O Município de Santarém vai promove desde sexta-feira, 21 de Outubro até 1 de Novembro, a 41ª edição do Festival Nacional de Gastronomia (FNG), o festival mais antigo do país, distinguido este ano pela AHRESP com o prémio Evento do Ano.

São 41 anos do melhor, mais amplo e mais antigo Festival Gastronómico Português que se comemoram ao longo de 12 dias de festa na Casa do Campino, com uma programação rica que inclui momentos de animação, de formação e consciencialização para os temas da actualidade gastronómica e claro, momentos daquilo que move os visitantes: a degustação da boa mesa regional de todo o país.

João Leite, vice-presidente da Câmara de Santarém, detém os pelouros do Turismo e Grandes Eventos e é o rosto deste festival que, este ano, tem como mote: “tradição com uma pitada de futuro”.

Nesta entrevista ao Correio do Ribatejo João Leite destaca “várias novidades” na edição deste ano do FNG, como o regresso de um espaço dedicado aos petiscos, “que está na génese e origem do festival”, com a presença de “24 chefes representativos de todo o território nacional, que, ao longo dos 12 dias, vão colocar à disposição dos visitantes vários petiscos a um preço até 6 euros”.

Quais as expectativas para o Festival deste ano?

Dar a provar Portugal num só evento é a base desta edição que pretende chegar a todos os públicos. A tradição vai estar de mãos dadas com a modernidade, e as várias novidades do evento vão surpreender todos quantos visitarem de 21 de Outubro a 1 de Novembro a nossa Capital do Ribatejo, as expectativas estão, desta forma, muito elevadas.

Qual o prato forte do FNG deste ano? Qual foi a ideia que esteve subjacente a esta edição?

Esta edição tem várias novidades. Destaco a área de petiscos onde os visitantes podem provar petiscos de 24 chefs e cozinheiros representativos das diversas regiões, ao longo de todo o festival e oriundos de restaurantes conhecidos de todos nós.  qui pretendemos recuperar o ambiente das tasquinhas de petiscos, algo que a maioria dos portugueses tanto aprecia, e que durante muitos anos fez parte da identidade do Festival. Ao mesmo tempo que se recupera a tradição, provam-se os produtos mais emblemáticos e representativos das regiões de Portugal.

Outro destaque vai para os cinco jantares exclusivos com chefs de restaurantes com estrela Michelin ou Bib Gourmand que irão realizar-se durante o festival, onde os chefs foram desafiados a criar um menu com inspiração nas suas regiões de origem, com ‘pairing’ de vinhos e produtores da mesma região.

Nesta edição destacamos, de forma geral, o espaço dedicado à hotelaria, a restauração (com a presença de chefs), a garrafeira, os workshops de mixologia, as masterclasses com chefs nacionais, os fóruns e debates, um espaço dedicado a harmonizações com vinhos e produtos emblemáticos de cada região, a animação musical, o artesanato, a padaria será outro ponto de destaque do nosso festival, onde será feito todo o pão regional do evento.

A doçaria Portuguesa irá ter uma presença forte assim como os Produtos Regionais, não esquecendo os artesãos que, ao vivo farão, juntamente com cerca de 35 representantes Etnográficos (Ranchos, Cantares entre Outros) com que o nosso Festival seja, mais uma vez, o melhor e maior Festival de Gastronomia em Portugal.

Todos estes momentos altos vão caracterizar e distinguir o Festival Nacional de Gastronomia de forma única.

 A palavra ‘Nacional’ neste Festival tem sido devidamente valorizada?

Sim, e a prova esta na dinâmica existente nesta edição com o envolvimento de diversos patrocinadores e parceiros com dimensão nacional e internacional. Só um evento com dimensão nacional consegue reunir parceiros como a Repsol, Confagri, Caixa de Crédito Agrícola, Makro, Delta, Super Bock, Teka, Vista Alegre, Sakata, Panidor, entre muitos outros exemplos.

Teremos representado o país de norte a sul e ilhas, integrando diferentes componentes: da gastronomia e restauração aos produtos regionais, à doçaria e à etnografia. O desafio de ter Portugal, e a sua diversidade, presentes neste evento é enorme pelo que procurámos ter uma boa representatividade do que é o país na sua rica e vasta gastronomia, revestindo o evento de total dimensão Nacional.

Há dois anos, o evento foi considerado um dos 25 melhores festivais gastronómicos da Europa, o que deriva da sua antiguidade, representatividade e do papel histórico na valorização da gastronomia, aliado à sua modernidade. O ano passado foi considerado evento do ano em Portugal, não tenho dúvidas que estamos perante um grande evento nacional com impacto internacional.

Já anunciou que a Gastronomia será uma espécie de evento-âncora, em torno do qual vão girar outros projectos. Santarém terá a capacidade de aglutinar fluxos turísticos através da gastronomia?

Sem dúvida, o Festival Nacional de Gastronomia tem como génese a gastronomia nacional e apresenta-se como uma mostra da oferta e qualidade gastronómica pela qual o nosso país é reconhecido. Temos notado, ao longo dos anos, que cada vez mais o nosso evento é visitado por turistas e experts, que valorizam e apreciam a gastronomia portuguesa. A Gastronomia é um trunfo fortíssimo para atracção de novos públicos ao nosso território.

O FNG é um impulso ao turismo em Santarém?

Claramente, Santarém é a Capital da Gastronomia, e como tal somos palco principal da oferta e diversidade gastronómica que caracteriza Portugal. Este, como outros eventos que temos vindo a realizar, são uma forte aposta para impulsionar o turismo e a restauração do concelho. É uma forma de juntar “à mesa” o que de melhor Portugal tem em termos de gastronomia.

O desafio é provar Portugal enquanto descobre Santarém e convidamos todos os visitantes do evento a descobrir o nosso lindíssimo Centro Histórico, os nossos monumentos, as nossas paisagens naturais, igrejas, descobrir a nossa história, ir a Alcanede e visitar o seu Castelo e Algar da Pena, passar pelo Mouchão de Pernes, sem deixar de visitar o lindíssimo Mosteiro de Almoster, no fundo visitar um Concelho lindíssimo e repleto de história.

Numa altura em que o poder de compra da população diminui a olhos vistos, espera-se menos visitantes que em anos anteriores?

Não, a diversidade do programa, a envolvência de novos parceiros, a novidade da zona de petiscos, com preços entre os 1,5 € e 6 €, a dinâmica da praça Confagri, da zona de vinhos, da padaria, dos espectáculos, do aumento do número de expositores, das demonstrações gastronómicas, entre muitas outras novidades, estamos convictos que nesta edição a participação activa do público é factual, as pessoas vão fazer parte da festa de uma forma mais abrangente. Vamos aumentar o número de visitantes, não tenho dúvidas disso. É um evento para todos.

O regresso dos petiscos é uma mais valia para atrair mais público ao festival?

A área de petiscos, como já referido anteriormente, é um dos pontos chave do festival, uma vez que confere ao evento um crescente da oferta gastronómica, aliando a qualidade e tradição. Será uma zona de mesas altas, sem assentos, a relembrar as tasquinhas de antigamente, com utensílios descartáveis e a possibilidade de juntar vinho a copo. 24 Chefs e Cozinheiros irão colocar à disposição petiscos representativos de todas as regiões de Portugal. Com preços que vão desde 1,5 € a 6 €, vamos saborear petiscos confeccionados por referências nacionais.

Santarém tem-se destacado no mundo da gastronomia, com vários chefs a serem distinguidos. O FNG pode ser uma montra ainda maior para os chefs escalabitanos?

Sim, sem dúvida, hoje Santarém tem uma nova geração de cozinheiros que nos deve orgulhar. O embaixador da gastronomia de Santarém, o Chef Rodrigo Castelo é um bom exemplo, e motiva muitos outros a pisarem o palco da excelência, temos hoje jovens talentos naturais de Santarém a desenvolverem actividade reconhecida em diversos Restaurantes de referência a nível nacional e local. 

Qual tem sido, para si, a grande mais-valia para a cidade do Festival? A restauração de Santarém também beneficia com o FNG?

O Festival Nacional de Gastronomia é um importante evento, que tem como finalidade enaltecer o património gastronómico do país, é um evento de impacto nacional, que atraí milhares de pessoas ao nosso Concelho. O Festival é o evento âncora em torno da Gastronomia, as diversas iniciativas que fazemos ao longo do ano e o extraordinário trabalho dos nossos restauradores, são, em conjunto, factores que contribuem para o estatuto de “Santarém Capital da Gastronomia”. Hoje é público e notório que existem milhares de pessoas que visitação Santarém por causa da Gastronomia, por causa dos nossos excelentes Restaurantes. Isso é muito positivo para o nosso Turismo, para o aumento da visitação ao nosso território no fundo para a nossa Economia Local.

Nesta edição vários Restaurantes de Santarém vão fazer parte do programa, vão realizar banquetes num dos palcos principais do Festival.

O festival auto-sustenta-se?

Sim, esta edição é demonstrativa disso mesmo, a envolvência de novos parceiros e patrocinadores fazem deste evento uma referência. A promoção de Santarém, das nossas empresas, entidades e do território como o todo é uma consequência positiva difícil de quantificar. Santarém semanas antes do evento, durante e depois é falada a nível nacional em diversos órgãos de comunicação social, isso é algo fundamental para o desenvolvimento do nosso Concelho.

A integração de chefs de renome atrai mais pessoas ao festival?

Sim, sem dúvida, são Chefs de impacto nacional e internacional, o jantares que promovem esgotam em poucas horas, com interessados oriundos de vários pontos do País.

Com o festival de 2021 a vencer o prémio de Evento do Ano da AHRESP, há uma pressão maior para que haja uma evolução qualitativa nesta edição?

O Festival Nacional de Gastronomia já recebeu alguns prémios, entre os quais o que refere, fomos eleitos evento do ano pela AHRESP que, por um lado é reflexo de todo o trabalho desenvolvido durante estes 40 anos e, por outro, nos dá o mote para continuar a renovar o festival, celebrando a gastronomia regional e nacional e pondo à prova os melhores sabores de diversas regiões do país, mais do que colocar pressão, é uma honra um motivo de orgulho que coloca ao Município a exigência de fazer mais e melhor.

Trata-se do pai dos Festivais gastronómicos, alguns dos quais soube ajudar a desenvolver. Esta distinção significa que a estratégia de valorização deste evento levada a cabo nos últimos anos deve ter continuidade e deve ser reforçada.

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