Em 2015 dois estudantes da Universidade Aberta (UA) lançaram-se para um projecto que pretendia aliar a arte à tecnologia. Um deles, Rui Gaspar, natural de Alpiarça, era (e é) técnico superior da biblioteca municipal da sua terra natal e a outra, Ana Marques, professora de artes visuais no ensino secundário, licenciada em Design de Comunicação pela Faculdade de Belas Artes de Lisboa e mestra em Comunicação Educacional Multimédia.

Um dia, em Óbidos, aquando da ARTECH 2015 (uma conferência sobre a arte digital organizada pela UA, com o intuito de promover a cultura digital) surgiu-lhes a ideia de, a partir de duas metáforas, “Árvore das Letras” e “Árvore das Palavras”, transformar a primeira metáfora em Árvore das Palavras.

Deram ao projecto a denominação de «Arbor». O seus criadores consideraram que a árvore, na mãe natureza, simboliza o pilar estruturante da floresta primordial, historicamente ligada ao início da humanidade, ao pecado original. Os seus ramos, os seus frutos, as suas flores, são fontes de vida, simbolicamente fontes do saber, que da literatura emerge a metáfora “Árvore das Letras”, remetendo-nos para outra metáfora, “Árvore das Palavras”. Com o projecto oferece-se a possibilidade de construir palavras a partir da “Árvore das Letras” de forma interactiva e tridimensional, abandonando a escrita convencional num plano (papel, quadro, teclado de computador ou ecrã de táctil), e com isso permitir a construção e a partilha, em simultâneo e em tempo real, da “Árvore das Palavras”.

A estreia pública foi ainda naquele ano de 2015 na prestigiosa Bienal de Vila Nova de Cerveira, a qual teve como mote “Olhar o passado para construir o futuro”.

A ideia, segundo Rui Gaspar, doutorado em Media Arte Digital pela Universidade do Algarve / Universidade Aberta, era “muito bonita no papel mas, depois, era preciso materializar tudo aquilo, deu um trabalhão enorme, foram três longos meses, mas muito interessantes e muito intensos, foi algo fascinante”.

Rui Gaspar fez a parte do conceito, da interactividade e a sua parceira, o design, “porque no fundo é uma escultura interactiva”. A parte electrónica foi realizada em Alpiarça e a montagem em Linda-a-Velha (Oeiras), na escola onde a co-autora era docente.

A criação permitia aos visitantes da Bienal partilhar palavras, acabando por se criar várias árvores e tanto foi o entusiasmo que foram novecentas as participações.

“Ao aproximarem-se da árvore”, explica-nos Rui Gaspar, “os visitantes detectados por um sensor, escrevem num ecrã, simulado, que é a caixa da fruta – as pessoas escrevem uma palavra ou uma frase curta”, uma forma interativa e tridimensional, abandonando-se a escrita convencional num plano (papel, quadro, teclado de computador ou ecrã de táctil), permitindo a construção e a partilha, em simultâneo e em tempo real, da Árvore das Palavras.

Colhida a fruta, esta surge na caixa da fruta e, de seguida, há um ‘fruto’ de enviar. De imediato num ecrã de grandes dimensões, aparece a palavra que a pessoa construiu, ou seja, o contributo desse utilizador perante a árvore …”.

Depois da estreia em Cerveira, Rui e Ana, tinham como objectivo “colocar a criação, por exemplo, em bibliotecas, criar um mote e as crianças interagirem com ela, com o mote, construindo a árvore com esse objectivo”.

Se assim desejaram, assim aconteceu. Com a introdução de melhorias, a criação tecno-artística já percorreu locais como o Museu de História Natural e da Ciência (MUNHAC), em Lisboa, a Biblioteca Municipal Piteira Santos, na Amadora (em 2016) ou ainda bibliotecas escolares do concelho de Oeiras.

Contando agora com o patrocínio de Oeiras Valley (projeto da Câmara de Oeiras que tem como missão criar um ecossistema para a inovação e desenvolvimento do concelho), a “ARBOR – Árvore das Letras” já tem prevista para 2021 a passagem por bibliotecas municipais daquele concelho.

Mas actualmente, no Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa, e até dia 13 de Dezembro, os visitantes podem ligar-se a uma triologia. “A arte, a tecnologia e a ciência (…) presentes na instalação interativa “ARBOR – Árvore das Letras”, (…) é uma interpretação de uma árvore real, com frutos nos ramos, que reage à presença humana e permite a escrita interativa de palavras. Recorrendo a discretos conversores, sensores e atuadores os visitantes podem participar, em tempo real, na construção da “Árvore das Palavras” (…)”, conforme é explicado na página da rede social facebook do evento.

Para se saber mais sobre esta criação de arte digital o caminho é arbor.pt.

Ricardo Hipólito

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