Maria Teresa Correia Batista, é um dos principais rostos da Confraria Enófila Nossa Senhora do Tejo, entidade responsável, em parceria com a CVR Tejo, pela Gala dos Vinhos do Tejo. Natural e residente em Santarém, Teresa como gosta de ser conhecida começou a sua vida profissional no Banco de Portugal, onde esteve durante nove anos até chegar à CVR Tejo. Aí se manteve nos 16 anos seguintes, com funções de administrativa, secretária da Direcção, área de coordenação e por fim no departamento de Promoção onde se apaixonou pelos Vinhos do Tejo. Após a saída da Comissão Vitivinícola, em 2014, continua ligada aos Vinhos do Tejo, sendo a promotora e apresentadora da Gala dos Vinhos do Tejo e parte integrante de concursos gastronómicos, como o Tejo Gourmet.

Qual tem sido o papel da Confraria Enófila Nossa Senhora do Tejo na divulgação e valorização do património vinícola da região?
A Confraria é uma entidade de direito privado, sem fins lucrativos, que nasceu no ano 2000 e cuja finalidade é o estudo, promoção e valorização dos vinhos e produtos vínicos da Região. Organiza provas, concursos, conferências, jantares temáticos, cursos, passeios culturais e outras manifestações sempre em prol destes produtos e do fortalecimento dos laços entre os confrades. Glorifica as virtudes e tradições dos vinhos, da sua história, da sua cultura, da gastronomia, do folclore e outros aspectos associados intimamente a estes produtos do Ribatejo. Defende a genuinidade, tipicidade e prestígio dos vinhos, produtos vínicos e gastronomia. É esta a razão da nossa existência.

Na sua opinião, a região ficou a ganhar ou a perder com a alteração da denominação para Vinhos do Tejo?
Ficou a ganhar. Na altura, algumas pessoas da região não aceitaram muito bem a mudança mas mais tarde renderam-se. O tempo fez perceber a todos que foi muito benéfico para a comercialização dos nossos vinhos, principalmente no mercado externo, esta alteração da marca. É preciso que todos percebam, os vinhos produzem-se no Ribatejo só que a marca é “Vinhos do Tejo”, nome do nosso rio. Uma marca com o nome de um rio é muito prestigiante e de fácil memorização.

O que é que distingue esta região vínica das demais em Portugal?
Na minha opinião pessoal, não oficial, são diversos aspectos. Temos vinhos com grande qualidade e bom preço. Vinhos bastante gastronómicos. Grande diversidade na oferta pois temos vinhos muito distintos, essencialmente devido aos três Terroir’s que encontramos na região Tejo o que a tornam numa região muito rica. O Rio Tejo tem uma grande influência nos nossos vinhos. Temos castas autóctones, Fernão Pires por exemplo, casta bastante versátil, que faz vinhos únicos, desde o Espumante e Colheitas Tardias aos Licorosos (Abafados), estes muito típicos da nossa região. Temos a casta Castelão (menos expressiva) com a qual se faz espumantes, rosés e tintos. Outro pormenor que nos distingue das restantes regiões, à excepção de Lisboa, e que muitos não sabem, é que, só o Tejo pode ter a menção “Vinho Leve” no rótulo.

A ligação entre a Confraria e a CVR Tejo é essencial para aumentar a qualidade dos vinhos na região?
A qualidade dos vinhos é da responsabilidade de quem os faz e também da CVR, que é o organismo que certifica os vinhos da região. As parcerias entre a Confraria e a CVR são realmente essenciais mas sim em mostrar essa qualidade, promovendo, em conjunto, uma série de acções de divulgação dos vinhos, produtores e região. Parcerias que quando funcionam, como é o caso, todos saem a ganhar. A ligação entre a Confraria e a CVR cria sinergias e é essencial para dar prestígio e notoriedade a ambas as instituições, à região, aos produtores e aos vinhos do Tejo.

A Confraria é um dos promotores dos concursos de vinho e gastronomia na região. Que balanço faz ao longo dos anos destas iniciativas?
A Confraria já organizou o Concurso Vinhos do Tejo. Presentemente é somente parceira. A CVR Tejo é que é a entidade organizadora deste concurso. Quanto às acções que levamos a cabo em relação à gastronomia e vinhos (Tejo Academia e Tejo Gourmet) cabe à Confraria a sua organização cujo promotor é a CVR. O balanço é deveras positivo. É um processo lento mas que tem dado muitos frutos. Estamos surpreendidos e orgulhosos com a evolução da nossa restauração.

Quando surgiu a sua paixão e ligação a esta área?
O “bichinho” começou logo quando fui trabalhar para a CVR Tejo em 1997, ano da sua criação. Eu fui a colaboradora com o nº 1, portanto a primeira contratada. Como vi nascer e crescer esta instituição ganhei amor por ela e tinha, ainda tenho muita estima pelos produtores a quem eu chamava de “os meus meninos”. Era a minha segunda casa. Mas a paixão foi quando comecei a organizar as acções de promoção no mercado interno, desde o Porto, passando por Lisboa até ao Algarve e também no mercado externo (Brasil, China, Espanha, EUA, Angola e outros países na Europa).

Nos últimos anos tem sido apresentadora da Gala dos Vinhos do Tejo. Como é que avalia esta experiência?
A apresentação no palco da Gala é uma fatia de um enorme bolo. O ser apresentadora da Gala, junto com o meu ex-colega e amigo de tantos anos, João Silvestre, director-geral da CVR, tem sido uma experiência muito rica e de grande aprendizagem. Torna-se uma das partes mais fáceis para mim, a que me dá mais prazer e a que me dá mais visibilidade. Quando chega o momento do palco já todas as outras fatias do bolo me passaram pelas mãos. É fácil para mim pois, melhor que ninguém, sei o que vai acontecer, portanto tenho profundo conhecimento de todos os momentos.

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