O Centro Etnográfico Celestino Graça, em Santarém, reabriu as suas portas no sábado, 30 de Novembro, após uma requalificação que devolveu vida e funcionalidade a um dos mais emblemáticos marcos culturais do Ribatejo. Localizado no Campo Infante da Câmara, o Centro Etnográfico é muito mais do que um edifício: é o coração pulsante das tradições ribatejanas, um espaço onde gerações de dançarinos, músicos e entusiastas do folclore têm mantido viva a essência cultural da região. A requalificação, que incluiu a substituição integral do telhado, a renovação do tecto falso e melhorias no pavimento, devolveu não apenas a segurança estrutural, mas também a capacidade de acolher com qualidade as diversas actividades culturais que ali decorrem. Esta obra tornou-se possível graças a um esforço colectivo, envolvendo o apoio da Câmara Municipal de Santarém, da Fundação Inatel e de particulares, sublinhando o impacto da colaboração entre a comunidade e as instituições públicas.

A cerimónia, que reuniu representantes institucionais, membros do grupo e a comunidade local, foi uma oportunidade para celebrar o legado do etnógrafo Celestino Graça, fundador do grupo e figura central na história do folclore nacional. Com discursos que evocaram a importância do centro como símbolo da memória colectiva e da identidade ribatejana, o evento também traçou o caminho para o futuro, com novos projectos e desafios já delineados. Entre estes destaca-se a programação das comemorações do 50.º aniversário da morte de Celestino Graça, a decorrer em 2025, que inclui jornadas etnográficas, espectáculos de dança e uma nova edição do Festival Celestino Graça – A Festa das Artes e das Tradições Populares do Mundo.

O Centro Etnográfico Celestino Graça, em Santarém, viveu um dia de celebração no sábado, 30 de Novembro, com a reinauguração da sua sede após extensas obras de requalificação. Este espaço, que acolhe os Grupos Infantil e Académico de Danças Ribatejanas, é um marco na história cultural do Ribatejo, representando décadas de dedicação à preservação das tradições e da identidade regional.

O evento, que reuniu diversas figuras ligadas à cultura e à política local, contou com intervenções de Ludgero Mendes, presidente do Grupo Académico, João Leite, presidente da Câmara Municipal de Santarém, e Nuno Domingos, vereador da Cultura. A obra, resultado de anos de esforço colectivo, marca o início de uma nova etapa na vida do grupo.

Ludgero Mendes abriu a cerimónia com um discurso emotivo e detalhado sobre os desafios enfrentados ao longo das décadas. “Este edifício, com quase 70 anos, passou por muitas dificuldades. As infiltrações e o desgaste do tempo ameaçavam não só a sua estrutura, mas também o trabalho que aqui realizamos com tanta paixão”, afirmou. A decisão de avançar com a obra, que incluiu a substituição integral do telhado, renovação do tecto falso e melhorias no chão, foi tomada há pouco mais de um ano, apesar das limitações financeiras. Ludgero Mendes destacou o apoio essencial da Câmara Municipal, que concedeu um subsídio extraordinário, bem como o contributo de particulares que contribuíram generosamente para a conclusão dos trabalhos.

O presidente do Grupo Académico sublinhou ainda a importância do espaço na formação cultural e social das novas gerações. “O nosso Grupo Infantil é o alfobre do Grupo Académico. Aqui, crianças que começam a dançar com três anos crescem com o folclore e tornam-se os pilares do futuro”, afirmou. Apesar dos desafios financeiros e logísticos, o responsável mostrou-se confiante na continuidade do legado deixado por Celestino Graça, fundador do grupo.

João Leite, presidente da Câmara Municipal de Santarém, partilhou a emoção de estar num espaço carregado de história e simbolismo. “Este centro é um testemunho da memória colectiva de Santarém. Não é apenas um edifício, mas um lugar onde a nossa identidade cultural é vivida e partilhada”, afirmou. O autarca destacou ainda o impacto do grupo na promoção da cultura ribatejana, referindo o Festival Celestino Graça – A Festa das Artes e das Tradições Populares do Mundo como um exemplo do trabalho incansável realizado pelo grupo. “O Município compromete-se a continuar a apoiar estas iniciativas que colocam Santarém no mapa cultural do país e do mundo”, garantiu.

Nuno Domingos, vereador da Cultura, lembrou, por seu turno, o impacto do Centro Etnográfico na história de Santarém e na vida de várias gerações de ribatejanos. Com um discurso informal, enalteceu a dedicação do grupo e o trabalho realizado para garantir a preservação do espaço. “Este edifício é uma cápsula do tempo. Cada pedra, cada detalhe, carrega memórias que transcendem gerações. Estar aqui hoje é testemunhar o triunfo da resiliência e da paixão pela cultura”, disse.

Honrar o legado e preparar o futuro

A cerimónia não foi apenas uma celebração da obra, mas também uma homenagem ao fundador do grupo, Celestino Graça. A figura do etnógrafo e defensor da cultura ribatejana esteve presente em cada discurso, com Ludgero Mendes a anunciar um extenso programa de actividades para 2025, ano em que se celebra o 50.º aniversário da sua morte. O programa terá início a 9 de Janeiro, data de nascimento de Celestino Graça, e culminará a 24 de Outubro, data da sua morte. Entre as iniciativas estão previstas jornadas etnográficas, o Festival Infantil de Folclore e mais uma edição do Festival Celestino Graça – A Festa das Artes e das Tradições Populares do Mundo.

“O que nos move é a vontade de perpetuar a memória de Celestino Graça, um homem que dedicou a vida à promoção do folclore e à valorização das tradições do Ribatejo. Este programa será uma forma de honrar o seu legado e de reforçar o nosso compromisso com a cultura”, destacou Ludgero Mendes. Entre os desafios futuros, o presidente mencionou a necessidade de elevar o grupo ao estatuto de sócio efectivo da Federação de Folclore Português e a ambição de realizar novas digressões internacionais, incluindo uma participação num festival na República Checa em 2025.

João Leite reforçou o compromisso do município em apoiar o grupo na realização deste programa, prometendo aumentar o apoio financeiro para as celebrações. “Estas iniciativas não são apenas importantes para o grupo, mas para toda a comunidade de Santarém, que se revê neste trabalho e neste legado cultural”, afirmou. O autarca elogiou ainda a capacidade de Ludgero Mendes e da sua equipa em superar obstáculos e em transformar o Centro Etnográfico num espaço vibrante e inclusivo.

No final da cerimónia, Ludgero Mendes deixou um apelo à continuidade e ao envolvimento das novas gerações. “Este grupo é uma família, e é nesta família que encontramos a força para continuar. Os desafios são muitos, mas também são as oportunidades de crescimento e de renovação”, disse. Com quase 30 anos à frente do grupo, o dirigente anunciou que planeia passar o testemunho em breve, deixando o cargo com a convicção de que o futuro está assegurado.

A reinauguração do Centro Etnográfico Celestino Graça marca, assim, o início de uma nova etapa na história do Grupo Académico de Danças Ribatejanas. Com um espaço renovado e um programa ambicioso para os próximos anos, o grupo reafirma o seu compromisso com a preservação e promoção da cultura ribatejana, mantendo viva a memória de Celestino Graça e projectando um futuro para as tradições de Santarém.

A cerimónia de reinauguração da sede, situada no ‘Campo da Feira’, foi antecedida por um momento de profunda simbolismo: o descerramento das fotografias dos novos Sócios Honorários do Grupo Académico de Danças Ribatejanas, Jorge Manuel Monteiro Ribeiro e José Ribeiro Valbom. A homenagem reconheceu o contributo inestimável destes cidadãos para a preservação e promoção da cultura local, destacando o papel de ambos na valorização das tradições e no fortalecimento da identidade cultural ribatejana.

O Grupo Académico de Danças Ribatejanas foi fundado em 1956 pelo etnógrafo Celestino Graça. A sua missão centra-se na recolha, reconstituição e divulgação das tradições folclóricas das diversas sub-regiões do Ribatejo — Lezíria, Bairro e Charneca — respeitando fielmente as suas particularidades em termos de trajes, danças e repertório musical. 

Desde a sua criação, o grupo tem mantido uma atividade contínua e dinâmica, representando o folclore ribatejano em todo o território nacional, participando em festas, romarias e festivais de folclore de renome. A nível internacional, já realizou mais de 50 digressões por 25 países, incluindo Angola, Brasil, Israel, Estados Unidos da América e diversas nações europeias. 

Em homenagem ao seu fundador, o grupo organiza anualmente o Festival Celestino Graça em Santarém, evento que, ao longo dos anos, se consolidou como um dos mais prestigiados no panorama folclórico nacional e internacional. 

Ao longo das décadas, o Grupo Académico de Danças Ribatejanas tem desempenhado um papel crucial na preservação e promoção da cultura tradicional ribatejana, assegurando a transmissão deste património às gerações vindouras. A sua dedicação e excelência têm sido reconhecidas tanto a nível nacional como internacional, reforçando a sua posição como embaixador da cultura ribatejana.

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