O Bloco de Esquerda criticou a “má qualidade” do rio Tejo e mostrou “preocupação” com a “falta de informação sobre a monitorização dos efluentes” da Celtejo” e a “metodologia utilizada no tratamento de lamas” em Vila Velha de Ródão.
“Há dois casos que nos preocupam bastante”, disse à agência Lusa o deputado do Bloco de Esquerda (BE) Pedro Soares relativamente à monitorização dos efluentes lançados ao Tejo pela empresa Celtejo e da metodologia na remoção das lamas em Vila Velha de Ródão, numa visita realizada ao rio Tejo na zona de Abrantes, onde a comitiva do BE pôde “constatar que o rio continua com coloração escura, castanha, e também com formação de espuma”.
Pedro Soares, acompanhado do deputado do Bloco de Esquerda (BE) Carlos Matias, eleito por Santarém, e do vereador bloquista da Câmara de Abrantes, Armindo Silveira, entre outros militantes, disse que os casos que em que o BE vai “exigir informação” ao Ministério do Ambiente são, “em primeiro lugar, a monitorização dos efluentes que continuam a ser lançados pela Celtejo”, empresa de celulose instalada em Vila Velha de Ródão, no distrito de Castelo Branco.
“Continuamos a não ter informação sobre essa matéria, não temos informação sobre o funcionamento das instalações da ETAR [Estação de Tratamento de Águas Residuais] da Celtejo e não sabemos se a Celtejo está a cumprir ou não os parâmetros da nova licença”, afirmou o deputado bloquista, tendo acrescentado ser “exigível que o ministro do Ambiente, quando veio anunciar a operação Tejo Limpo, desse também essa informação, e que nos dissesse o que se esta a passar com aquelas que foram consideradas as principais fontes de poluição do rio Tejo”.
Segundo Pedro Soares, que também é presidente da Comissão de Ambiente da Assembleia da República, o BE quer e vai requerer “informação sobre as fontes de poluição do Tejo e em particular daquela que foi considerada a principal, a Celtejo”.
O político salientou que os deputados “continuam preocupados com a metodologia que está a ser utilizada para o tratamento das lamas em Vila Velha de Ródão”, referindo “dúvidas” sobre essa matéria”, nomeadamente sobre “como é que estão a ser emitidos para o Tejo os efluentes pós-tratamento” das lamas.
“Sabemos que a metodologia utilizada é através da floculação, ou seja, a separação da parte sólida da parte líquida, agora, após essa separação, o efluente está a ser lançado sem qualquer tratamento para o rio Tejo e, nesse efluente, há matéria orgânica dissolvida, e nós precisamos de informação também sobre a qualidade do efluente que está a ser lançado no Tejo pós floculação do sistema de Vila Velha de Ródão”, reclamou.
Em resultado da visita de trabalho às margens do Tejo, o deputado Pedro Soares disse que a mesma resultou das “sucessivas denúncias sobre o estado do rio Tejo, mesmo após as intervenções que têm vindo a ser feitas por parte da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), tanto em ralação às empresas de celulose em Vila Velha de Ródão, como em relação ao tratamento das lamas”, também naquela zona do distrito de Castelo Branco.
“A situação está a afectar várias actividades, desde logo o sistema ecológico, mas também as actividades económicas, o usufruto das praias fluviais, e a utilização de água para rega”, tendo o deputado bloquista frisado que perante a actual situação demonstra ser “necessária uma intervenção por parte da APA para a reposição das condições do Tejo”.
Por fim, Pedro Soares disse à Lusa que vai propor aos Grupos Parlamentares que constituem a Comissão de Ambiente da Assembleia da República “que se faça um novo périplo por todo o rio Tejo”, na próxima primavera, altura em que se assinalam três anos sobre a visita dos deputados daquela Comissão ao rio Tejo.