André Pereira, de 41 anos de idade, venceu recentemente um das provas mais longas do mundo com um total de 1001 quilómetros de distância, que decorreu entre 26 de Setembro e 9 de Outubro. De Chaves a Sagres, o técnico demonstrador de materiais de construção residente em Ourém, atravessou 11 distritos, 41 concelhos e cinco parques naturais, onde somou 32150 metros de desnível positivo. André venceu 10 das 14 etapas da prova com um tempo de 120h e 49 minutos, com vantagem de 5h23m para o segundo classificado e 10h26m para o terceiro. Esta dura prova foi efectuada em regime de auto-suficiência, podendo os atletas no entanto, usufruir de pontos fixos de água, fontes públicas e cafés para se reabastecer. O grande objectivo da prova era aproximar os atletas a uma História com mais de 1000 anos e promover a passagem pelas diversas culturas do nosso País.

Quando é que a André começa a despertar para o desporto?
O desporto para mim começou um pouco tarde pois iniciei a minha actividade desportiva em meados de 2019. Fui fumador durante muitos anos e há cerca de seis anos atrás, coloquei fim ao vício. Como consequência, engordei até ao ponto de me sentir muito cansado sempre que fazia pequenos esforços.

Porquê é que escolheu a corrida como modalidade preferida?
Após ter decidido colocar fim também a uma vida mais sedentária, optei por me inscrever num ginásio para me ajudar a perder esse peso que tinha a mais e ganhar qualidade de vida. Para além de fazer exercícios com máquinas no interior do ginásio, optei por fazer todas as semanas uma hora de Running no exterior. Nas primeiras aulas, ao correr 3/4km, já me dava como “arrumado”, não tinha resistência, preparação, muito menos fôlego para aguentar uma hora seguida a correr. Mas fui persistente, e a pouco e pouco fui aumentado o número de quilómetros nos treinos. Ao fim de alguns meses de provas de distância curta, percebi que era mais forte a nível de resistência do que a nível de velocidade, daí optar por começar a fazer corridas cada vez mais longas.

Concluiu recentemente uma prova de 1001 quilómetros, em 14 dias, e venceu. Como é que se prepara e treina para uma prova com esta dureza?
É uma boa questão. Sendo esta uma prova em formato diferente e nunca antes realizada em Portugal, e creio que no mundo, não existem bases ou referências para se criar um plano de treino adequado. Pedi ajuda a um amigo e treinador, o Paulo Amaral, o qual abraçou a ideia e criou-me um plano de treino semanal. Foram cerca de 75 semanas de treino, 5/6 vezes por semana com treinos diversos e específicos.

Todo o percurso da prova foi realizado em regime de auto-suficiência, podendo os atletas, usufruir de pontos fixos de água, fontes públicas e cafés para se reabastecer. Foi difícil encontrar ajuda ou somos mesmo um povo hospitaleiro?
Verdade, nós portugueses somos um povo muito hospitaleiro e seria muito fácil obter ajuda externa, mas o regulamento não permite essa ajuda. Nós atletas tínhamos um plano das distâncias entre pontos de água e cafés existentes, coube a nós fazer essa mesma gestão de alimentos e meios de hidratação. Em algumas situações a distância era demasiado longínqua, nesse caso a organização da prova deu um apoio aos atletas assegurando água se necessário.

Tem alguma história engraçada que lhe tenha acontecido ao longo destes 14 dias?
Sim, cada etapa teve a sua história, mas recordo uma delas… a 12ª etapa. Seguia no meu percurso, numa estrada nacional dentro de uma aldeia alentejana, quando fui abordado por um condutor que me fez algumas perguntas. O senhor ficou estupefacto quando lhe falei que estava a fazer, a correr numa prova que ligava o norte a sul do país num total de 1001km. Dois dias mais tarde descobri que, esse senhor pegou nessa conversa que tinha tido comigo e partilhou com indignação nas redes sociais, o porquê de uma prova desta envergadura não ter reconhecimento público, tal como tem o futebol. Será os milhões de euros que marcam a diferença? (aqui já pergunto eu…!?).

Qual é a próxima corrida que pretende participar?
Agora quero estar uns dias sossegado, pouco activo no que diz respeito a treinos. Mas, tenho duas provas marcadas no meu calendário, uma em Estremoz onde irei participar no Ultra Trail da Serra Dossa no dia 31 de Outubro, a segunda prova será no dia 25 de Novembro, fazendo a travessia do Algarve através da Via Algarviana num total de 300 quilómetros sem paragens, com um limite horário de 72 horas.

Onde pretende chegar no futuro na modalidade?
Não tenho um patamar predefinido, como também não pretendo ser um fora de série. Iniciei com 3/4km, fui subindo pouco a pouco, fui sonhando e realizando esses sonhos com sucesso. Gosto imenso de novas aventuras e de me desafiar também, onde existir um desafio novo, certamente irei lá estar.

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