Está a acabar o tempo em que andamos distraídos com as coisas que o Verão nos proporciona. Desde logo oportunidade de umas férias. Mais alargadas ou mais curtas, consoante o volume da carteira de cada um, com a moleza em que o calor nos põe, com as comidas mais demoradas e com amigos que só vimos nestas alturas, ou então a volta a Portugal em bicicleta, e para os amigos do futebol, os infinitos enredos das transferências.
As primeiras chuvas e a baixa de temperatura chamam-nos agora à realidade do nosso quotidiano.
Estão aí as aulas, com o drama dos cadernos, canetas e livros novos, tudo novo menos a falta de professores que é história velha. Para onde vai o ensino das novas gerações?
Primeiro a covid. Depois as lutas dos professores, que já anunciaram os sindicatos, não irão acabar, pois já estão marcadas novas acções com o mesmo fim. Vamos pagar caro esta factura, porque um tronco fraco dará sempre uma árvore débil isso se espalhará por toda a floresta.
Muitos enchem a boca com a justeza dos seus direitos, mas poucos o fazem invocando o direito dos alunos a terem uma aprendizagem escolar normal, em vez de um plano de aulas cheio de furos.
Está também anunciado um novo esquema do SNS, com aquela já gasta frase “agora é que vai ser”!!! Não se vislumbra como, porque os actores e o guião são os mesmos.
Quando muito, só se muda de acto a seguir ao intervalo.
O ano judicial iniciou-se com uma greve geral dos agentes dos tribunais. E como isso foi o normal até ao fim do período anterior, a novidade veio através de Polícia Judiciária, que correu as comarcas de quase meio país à procura de um tribunal onde pudesse apresentar um detido, pela acusação de ter andado a atear fogos durante um bom par de anos. Como não encontrou nenhuma casa da lei para o fazer, não teve mais alternativa do que soltar o delinquente, mandando-o apresentar-se a um juiz, na primeira oportunidade.
A única e grande novidade desta entrada na realidade do país, vem do lado da CP, comboios de Portugal. Por mais que tivesse procurado, não encontrei nenhuma greve programada naquele meio de transporte. Mas como diria o antigo dirigente do Vitória SC, Pimenta Machado, “o que hoje é verdade, amanhã pode ser mentira”.
Mantenha-se alerta! Finalmente, mas não menos importante, por estar quase em pé de página, Setembro trouxe-nos também a carta que António Costa escreveu à CEE, pedindo que a presidente pusesse a Europa a pensar de que forma poderia Portugal a resolver o problema da habitação e, já agora, também a fuga dos crânios nacionais para outros países, internacionalizando assim estes problemas e, logo assim, tirando-os das suas costas.
Estou baralhado. Mas então a CEE não foi criada especialmente para que fosse um espaço livre. Onde cada um de nós poderia estar, onde queria estar? Onde fosse melhor escolha para cada um fazer a sua vida, se essa fosse a sua decisão?
Então ele queixa-se agora que os melhores de nós estão a sair do País, aliciados por melhores salários e boas perspectivas de estudar, viver e até de encontrar habitação e vem pedir à presidente que o ajude a resolver o problema?
A gentil senhora deve ter aberto um ligeiro sorriso se esteve acompanhada, ou então uma sonora gargalhada se a leu na solidão do seu gabinete, talvez pensando que embora simpáticos, estes políticos da velha guarda, nunca mais deixam de ser provincianos.
São reis a pedir, imperadores a gastar, mas fraquinhos a pensar, sobretudo se forem decisões estruturais. E já lá vão quase 50 anos… Será que, um dia, eles vão mudar?