D. José Traquina, bispo de Santarém, considera que a acção social é uma dimensão da Igreja que “não pode ser secundarizada” e que a celebração do corpo de Jesus lembra a preocupação com as “multidões sem água” e “bens básicos necessários”.
“A Solenidade do Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, ajuda-nos a celebrar um amor que transforma, que tem tanto de beleza quanto de incómodo. Cristo continua preocupado pelas multidões de pessoas que não têm alimentos e milhões de pessoas sem água potável para beber. E também preocupado com as pessoas que tendo garantido os bens básicos necessários, estragam a vida por não saberem respeitar os seus semelhantes”, afirmou o bispo de Santarém, durante a homilia da celebração da passada quinta-feira, Dia do Corpo de Deus.
O responsável sublinhou que a procissão pública que assinala a celebração do Corpo e Sangue de Cristo, não é cumprimento de simples tradição, mas antes uma “manifestação pública da Fé e adoração”, que mostra ainda “a preocupação pelo mundo e pela sociedade”.
“Pela dimensão espiritual e comunitária que tem a celebração da Eucaristia, os cristãos mais intervenientes na acção litúrgica têm uma especial responsabilidade na missão que assumem. É necessário conhecimento e fidelidade às orientações litúrgicas e espírito de serviço; estamos a servir para tornar presente o próprio Deus no meio do seu povo. Este propósito requer humildade para aprender e gosto por fazer com a melhor perfeição”, indicou.
D. José Traquina assinalou, a partir da experiência das visitas pastorais que realiza às comunidades e paróquias, “a alegria pelo apoio que têm e outros a manifestarem tristeza por não terem assegurada na sua Igreja a celebração da missa todos os domingos”.
“Esta realidade de carência de sacerdotes, leva-nos de novo à recomendação evangélica de que é necessária mais oração pelos actuais e pelos futuros trabalhadores da «seara do Senhor». É necessário também olhar para os jovens a partir do coração de Deus. Estou convencido que Deus continua a chamar e que muitos rapazes seriam felizes nesta vocação e missão. Portanto, rezar e olhar com fé e esperança; em causa está o futuro da Igreja Diocesana e a felicidade de muitas pessoas”, indicou.
O responsável lembrou o caminho de reflexão que a diocese de Santarém realizou para o Sínodo, convocado pelo Papa Francisco, e afirmou o propósito de “aproveitar já” a síntese diocesana para opções pastorais na diocese.
“Para nós a iniciativa do Papa Francisco já serviu para ser promovida uma escuta na diocese na qual participaram cristãos de 54 paróquias, o grupo dos diáconos permanentes e quatro movimentos de cristãos leigos”.
D. José Traquina rejeitou uma “comunhão acomodada de cristãos distanciados”, e pediu disposição de escuta mútua e participação.
No final lembrou ainda “os que testemunham e ensinam na catequese”, e pediu “orações pelos sacerdotes, diáconos, acólitos, leitores e cantores”, bem como pelos grupos Cáritas e grupos sócio caritativos, pessoas que “põem em prática a palavra do Evangelho: «Dai-lhes vós de comer»”.
A diocese de Santarém admitiu “cerca de 20 novos ministros extraordinários da comunhão para o serviço nas paróquias e numa capelania hospitalar”, indica em comunicado.