Os níveis de reserva hídrica no norte do vale do Tejo estão “bastante abaixo do normal” para esta época do ano, o que está a deixar os agricultores da região apreensivos, disse à Lusa o director-geral da Agrotejo.
Mário Antunes disse hoje à Lusa que as culturas instaladas de Outono/Inverno estão a ser regadas, contrariamente ao que seria normal nesta altura do ano, representando um custo adicional para a produção.
Em relação às culturas de Primavera/Verão, a ser instaladas em Março/Abril, há a preocupação de que venham também a precisar de ser regadas, quando as reservas nos furos estão já num nível muito baixo, adiantou o responsável da Agrotejo – União Agrícola do Norte do Vale do Tejo, com sede na Golegã. Mário Antunes apontou, ainda, o impacto da escassez de chuva nas pastagens.
A Agrotejo tem vindo a aconselhar os agricultores a usarem sondas de humidade, para o uso de água “estritamente necessário”, e a emitir avisos de rega e aconselhamentos para não haver excessos, na linha do que tem vindo a acontecer nos últimos anos, adiantou.
Mário Antunes referiu ainda o impacto da escassez de água no Paul do Boquilobo, reserva natural e da biosfera, em que a água é essencial para as espécies e para a sustentabilidade desta zona húmida situada nos concelhos da Golegã e de Torres Novas.
O director-geral da Agrotejo insistiu na importância da existência de barragens e de uma gestão mais eficiente da água do Tejo.
Na 8.ª reunião interministerial da Comissão Permanente de Prevenção, Monitorização e Acompanhamento dos Efeitos da Seca, realizada na terça-feira, foi confirmado que “as condições meteorológicas não têm permitido a reposição dos volumes armazenados nas albufeiras e nas águas subterrâneas, tal como é natural acontecer depois do período de Verão”.
Na nota colocada no site do Governo, sublinha-se que “as previsões existentes indicam que não haverá precipitação significativa no próximo mês”.
“Até Fevereiro, os armazenamentos por bacia hidrográfica apresentam-se inferiores à média (1990/91 a 2020/21), excepto para as bacias do Douro, Vouga, Guadiana e Arade. Das 60 albufeiras monitorizadas, 11 apresentam níveis de armazenamento acima dos 80% e 15 têm níveis inferiores a 40 do volume total”, acrescenta.
O Governo adoptou, assim, para o sector agrícola, medidas como o reforço da monitorização dos aproveitamentos hidroagrícolas e das barragens de natureza privada, a intensificação do acompanhamento da evolução do estado das culturas ao nível das Direções Regionais de Agricultura, entre outras.