O Festival Internacional de Cinema de Santarém (FICS) vai ter a sua 17ª edição entre os dias 15 e 19 de Maio. Este ano, a organização vai alargar o seu raio de acção, estendendo o seu projecto educativo aos concelhos de Alpiarça e Almeirim.

Mantendo o seu carácter rural, ambiental e agrícola, em linha com as suas origens, o festival vai contar, nesta edição, com uma série de obras cinematográficas que retratam a luta e a resistência de diversos povos indígenas contra as alterações climáticas, numa programação que percorre diversas regiões e latitudes desde a Amazónia, passando pelo Nepal, até à Indonésia.

Segundo a co-diretora do festival, Rita Correia, continuam a “existir seres humanos que vivem em completa sintonia com a natureza e que estão efectivamente ameaçados pelas alterações climáticas”, referindo que, nos últimos anos, tem surgido uma vasta “produção contemporânea sobre estes povos”.

Por essa razão, os responsáveis decidiram, na edição deste ano, “dar destaque a estas lutas” e “explorar estas temáticas”, num festival “caracterizado pela sua forte índole ambiental”.

Para além desta vertente, o festival, de acordo com o codiretor Francisco Noras, pretende ainda mobilizar o público mais jovem em torno do cinema, com sessões de curtas-metragens, ‘workshops’ e atividades educativas destinadas às crianças.

O festival apresenta também uma secção competitiva destinada à produção nacional e internacional, na qual os melhores filmes, selecionados pelo júri, vão ter a oportunidade de receber um prémio monetário de 1200 euros.

Vão ser também organizados diversas conversas e debates, com a presença de vários convidados, sobre filmes que, segundo os responsáveis, pretendem “provocar e suscitar debate”.

À semelhança do que aconteceu no ano passado, o festival continua com a rubrica “Cinema à mesa”, onde um chefe da região vai ser desafiado a criar um menu de degustação a partir de um filme, com o objetivo de ligar “o cinema à gastronomia”.

Estão igualmente previstas actividades paralelas como ‘workshops’, conversas, debates e uma exposição dedicada à história do festival, patente no Teatro Sá da Bandeira.

Este ano a programação é composta por 240 filmes de 47 países, o que representa um aumento em relação ao ano passado, no número de filmes e países. Segundo Francisco Noras, estes números demonstram que a “qualidade do festival está a aumentar e representam um crescimento sustentável (…), num evento que, embora sendo temático, tem uma oferta que pode chamar a atenção de pessoas fora da região”.

A edição do ano passado mobilizou cerca de 1000 pessoas, número que os responsáveis esperam ultrapassar: as projecções que temos é que vamos aumentar o número de espectadores. No ano passado não tínhamos comunicação nenhuma, não tínhamos presença nas redes sociais, mas o crescimento ao longo deste ano foi muito grande e estamos certos de que vamos atrair mais público”, referiu Rita Correia.

O painel de júris, que ainda carece de algumas confirmações, até agora é constituído pela realizadora francesa, vencedora do filme internacional na edição do ano passado, Coco Tassel, pela activista e ‘blogger’ Joana Guerra Tadeu e pelo director artístico d’O Espaço do Tempo, Pedro Barreiro.

O Festival Internacional de Cinema de Santarém (FICS) nasceu em 1971, fruto da vontade de vários apaixonados pelo cinema em trazer os melhores filmes nacionais e internacionais à cidade, dando um importante e necessário impulso à vida cultural da região. Até 1989, o FICS apresentou uma programação de obras com grande qualidade artística que exploravam as temáticas agrícola, rural e ambiental.

Passados mais de trinta anos e agora no século XXI, e um momento de profunda crise ambiental à escala global, o FICS volta a surgir com um novo fôlego, mas mantendo a matriz inicial, continuando a construir um espaço de diálogo entre agricultores, investigadores, ambientalistas, cientistas, cineastas e artistas.

O FICS pretende, assim, ser um Festival que assume a responsabilidade pelas questões ambientais, económicas e sociais, fazendo a sua parte para ajudar as gerações futuras a ter um lugar para viver (e ver filmes).

“Queremos trazer uma energia transformadora para a cidade de Santarém, pela descentralização do acesso à cultura, pela cidadania participativa, pelo ensino através da arte e em comunidade, pela sustentabilidade ecológica e pela valorização do território”, assinala a organização.

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