O presidente da Câmara da Chamusca manifestou “indignação” pela omissão da conclusão do IC3/A13 no Plano Nacional de Investimentos, lembrando que é um compromisso para com um concelho que tem vindo a resolver o passivo ambiental do país.
Paulo Queimado, presidente da Câmara Municipal da Chamusca, enviou hoje uma longa missiva ao ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, na qual manifesta a sua indignação por a região ser novamente confrontada com a ausência de qualquer referência à conclusão do troço do IC3/A13, que ligará Vila Nova da Barquinha a Almeirim (previsto desde 2007), no Plano Nacional de Investimentos/PNI 2030, apresentado na quinta-feira.
Para o autarca, além de se tratar de um “projecto estruturante” para a região, esta ligação foi assumida como uma contrapartida aquando da construção naquele concelho do Ecoparque do Relvão na Carregueira, para onde são encaminhados os resíduos perigosos de todo o país e onde funcionam, desde 2008, os únicos dois Centros Integrados de Recuperação, Valorização e Eliminação de Resíduos Perigosos (CIRVER) existentes no país.
“Não nos podemos esquecer que, neste momento, estamos a tratar questões muito complicadas a nível nacional”, disse Paulo Queimado à Lusa, apontando o passivo ambiental de S. Pedro da Cova, o fibrocimento/amianto que está a ser retirado de escolas em todo o país e a ser colocado “por imposição” no Ecoparque do Relvão, e os “milhares de toneladas” de lamas de Estações de Tratamento de Águas Residuais de todos os municípios.
“Estamos a resolver os problemas dos nossos vizinhos, e bem, mas, por outro lado, temos as nossas populações a reclamar porque o nosso não é resolvido”, disse, salientando ainda o risco de perda de interesse de manifestações de investimento na ordem dos 100 milhões de euros no Ecoparque, negociadas no pressuposto da conclusão do IC3.
Paulo Queimado lembrou que, diariamente, “centenas de camiões com resíduos perigosos” atravessam as localidades de Almeirim, Alpiarça, Vale de Cavalos, Chamusca, Pinheiro Grande, Carregueira, por não terem outra alternativa senão usar a Estrada Nacional 118, quando vêm de sul.
Os que vêm do norte, sobretudo a partir do terminal intermodal de Riachos/Entroncamento, onde chegam, por ferrovia (fruto do esforço de descarbonização), os resíduos que se destinam aos CIRVER, deparam-se com os constrangimentos na travessia da ponte da Chamusca, onde, exemplificou, na manhã de hoje, só devido ao nevoeiro, se registaram tempos de espera de 45 minutos.
Lembrando que este troço do IC3/A13 tem vindo a ser contemplado sucessivamente em documentos de planeamento, o autarca afirmou que a sua ausência no PNI de 2019 foi assumida pelo ministro como uma “lacuna”, tendo havido compromisso de que seria incluída, pelo que considera “incompreensível” não constar do documento apresentado na quinta-feira.
Para Paulo Queimado, tratando-se de “fichas de projecto”, ainda é possível incluir esta infra-estrutura, pelo que foi solicitada uma reunião a Pedro Nuno Santos por parte da Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo (CIMLT), na qual será ainda suscitada a questão do projecto da ferrovia para a região.
O Conselho Intermunicipal da CIMLT vai reunir-se no sábado, tendo na agenda a ausência, no PIN 2030, de vários projectos considerados essenciais no âmbito dos programas de valorização do interior, como por exemplo a conclusão do IC3/A13 e o facto de, na ferrovia, não estar contemplada a variante a Santarém.
Numa pergunta enviada hoje ao primeiro-ministro, António Costa, os deputados do PSD eleitos por Santarém sublinharam “a necessidade de melhoria dos acessos ao Eco Parque do Relvão, na Chamusca, que continua a receber resíduos perigosos de todo o país e irá acolher, nos próximos oito meses, resíduos de um aterro de Gondomar”.
Os deputados afirmam querer “respostas para garantir que a ‘mega-operação’ prevista de transporte de resíduos desde São Pedro da Cova, em Gondomar, até à Chamusca não representa qualquer perigo para as populações”.
Para os deputados social-democratas, o “constante adiamento da conclusão do IC3 e das ligações previstas com os restantes eixos rodoviários principais, quer com a A23 quer com a A13, tem criado uma situação de grande injustiça e perigo não só para a população da Chamusca, mas também de outros concelhos como a Golegã, Alpiarça ou Almeirim”.