Aos 18 anos, Eduardo Branco desdobra-se em múltiplos interesses: é um apaixonado pelo teatro, e um entusiasta dos caminhos-de-ferro, um gosto que herdou do avô que, frequentemente, o levava à Estação Ferroviária de Santarém onde passava as tardes a ver comboios.

Como é que surgiu o gosto pelo teatro?
O gosto pelo teatro surgiu quando eu andava no 2º Ciclo e havia aquelas festas escolares como o Natal, Corta Mato e o Encerramento do ano lectivo e os alunos do Curso Profissional de Artes do Espectáculo iam fazer apresentações dos seus projectos e foi nessa altura que comecei a ter o gosto pelo teatro.

Quando é que percebeu que o caminho seria ser actor?
Foi nessa mesma altura quando também comecei a ter o gosto pelo teatro. Porém eu hoje ainda não tenho a certeza se quero ser actor no futuro, porque eu também gosto muito da parte da encenação e da parte técnica (luz e som). Por isso é uma decisão ainda a tomar.

Em que peças e espectáculos já participou?
Algumas. Mas saliento uma que marcou até agora o meu percurso no teatro. Foi realizada em Setembro de 2019 e chamava-se “Abu Zacaria, o último alcaide de Santarém” foi escrita por José Fernando Gomes e encenada por Paula Nunes. Essa mesma peça foi muito marcante porque eu gosto muito de história e desconhecia o assunto que era abordado na peça.

Está a assinalar-se o Centenário de Bernardo Santareno. Na sua perspectiva, que importância é que ele teve para o Teatro?
Bem, eu posso dizer que sempre gostei muito da obra de Santareno, além disso este ano estou a trabalhar no “O Bailarino”, peça de Bernardo Santareno publicada em 1957. Até agora posso dizer que está a ser um desafio. Será apresentada em Novembro pelo Centro Dramático Bernardo Santareno. Para mim Bernardo Santareno tem uma enorme importância no teatro porque praticamente todas as suas peças são naturalistas e realistas e abordam assuntos actuais como é o caso da discriminação e o direito à diferença.

Na sua opinião, para onde vai o teatro português?
Para mim o teatro português tem um pouco falta de divulgação, o que eu quero dizer com isso é que uma grande parte das pessoas desconhece as obras dos grandes dramaturgos portugueses. No meu caso eu em toda a minha vida sempre tinha ouvido falar em Bernardo Santareno mas desconhecia a sua obra, no entanto só quando fui para o teatro é comecei a ler algumas das suas peças mais importantes.

O Eduardo é também um entusiasta dos caminhos-de-ferro. Como é que explica esta paixão?
Essa paixão começa quando eu tinha um ano de idade e o meu avô levava-me à Estação Ferroviária de Santarém onde passávamos as tardes a ver comboios. Isto foi acontecendo durante alguns anos, até eu entrar para a primária. Por causa disso essa paixão ficou suspensa… Quando eu tinha 15 anos conheci um ex-advogado da REFER que ainda hoje é o grande “amigo dos comboios”, que me foi explicando coisas sobre a história dos comboios, a técnica, as linhas… E eu comecei-me a interessar por tudo aquilo cada vez mais, até me tornar entusiasta e criar uma página só dedicada aos caminhos de ferro.

Tem uma página nas redes sociais dedicada ao tema. Como surgiu e o que é que os seguidores podem ver?
A página surgiu porque eu sempre que via comboios parados ou a passar sem paragem nas estações fotografava ou filmava. Até que o meu “amigo dos comboios” disse que eu podia partilhar aquilo na internet pois os outros entusiastas também iriam gostar de ver, por isso eu entrei para vários grupos de entusiastas do caminho de ferro e criei a página e chamei-lhe “Portugal Por Comboios”. Os seguidores podem encontrar a página no Instagram ou no Facebook (ainda em desenvolvimento) e poderão encontrar fotos e vídeos de locomotivas, automotoras, entroncamentos de linhas… Também podem acompanhar as formações e as manobras em diversas estações.

Está novamente em discussão o TGV e a Variante à linha do Norte em Santarém. Qual é a sua opinião sobre este tema?
Bem a minha opinião sobre este tema é que Portugal não necessita de uma linha de alta velocidade entre Lisboa e o Porto mas sim entre Lisboa e Espanha, porque actualmente existe apenas duas fronteiras ferroviárias de passageiros com Espanha (Tuy e Badajoz) que se fazem com comboios regionais. Um entre o Entroncamento e Badajoz que dura 3 horas e 10 minutos e outro entre Porto-Campanhã e Vigo que dura 2h e 22 minutos. Por isso a meu ver é necessário a tal linha de alta velocidade entre Lisboa e Espanha. Quanto à variante à Linha Norte em Santarém eu acho necessário, a solução que eu acho que seria a melhor era fazer uma estação subterrânea como fizeram com a estação de Espinho, isso seria mais acessível á população.

Que projectos têm no futuro?
Criar uma associação regional de entusiastas do caminho-de-ferro e escrever um livro que relate as histórias de pessoas que trabalharam na ferrovia.

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