos Barros e com o ensaísta Miguel Real, seguindo-se uma homenagem a José-Augusto França.

No sábado, o dia arranca com Alexandre Quintanilha, Hermano Carmo e Jorge Malheiros, seguindo-se Ana Margarida Carvalho, Bruno Vieira Amaral e Julieta Monginho, antes da pausa para o almoço, que acontecerá no Congresso da Sopa, no Jardim do Mouchão, seguindo-se a sessão com Ana Sousa Dias, Sérgio Guimarães de Sousa e Arnaldo Mesquita.

A edição deste ano vai distinguir a escritora Lídia Jorge, cuja obra tem “muito presente a temática do exílio”, disse Agripina Vieira, salientando que, além da divulgação da obra do escritor premiado, o objetivo é, igualmente, a promoção da leitura.

O Prémio Bibliotecando foi instituído em 2019, ano em que foi distinguido o escritor Manuel Alegre, sendo oferecido ao premiado uma obra da artista plástica Rita Gaspar Vieira “sempre em ligação com o tema” da respetiva edição.

O Bibliotecando surgiu em 2010 de uma iniciativa da escola secundária Jácome Ratton e das Bibliotecas Escolares, juntando atualmente sete entidades, as duas iniciais (agora Agrupamento de Escolas Templários e Rede das Bibliotecas Escolares), a Câmara Municipal de Tomar, o Agrupamento de Escolas Nuno Santa Maria, o Politécnico de Tomar, o Centro de Formação “Os Templários” e o Centro Nacional de Cultura, tendo tido como presidente da primeira comissão de honra o embaixador António Pinto da França.

Ao longo do evento estará patente, no Instituto Politécnico de Tomar, onde decorre o encontro, uma exposição da artista plástica Fátima Frade Reis, que apresentará algumas obras sobre o tema.

Agripina Vieira salientou que o público do Bibliotecando é sempre “muito eclético”, tendo “muitos professores, mas também muitas outras áreas do conhecimento representadas”.

“Não é destinado a um público de especialistas. É um público de curiosos que se interessam por estas questões, que se interessam por uma boa discussão, um bom momento de partilha de ideias e que estão connosco nestes dois dias, com o aliciante, no sábado, de uma outra forma de cultura que é o Congresso da Sopa, no jardim do Mouchão, onde as conversas se prolongam”, afirmou.

Devido à pandemia da covid-19, em 2020 o evento não se realizou, tendo acontecido em 2021 de forma reduzida e à distância, regressando agora no formato presencial.

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