À medida que as regiões e municípios presentes na primeira edição do festival nos iam dando conta das ementas que pretendiam servir nas tasquinhas, fomos ficando com um quadro da diversidade de oferta que o festival poderia oferecer, mas também das lacunas que se iriam observar.

Foi assim que percebemos que no conjunto diversificado de oferta disponível, não constava nem café, nem doces. Havia que encontrar uma solução.

Quanto ao café, fomos desafiar os Bombeiros da cidade para a prestação desse serviço, recolhendo a receita para si; e, quanto aos doces, depois de falharem alguns convites aos estabelecimentos da cidade, o recurso foi inventar uma depois designada “Tasquinha do Turismo”, que os disponibilizava.

Para esta última, a aposta foi conseguir uma oferta representativa da doçaria da região, pelo que, com a ajuda dos municípios do distrito, conseguimos estabelecer contatos com os principais doceiros e garantir uma oferta representativa do ribatejo.

Assim, desde as Tigeladas de Abrantes, até aos Barretes de Salvaterra de Magos, não faltando os Celestes de Santa Clara e os Arrepiados de Almoster, as Fatias de Tomar, as Trouxas de Ovos da Chamusca, etc. a oferta era rica e variada.

Para tanto, uma viatura do município percorria o distrito várias vezes por semana, para recolher os doces que a referida tasquinha disponibilizava.

E vai de costurar cortinas para o móvel dos doces, camilhas para umas mesas redondas que se conseguiram, louça e outros artefactos da magnífica Olaria de São Domingos, do artesão Zeferino Bonito para decoração.

Foi um sucesso, funcionou muito bem e cumpriu a missão de garantir uma oferta necessária e que não tínhamos conseguido disponibilizar de outra forma.

No entanto, a verdade é que o modelo não era sustentável e o município não o poderia manter. Havia, pois, que encontrar alternativas.

De resto, logo após a primeira edição do festival, também os Bombeiros que tinham sido surpreendidos pela intensidade do trabalho que o festival tinha imposto se manifestaram indisponíveis para repetir a experiência.

Em boa verdade, a solução para a doçaria haveria de manter-se ainda mais um ano, embora, na segunda edição com forte apoio dos municípios do distrito, que nos haveriam de garantir o fornecimento e transporte dos doces das suas terras e, guardei para o fim a história mais interessante, a de como se organizou a tasquinha do café.

Quando após a primeira edição o festival se discutia quem haveríamos de convidar para cumprir este desígnio, pois mais uma vez as pastelarias da cidade se tinham manifestado indisponíveis para o fazer, lembrei-me que no município, havia uma colega que sempre dedicava os seus tempos livres, com gosto, a trabalhar voluntariamente no bar dos serviços municipais, gerido pela associação de trabalhadores a cuja direção pertencia. Era a Ilda Guerra e sugeri o seu nome. Todos concordaram, mas o Alfredo Pinheiro, funcionário experiente e conhecedor opinou: – Não sei é se o António João, (o marido) estará de acordo! Na altura, o Eng.º Francisco Jerónimo que estava presente e era chefe do António João respondeu: – Eu falo com ele!

E assim foi. Havia, no entanto, que acautelar o assunto com o Presidente Botas, pois a Ilda trabalhava no serviço de contabilidade e era uma semana em que teria que estar ausente. O Presidente Botas concordou e, no dia seguinte, lá estávamos todos no seu gabinete para formalizar o convite à Ilda, que embora sabendo o que se passava, estava um pouco em pânico pois nada havia para montar a referida tasquinha.

Foi então que nos valeu, mais uma vez o Presidente Botas, pois tinha conhecido havia pouco tempo o seu homologo de Campo Maior, de seu nome Manuel Rui Azinhais Nabeiro, telefonou-lhe e conseguiu o empréstimo de uma máquina, moinho e até o fornecimento do preciso café Delta.

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