‘O Balão Vermelho’ marca a estreia literária de Manuela Conceição Farinha. Nascida em Paris a 5 de Novembro de 1973, filha de pais emigrantes, regressa a Portugal para prosseguir os seus estudos e licencia-se, no Instituto Politécnico de Castelo Branco, no curso de Professores do Ensino Básico variante de Português/Inglês. Inicia as suas funções de docente do 2º ciclo em 1995 e, actualmente, lecciona as disciplinas de Português e Inglês na Escola Básica Alexandre Herculano, em Santarém, fazendo parte do Quadro do Agrupamento. Foi autora de manuais de Língua Inglesa para os 1º e 2º ciclos durante mais de dez anos, o que lhe permitiu dinamizar workshops direccionados para o ensino da Língua Inglesa por todo o país. Actualmente, escreve e coordena Projectos Erasmus a par da actividade lectiva.

Em que altura da sua vida descobriu a vocação para a escrita?
Desde muito cedo, frequentava o primeiro ciclo e já gostava de escrever. Lembro-me do armário antigo cheio de livros, na sala da minha escola primária, e do dia em que podíamos requisitar os livros para os levarmos para casa e ler. Lia por prazer, aprendia a formalidade da escrita e divertia-me a escrever. Para mim, era passar todas as aventuras que aconteciam na minha cabeça para o papel. A partir daí, a escrita passou a fazer parte de mim.

Como é o seu processo criativo?
Penso no início da história, que acaba por ser influenciada por algo que vi, que li ou que vivi; depois, as primeiras linhas não são fáceis. Dou por mim, muitas vezes, a escrever e a apagar mas, entre avanços e recuos, assim que gosto das personagens, imagino-me a viver as suas aventuras e a escrita flui. Vou escrevendo, vou relendo o que já escrevi e, muitas vezes, apagando e voltando a escrever uma parte ou outra.

O que inspirou esta sua obra ‘O Balão Vermelho’?
Escrevi esta história para, inicialmente, participar num concurso literário (quem me conhece sabe que adoro desafios!) e resolvi inspirar-me na juventude da minha filha, daí a ter tornado a personagem principal! Depois, foi um condensar de pequenos aspectos que, na minha cabeça, faziam todo o sentido. No fundo, fui juntando a criatividade à realidade e resultou numa história divertida que apela à amizade e à entreajuda. O grafismo das personagens foi discutido com o ilustrador, João Maria Ferreira, que soube imprimir o seu talento artístico àquilo que eu tinha imaginado.

O que representa para si a escrita e, em particular, a escrita para crianças?
Sendo professora de Português, gosto imenso da escrita para crianças e da forma como as pode fazer sonhar. Na minha opinião, é cada vez mais importante que existam bons livros destinados às crianças que lhes agucem a curiosidade, a criatividade e a imaginação. Noto que, cada vez mais, as nossas crianças têm dificuldade em sonhar, em orientar-se num processo criativo de escrita; o nosso mundo tecnológico dá-lhes demasiada repetição e poucas oportunidades para poderem criar os seus mundos de fantasia.

Tem algum tema predominante nos seus livros?
Não. Embora esta seja a primeira obra publicada no campo da literatura infantil, tenho outros textos na gaveta que não seguem um tema predominante. Quando me surgem as ideias, e muitas vezes não me surgiram em frente ao computador, apareceram num qualquer outro momento, tento registá-las e, mais tarde, ver o que consigo desenvolver a partir daí. No caso desta obra, já tinha registado, há algum tempo antes de a escrever, o apontamento “A gaivota Janota” que acabou por ser uma personagem fundamental nesta história.

Que livros é que a influenciaram como escritor?
As obras de Luís Sepúlveda, principalmente “História de uma Gaivota e do Gato Que a Ensinou a Voar”, bem como a escrita de Gabriel García Márquez.

Considera que um livro pode mudar uma vida?
Claro que pode. Um livro pode fazer-nos sonhar, pode levar-nos a pensar de outra forma, pode abrir-nos outras perspectivas. Um livro dá-nos a conhecer vários mundos, leva-nos a sermos pessoas diferentes.

Tem outros projectos em carteira que gostaria de dar à estampa?
Tenho um em particular que dará vida a outro personagem no mundo da literatura infantil que gostaria de fazer crescer.

Um título para o livro da sua vida?
Uma obra de Gabriel García Márquez “Cem Anos de Solidão”.

Viagem?
A Nova Iorque.

Música?
Estilo pop.

Quais os seus hobbies preferidos?
Pintar retratos e escrever.

Se pudesse alterar um facto da história qual escolheria?
Da nossa história mais recente, o aparecimento do Covid 19.

Se um dia tivesse de entrar num filme que género preferiria?
Ficção científica.

O que mais aprecia nas pessoas?
A capacidade de se dedicarem de forma desinteressada aos outros.

O que mais detesta nelas?
A mentira.

Acordo ortográfico. Sim ou não?
Sim.

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