Mais de 700 alunos do concelho de Abrantes estão a aprender programação e robótica, num projecto de competências digitais que a Câmara diz ser uma aposta no futuro e que já lhes dá boas notas a Matemática e Português.

Trata-se do T_CODE, um projeto que nasceu em 2018 e é desenvolvido em crianças com mais de 8 anos, no âmbito do projeto educativo preconizado pela Câmara de Abrantes, no distrito de Santarém, e integrado nas “medidas de intervenção precoce, redução do abandono escolar e promoção do sucesso educativo”, tendo sido iniciado com a “aquisição de equipamento na área das Tecnologias de Informação e Comunicação”, um processo que foi sendo consolidado ao longo do tempo.

Em declarações à Lusa, presidente da Câmara de Abrantes, Manuel Jorge Valamatos (PS), destacou “a forma” como o projeto T_CODE “mobiliza as crianças” e “a atenção e o cuidado com que observam e interpretam todas estas questões da programação e as relacionam com o seu dia a dia e com os conteúdos do projeto educativo” das escolas.

O autarca falava na Escola Básica de Bemposta, onde os resultados obtidos e a nova fase do projeto foi apresentada no âmbito das Jornadas de Educação de Abrantes.

Na ocasião, Manuel Jorge Valamatos elogiou os resultados do projeto, que estimula também a literacia digital, a criatividade e o trabalho em equipa.

Dirigido por quatro técnicos do Tagusvalley – Parque de Ciência e Tecnologia, o projeto T_CODE envolve hoje todas as turmas dos 3º e 4º anos do concelho de Abrantes (27 turmas), num universo de mais de 430 alunos e cerca de 30 professores e, neste ano letivo, foi alargado a 14 turmas do 5º ano (cerca de 250 alunos e 11 professores) e a três turmas do 10º ano (60 alunos e uma professora).

Neste ano letivo, além da programação, o T_CODE abrange um programa mais alargado de robótica, o que é uma novidade em relação ao ano anterior, e está a desenvolver também a aplicação do digital às artes plásticas, com a realização de trabalhos que implicam a fabricação de recursos, como é o caso das tochas do Minecraft, sendo apoiados por monitores e professores.

O coordenador do projeto, Homero Cardoso, disse à Lusa que a abordagem “T_CODE + Tecnologia + Educação + Cidadania” assenta num projeto que “ensina programação aos alunos em ambiente descontraído e de diversão, desenvolvendo nas crianças um conjunto de competências úteis para a vida escolar e profissional como a criatividade, resolução de problemas, colaboração e partilha e, por outro lado, o desejo e a capacidade de produzir conteúdos digitais”.

Nesse sentido, frisou, “é um programa de apropriação” da tecnologia.

“A lógica é que os alunos sejam capazes, através do programa, de conseguir criar conteúdos e conseguir apropriar-se da forma como a tecnologia pode ser usada para criar esses conteúdos, que é uma posição muito diferente daquela a que eles estão habituados, que é a de consumir alguma coisa que nos é apresentado ou que encontramos. A lógica do T-code é mais essa, é criar as condições para que eles consigam hoje e amanhã ter a experiência de criar alguma coisa, que é deles e que foi feita por eles, usando um recurso que é a tecnologia”, afirmou.

Para a Câmara de Abrantes, “as competências adquiridas pelos alunos envolvidos neste projeto, nomeadamente a capacidade de pensamento crítico, têm-se revelado positivamente no desempenho em disciplinas como a Matemática e o Português”, mais valias que foram também realçadas pelo professor António Tomás, da Escola Básica de Bemposta, dando conta que esta “é uma formação de alto nível” para as crianças.

“No ano passado começaram a entender a lógica da programação, começaram a fazer pequenas rotinas de programação com o software Scratch, que é um software criado especialmente para crianças, e este ano deram mais este passo, que para elas foi um passo de gigante, porque passaram a aplicar essas pequenas rotinas de programação robótica”, com a criação de pequenos robôs.

O professor, que destacou a “excelente” recetividade dos alunos ao projeto, deu ainda conta da importância do domínio destas ferramentas para o futuro dos jovens estudantes.

“Estas crianças vão trabalhar seguramente em empregos que nós não imaginamos, mas onde este tipo de conhecimento, este tipo de tecnologias, vão estar presentes, portanto estas referências valem ouro”, concluiu.

Financiado exclusivamente pelo orçamento da Câmara Municipal de Abrantes, o projeto T_CODE é resultado de uma parceria entre o município, o Agrupamento de Escolas de Abrantes, o Tagusvalley e a Fundação Raspberry Pi, sediada na Grã-Bretanha.

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