O escritor moçambicano Mia Couto, um dos nomes maiores da literatura lusófona contemporânea, vai ser a figura de destaque da edição deste ano do Bibliotecando em Tomar, que decorre a 16 e 17 de Maio, e onde será homenageado e a sua obra analisada e interpretada por especialistas e leitores. Antes ainda, na quinta-feira, dia 15, o autor vai ter dois encontros com os seus leitores na Biblioteca Municipal: às 15 horas para os alunos das escolas do concelho e às 21 para o público em geral. Estas sessões têm entrada livre, sendo as do Bibliotecando sujeitas a inscrição prévia em www.bibliotecandoemtomar.ipt.pt , onde pode ser consultado todo o programa.
A 15.ª edição deste festival literário, que decorre igualmente na Biblioteca Municipal António Cartaxo da Fonseca, tendo como presidente da Comissão de Honra Guilherme d’Oliveira Martins e como tema norteador dos debates «Centros e Periferias: Um diálogo necessário», resulta de uma parceria entre os Agrupamentos de Escolas Templários e Nuno de Santa Maria, o Município de Tomar, o Centro de Formação “Os Templários”, o Centro Nacional de Cultura, o Instituto Politécnico de Tomar e a Rede de Bibliotecas Escolares.
Acerca do tema e se a dimensão espacial é aquela que desde logo se apresenta como definidora, trazendo imagens de um lugar nevrálgico e das realidades outras que à sua volta se criam, o binómio centro-periferia convoca outros e diferenciados espaços de discussão em torno de questões sociais, políticas, económicas, culturais, urbanísticas. De que falamos quando utilizamos os termos centro e periferia? Que conotações estão agregadas ao binómio? Quais as traduções destes conceitos nos vários domínios do saber? Qual o lugar da memória coletiva na tradução de centro e periferia ao longo dos tempos?
Ao longo dos dois dias do Bibliotecando em Tomar, procurar-se-á responder a estas questões, em viagens mediadas por ilustres oradores, que ajudarão a pensar os conceitos de centro e periferia em diferentes áreas de saber, guiados por uma reflexão do próprio Mia Couto: «Não existe alternativa: a globalização começou com o primeiro homem. (…) O que podemos fazer, nos dias de hoje, é responder à globalização desumanizaMnte com uma outra globalização, feita à nossa maneira e com os nossos propósitos. Não tanto para contrapor. Mas para criar um mundo plural em que todos possam mundializar e ser mundializados. Sem hegemonia, sem dominação. Um mundo que escuta as vozes diversas, em que todos são, em simultâneo, centro e periferia. Só há um caminho. Que não é o da imposição. Mas o da sedução.»