O Museu do Aljube Resistência e Liberdade apresenta uma mostra biobibliográfica dedicada ao escritor Bernardo Santareno, que vai estar patente de 18 de Junho a 02 de Agosto, no ano em que se assinala o centenário do dramaturgo.

A exposição do Museu do Aljube, integrada no ciclo “Intelectuais e Artistas da Resistência”, também pode ser vista ‘online’, através das páginas da instituição no Facebook e no Youtube, anunciou o museu, em comunicado, que se associa, assim, às comemorações do centenário do nascimento de Bernardo Santareno (19 de Novembro de 1920).

“Português, escritor, resistente. 100 anos” é o nome da mostra que reúne “alguns dos momentos mais importantes da vida e obra de um dos maiores dramaturgos portugueses, em constante desafio ao Estado Novo, à censura, à moralidade e ordem instaladas”, acrescenta a apresentação da exposição, numa referência ao peso da ditadura na sociedade portuguesa.

Os organizadores da mostra recordam que, paralelamente, está também patente, até ao dia 30 de Agosto, a mostra “Jaime Cortesão – Cidadão, Patriota, Resistente”, na sala de exposições temporárias do museu, no antigo parlatório da cadeia do Aljube.

As comemorações do centenário de Bernardo Santareno começaram no dia 18 de Janeiro, em Lisboa, com um colóquio na Fundação Calouste Gulbenkian, subordinado ao tema “É no Homem, nas suas urgentes e sangrentas ansiedades, que está a raiz da actual criação dramática”.

Ao longo do ano são várias as iniciativas previstas para celebrar os cem anos daquele que é tido como um dos maiores dramaturgos portugueses do século XX.

Outras actividades estão programadas, sendo um dos pontos altos a estreia prevista da peça “O Pecado de João Agonia”, com encenação de Fernanda Lapa, no Teatro da Trindade, a 19 de Novembro, dia em que passam cem anos sobre o nascimento do dramaturgo.

A exibição de filmes e documentários, exposições, edições e reedições da obra de Bernardo Santareno são outras iniciativas que fazem parte do leque de ofertas culturais que, ao longo do ano, vão homenagear o dramaturgo.

Nascido António Martinho do Rosário, em Santarém, formou-se em Medicina e especializou-se em psiquiatria, mas foi com o pseudónimo literário Bernardo Santareno que se tornou conhecido fora dos consultórios onde trabalhou. Morreu a 29 de Agosto de 1980, com 59 anos.

“A Promessa”, adaptada ao cinema por António de Macedo (longa-metragem seleccionada para o Festival de Cannes), “O Lugre”, “O Crime da Aldeia Velha”, “António Marinheiro ou o Édipo de Alfama”, “O Pecado de João Agonia”, “O Judeu”, “A Traição do Padre Martinho” e “Português, Escritor, 45 Anos de Idade” são algumas das peças de Bernardo Santareno, que se destacaram nos palcos.

O autor também escreveu poesia (“A Morte na Raiz”, “Romances do Mar”, “Os Olhos da Víbora”) e relatos de viagens, nomeadamente em “Nos Mares do Fim do Mundo”, onde testemunha a saga dos pescadores da antiga frota bacalhoeira portuguesa, contrariando a visão pacífica, oficial, divulgada pela ditadura, das condições de trabalho e da pesca.

Bernardo Santareno foi um dos médicos que acompanhou as longas campanhas, realizadas no final dos anos de 1950, integrado na equipa do navio hospital Gil Eannes e nos arrastões Senhora do Mar e David Melgueiro, onde testemunhou as precárias condições de higiene, de salubridade e as jornadas de trabalho, muitas vezes ininterruptas, de dezenas de horas, a que os pescadores, parcamente pagos, eram sujeitos.

No passado mês de Janeiro, o Teatro do Noroeste pôs em cena, em Viana do Castelo, o espectáculo comunitário “Gil Santareno Eannes”, a bordo do navio hospital, para “celebrar” a ligação do médico e dramaturgo português à embarcação, envolvendo mais de 40 actores amadores, com idades entre os 12 e os 88 anos, que participaram nas oficinas da companhia.

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