A Câmara Municipal de Abrantes vai investir 2,7 milhões de euros na reconversão do antigo mercado municipal em edifício multiusos, tendo anunciado o lançamento de um concurso público internacional para a elaboração do projeto.
Em comunicado, a autarquia presidida por Manuel Jorge Valamatos, diz que a reconversão do antigo mercado municipal de Abrantes em edifício multiusos decorre na “perspectiva da sua reutilização como equipamento de resposta a uma nova realidade”, sendo o concurso público internacional para elaboração do projeto, no valor de 135 mil euros, promovido pelo município, contando com a assessoria técnica da Secção Regional de Lisboa e Vale do Tejo da Ordem dos Arquitectos.
A obra, que tem um valor estimado de 2.700.000,00 euros, sem IVA, pretende “preservar as fachadas principais e requalificar a área envolvente” a este mercado, “nomeadamente a entrada no Centro Histórico da cidade, dotando-a de uma identidade urbana”.
Segundo a autarquia, a reconversão do edifício do antigo mercado municipal e a requalificação da área envolvente “convergem na oportunidade de consolidação de uma estratégia que tem vindo a ser implementada” em Abrantes nos últimos anos, “centrada na regeneração urbana e na reabilitação urbanística, social e económica do centro histórico” da cidade.
O valor base para o desenvolvimento do projeto é de 135.000,00 euros + IVA, estando prevista a atribuição de prémios monetários de 10 mil euros, cinco mil euros e três mil euros, aos três concorrentes mais bem classificados.
O processo decorre na plataforma electrónica utilizada pelo município no endereço electrónico https://www.acingov.pt e no site http://encomenda.oasrs.org/ da Ordem dos Arquitectos.
O prazo para entrega das propostas de requalificação do edifício do antigo mercado diário de Abrantes, encerrado há uma década, decorre até ao dia 24 de Fevereiro de 2021.
Em Julho de 2019, cerca de 40 pessoas floriram os portões do antigo mercado de Abrantes, numa “acção simbólica” que pretendeu reclamar pela valorização do edifício e a não demolição do mesmo, prevista no Plano de Urbanização de Abrantes (PUA).
Contactado na ocasião pela Lusa, o presidente da Câmara de Abrantes, Manuel Jorge Valamatos (PS), disse que a iniciativa foi “completamente extemporânea”, tendo assegurado que “ninguém vai derrubar mercado nenhum”, não se querendo alongar em mais declarações.
“Quando houver projectos cá estaremos para os discutir”, concluiu, quando questionado sobre a existência de ideias para a eventual requalificação do antigo mercado.
O processo remonta a Março de 2010, quando o antigo mercado municipal, datado de 1933, foi encerrado pela Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE), tendo os comerciantes sido realojados “temporariamente” em diversos espaços da cidade.
Em 2015, a Câmara de Abrantes inaugurou um novo mercado municipal, um edifício construído no centro histórico, a poucas dezenas de metros do antigo mercado, tendo a anterior presidente da autarquia, a actual ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, afirmado então à Lusa que pretendia “fazer recuar” o espaço do edifício do antigo mercado municipal – “um entrave à entrada na cidade e sem grande valor historial ou arquitectónico” -, para, no âmbito de um projeto de reabilitação urbana, “requalificar o Vale da Fontinha e dotar Abrantes de uma entrada mais digna”.
Na ocasião, o antigo Mercado Municipal de Abrantes foi convertido no espaço cultural ‘Mercado Criativo’, substituindo as bancas de peixe e hortícolas por ateliês de pintura, livrarias e artesanato, tendo encerrado essa função poucos anos depois.
Desde aí, o espaço tem sido ocupado com festas pontuais organizadas por associações de estudantes, feira de doçaria, entre outras, estando encerrado a maior parte do tempo.