A Adega Cooperativa do Cartaxo, ao alcançar os seus 70 anos de atividade, destaca-se pela longevidade, saúde financeira e dinamismo na produção de vinhos premiados, tanto a nível nacional como internacional. Sendo o segundo maior produtor na região dos Vinhos do Tejo e o primeiro na sub-região Cartaxo, a Adega tem enfrentado inúmeros desafios, que tem ultrapassado com firmeza e tenacidade.

Com um investimento de aproximadamente 16 milhões de euros nas últimas duas décadas, focado na modernização e sustentabilidade, a Adega do Cartaxo mantém-se competitiva, em crescimento e com olhos postos no futuro.

Como avaliam o percurso da Adega do Cartaxo ao atingir este ano a marca histórica de 70 anos de atividade?

Muito positivo. Somos uma empresa com longevidade, saúde financeira e grande dinamismo no que toca a produtos, bastante premiados e presentes no mercado nacional (74%) e internacional (26%). Produzimos cerca de uma centena de referências, sob as marcas âncora – Bridão, Coudel Mor, CTX, Desalmado, Detalhe, Encostas do Bairro, Marquês d’Algares, Plexus, Tá de Pé, Terras de Cartaxo e Xairel – e outras apenas destinadas à exportação. Somos o 2.º maior produtor da região dos Vinhos do Tejo, sendo o primeiro da sub-região Cartaxo.

Quais foram os principais desafios enfrentados ao longo destas sete décadas  e como é que a Adega os superou para se tornar numa referência na produção de vinho na região do Tejo?

Até aos anos 70/80, a região – e também a Adega – atravessou um período menos positivo, associado ao valor e falta de notoriedade dos seus vinhos.

Nos anos 1989/90 deram-se os primeiros passos na modernização, ao nível da vinificação e do engarrafamento. Um movimento acompanhado no campo, com a reestruturação das vinhas. A Adega sempre fez uma gestão de contas bastante prudente – e até conservadora –, com vista a nunca comprometer os seus compromissos com terceiros. A partir de 2005/2006, foi praticando uma gestão orientada para o mercado, para os vinhos engarrafados e embalados e, consequentemente, para a qualidade, diversificação e diferenciação, tendo como objetivo criar valor acrescentado.

Assim, o volume de negócios foi crescendo e a sua gestão económica e financeira foi ficando mais sólida e sustentável. Em 2008, redefiniu a sua política de internacionalização e, em 2010, apostou em gamas média-altas, que representam 25% dos vinhos engarrafados. Em 2023, o volume de negócios foi de 10,65 milhões de euros.

Que mudanças significativas ocorreram no que diz respeito à modernização tecnológica e à expansão do negócio?

O ano de 2004 foi de grande viragem; com 50 anos de experiência, a Adega assumiu uma visão mais estratégica do negócio. Houve declarada necessidade de investir na modernização da área produtiva: renovação tecnológica, ao nível da vinificação, como o investimento em novos equipamentos de recepção e vinificação com controlo de temperatura, e do engarrafamento, com uma nova linha, já com um nível de automatismos incorporados muito elevado. A nível ambiental, a construção de uma ETAR.

Isto permitiu um aumento da capacidade de resposta e, por conseguinte, a grande melhoria dos vinhos. Nos últimos 20 anos investiram-se cerca de 16 milhões de euros, essencialmente na vertente tecnológica e ambiental.

Considerando o actual panorama do mercado vitivinícola, quais são as estratégias adoptadas pela adega para se manter competitiva e continuar a crescer?

Uma aposta em boas práticas de sustentabilidade, que ainda este ano vão reconhecidas pelo Referencial Nacional de Certificação de Sustentabilidade do Sector Vitivinícola, criado pelo Instituto da Vinha e do Vinho (IVV) e promovido pela ViniPortugal, o que permitirá um reconhecimento a nível nacional e internacional, cada vez mais valorizado por alguns mercados. Nota ainda para a certificação com a ISO 22000. A Adega tem o compromisso com a qualidade, estando apostada em valorizar cada vez mais a matéria-prima, aumentado a criação de valor para os vinhos. Está, por isso, pensada a construção de uma adega de microvinificação – muito importante para a constante aposta na Investigação & Desenvolvimento –, que se soma a um armazém para produto acabado e materiais secos.

Como é que a Adega do Cartaxo está a planear celebrar este marco de 70 anos?

Vamos fazer vários eventos, mas como produtor de vinhos que somos, assinalámos a efeméride com um vinho comemorativo.

O Adega do Cartaxo 70 Anos – Edição Comemorativa (1954-2024) é um tinto especial, que resulta de um blend das melhores barricas da colheita de 2015 – com estágio de 12 meses em carvalho francês –, selecionadas pelo enólogo Pedro Gil de entre as que se destinavam aos vinhos Desalmado, Bridão Reserva, Bridão Private Collection, Bridão Alicante Bouschet, Bridão Touriga Nacional e Bridão Trincadeira. Um vinho elegante e complexo, que enaltece o terroir do Cartaxo, sub-região situada na zona do Bairro, a norte do rio Tejo. Dedicação à terra e perícia na arte de fazer vinho, numa edição limitada a 1954 garrafas, com um preço de €70,00.

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