A Comissão Distrital da Proteção Civil de Santarém vai reunir-se com a Agência Portuguesa do Ambiente por causa da situação de seca e para preparar a próxima época de incêndios.

Anabela Freitas, que preside também à Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo e à Câmara Municipal de Tomar, disse à Lusa que, na reunião, poderá ser decidido o lançamento de uma campanha de sensibilização para o uso da água e que os autarcas e as estruturas da proteção civil distrital querem também preparar já a época de incêndios.

Segundo a autarca, a Comissão Distrital da Proteção Civil solicitou a reunião à Agência Portuguesa do Ambiente (APA) para saber como estão os níveis de armazenamento de água na barragem de Castelo do Bode e analisar, não só a questão da seca, como também outras relacionadas com o ordenamento do território.

Na reunião, que acontecerá depois da que está agendada para segunda-feira (com municípios que têm captações de água, APA, EPAL e EDP), a Comissão Distrital da Proteção Civil quer, nomeadamente, “aferir” com a Agência Portuguesa do Ambiente os locais onde os meios aéreos pesados podem abastecer na albufeira, situação crítica num território muito afectado pelos incêndios.

“Este território é muito sujeito a incêndios e os meios aéreos abastecem sempre na albufeira de Castelo do Bode”, disse, salientando ser assim não só para ocorrências no distrito Santarém, mas também nos de Castelo Branco e Portalegre.

“Precisamos garantir que os locais sinalizados pela Proteção Civil como de abastecimento de água para meios aéreos pesados continuam a reunir as condições para que possa ser feito o abastecimento”, acrescentou, salientando a necessidade de preparar “com antecedência” a época de incêndios, sobretudo num ano em que o país está a viver um episódio de seca severa.

Para a autarca, além da questão dos impactos da produção hidroeléctrica nos níveis de água em Castelo do Bode, é necessário dar particular atenção ao ordenamento do território, advertindo para o facto de a actual legislação não permitir aos municípios limitarem a plantação de eucaliptos no seu território, espécie que “consome muita água”, situação que “deveria estar a ser avaliada”.

“As alterações climáticas existem, mas tem de ser tomado um conjunto de medidas a montante, que não se prendem só com a produção de energia, mas também com um conjunto de outros sectores. Tem de ser avaliado que medidas é que se podem tomar”, declarou.

Anabela Freitas afirmou estar a acompanhar as declarações do Ministério do Ambiente sobre eventuais impactos do encerramento da unidade a carvão da Central do Pego, em Novembro de 2021, sublinhando a informação da inexistência de qualquer relação directa com a produção hidroeléctrica em Castelo do Bode.

Sobre o leilão para instalação de painéis fotovoltaicos flutuantes na albufeira, Anabela Freitas afirmou que, consoante a tecnologia usada, o eventual investidor, que terá de apresentar o respectivo estudo de impacto ambiental, poderá ocupar até 60 hectares, sendo que os espaços validados pela APA se situam em braços de rio para “não colidir” com a utilização de recreio e turismo, nem com o abastecimento para os meios aéreos.

“Vai permitir os corredores para os barcos turísticos continuarem a operar e não vai colidir com as praias fluviais nem com os corredores de abastecimento dos meios aéreos”, declarou.

A albufeira de Castelo do Bode, com uma área total de 3.291 hectares, “além de ser a maior massa de água para abastecimento para consumo humano, também é importante para questões da Proteção Civil e para o dinamismo económico” ali existente, com impacto na região, em particular nos cinco concelhos que abrange [Tomar, Abrantes, Sardoal e Ferreira do Zêzere], acrescentou.

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