Foto ilustrativa
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A Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) alertou para os elevados prejuízos causados pelos roubos de cobre para revenda, pedindo a intervenção do Governo, quando, até agosto, foram registados 322 crimes.

“Há muito que o mundo rural e os agricultores vêm denunciando sistematicamente roubos, seja de colheitas, seja de equipamentos”, referiu o secretário-geral da CAP, Luís Mira, em resposta à Lusa.

A confederação sublinhou que as vagas de furtos, e consequente destruição, de postos de transformação de eletricidade e de pivôs de rega têm sido uma prática constante ao longo dos anos.

Estes crimes destinam-se à retirada de cobre para, posteriormente, ser revendido, situação que, de acordo com os agricultores, tem atingido níveis preocupantes.

A CAP disse ainda que estes furtos têm levado a “prejuízos avultados” para os agricultores, sobretudo em regiões como o Alentejo, Ribatejo ou Póvoa do Varzim, já penalizados com o roubo de colheitas, como a cortiça.

Perante este cenário, Luís Mira pediu ao Governo e às autoridades o reforço da vigilância no mundo rural.

Os agricultores querem também ver agravada a moldura penal para estes crimes, bem como ver implementada a fiscalização de recetores e a criação de mecanismos que permitam rastrear a venda dos produtos e materiais roubados, “que alimentam o comércio paralelo e cujos proveitos alimentam outros negócios ilícitos”.

Segundo dados da Guarda Nacional Republicana (GNR), enviados à Lusa, em 2022, foram registados 446 crimes e detidos 11 suspeitos.

No ano seguinte, contabilizaram-se 554 crimes e 16 detidos.

Já até agosto de 2024, a GNR deteve cinco suspeitos e registou 322 crimes, sobretudo em abril.

Por distrito, o maior número de furtos de cobre verificou-se em Santarém (61).

Destacam-se ainda os distritos de Leiria (40), Faro (34), Lisboa (27), Aveiro (27) e Coimbra (26).

Seguem-se Braga (15), Évora (15), Castelo Branco (12), Porto (11), Setúbal (11), Beja (nove), Portalegre (oito) Viana do Castelo (sete), Viseu (seis), Guarda (seis), Vila Real (quatro) e Bragança (três).

De acordo com a GNR, este tipo de furtos é operado através de “escalamento dos postos e desaperto dos cabos nos suportes, sendo, posteriormente, cortadas as partes suspensas já no solo”.

O ‘modus operandi’ passa também pelo corte dos postes, o que origina a queda dos mesmos, trazendo o cabo por arrasto.

“Posteriormente, é feito o corte do cabo nas partes suspensas para evitar a maior extensão possível. Por vezes, assiste-se ao derrube intencional de árvores para que arrastem consigo os cabos sendo de seguida cortados já no solo”, explicou.

A Lusa questionou o Ministério da Agricultura sobre os roubos verificados no setor. O ministério tutelado por José Manuel Fernandes assegurou estar a trabalhar com o Ministério da Administração Interna para um reforço policial, tendo já contactado as confederações para solicitar a indicação de quais as regiões com maior probabilidade de serem alvo de roubos.

Ainda no que se refere aos roubos no setor agrícola, que incluem também os de culturas, o Ministério da Agricultura está a estudar a “possibilidade, viabilidade e legalidade” de algumas medidas, onde se inclui a utilização de mecanismos da União Europeia para suportar parte do custo para implementação de sistemas de segurança no campo, “como forma dissuasora de furtos e vandalização que os agricultores sofrem durante as campanhas”.

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