A nova presidente da Câmara de Benavente, Sónia Ferreira (AD), anunciou hoje a criação de uma comissão técnica multidisciplinar para acompanhar o projeto do novo aeroporto internacional no Campo de Tiro de Alcochete.

A autarca, em declarações à agência Lusa, destacou que o concelho vai receber “a maior obra do século realizada em Portugal” e sublinhou que a câmara terá um papel “fundamental” na gestão do território e na articulação com o Governo.

“Temos como proposta a criação de uma comissão técnica de acompanhamento, com técnicos de diversas áreas e acompanhamento político, para garantir que esta infraestrutura serve o país, mas também o concelho de Benavente”, afirmou.

Sónia Ferreira considera que o novo aeroporto, batizado como Luís Vaz de Camões, representa uma oportunidade histórica para o desenvolvimento local, mas alerta para os desafios que se colocam.

“Sabemos que estas grandes infraestruturas trazem desenvolvimento, mas também exigem planeamento rigoroso. Teremos de acautelar todas as questões de segurança e acessibilidades”, disse, acrescentando que o impacto será sentido não só em Benavente, mas em toda a região envolvente.

A autarca defendeu que o município deve estar envolvido desde o início na definição das soluções técnicas e urbanísticas, e revelou que já foram iniciadas diligências para garantir que o território está preparado para receber a infraestrutura.

 “Benavente tem um potencial enorme, mas foi deixado para trás durante décadas. Esta é a oportunidade de recuperar o tempo perdido”, afirmou.

A coligação Aliança Democrática (AD), que junta PSD e CDS-PP, venceu pela primeira vez a Câmara Municipal de Benavente, pondo fim a 46 anos de governação comunista. A vitória foi acompanhada pela conquista de três das quatro freguesias do concelho, incluindo Benavente, onde a CDU nunca tinha perdido.

“Foi um dia histórico. As pessoas quiseram claramente uma mudança”, disse Sónia Ferreira, que atribui o resultado à “persistência e resiliência” da coligação.

Apesar da vitória, a distribuição de mandatos na vereação resultou num executivo sem maioria, com AD, Chega e CDU a elegerem dois vereadores cada, e o PS um. A nova presidente da Câmara garantiu disponibilidade para dialogar com todas as forças políticas, mas apelou ao respeito pelos resultados eleitorais.

“Esperamos que os partidos que queriam a mudança, como o Chega e o PS, e também a CDU, respeitem a vontade dos eleitores e não formem coligações negativas que impeçam o trabalho de quem ganhou”, afirmou.

Sónia Ferreira revelou que já reuniu com todos os partidos e que pretende promover uma governação dialogante.

“A nossa atitude é democrática. Queremos ouvir e trabalhar em conjunto pelo bem das freguesias e do concelho”, disse.

Entre as primeiras medidas do novo executivo está a realização de uma auditoria às contas e à gestão municipal, que considera “fundamental” após quase meio século de governação da CDU.

“Queremos saber exatamente o estado das contas e dos serviços. Só assim podemos começar a reorganizar a Câmara e motivar os nossos funcionários, que estão desanimados e desacreditados”, afirmou.

A autarca apontou ainda como prioridades a melhoria da recolha de resíduos, a reorganização dos serviços camarários, a construção de um novo quartel da GNR, o reforço da rede de creches e escolas, e a criação de uma nova Unidade de Saúde Familiar (USF) em Benavente.

“Temos cerca de 12 mil pessoas sem médico de família. É um problema grave que exige resposta urgente”, alertou.

Sónia Ferreira defendeu também o regresso da parceria público-privada (PPP) no Hospital de Vila Franca de Xira, que considera essencial para melhorar o acesso à saúde na região.

“Desde que a PPP terminou, o serviço entrou em colapso. É preciso voltar a um modelo que funcione”, afirmou.

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