Já começou a contagem decrescente para a Agroglobal 2023. Uma edição renovada que aposta numa nova localização: este ano o ponto de encontro, entre 5 a 7 de Setembro, será no CNEMA, em Santarém, com a presença de toda a fileira de uma forma 100% profissional. Um ambiente de partilha de conhecimento visando o agro-negócio. Um formato a “3 dimensões”, dinâmico e interactivo, nos campos da lezíria do Tejo.

A AgroGlobal valoriza o saber de experiência feito de gerações de agricultores, mas, ao mesmo tempo, exibe os meios tecnológicos e científicos que um enorme conjunto de empresas coloca à disposição do sector de forma permanentemente renovada. Paulo Fardilha, director geral da Agroglobal disse nesta entrevista ao ‘Correio do Ribatejo’ que o evento mostra já “os primeiros sinais de um processo de internacionalização”.

A Agroglobal realiza-se este ano, pela primeira vez, no Centro Nacional de Exposições. Com denominadores comuns relativamente às edições passadas ou com um projecto diferenciador?

Nesta IX edição de 2023, essencialmente com denominadores comuns, mas com os primeiros sinais de um processo de internacionalização do evento. Julgo que o caminho de crescimento da Agroglobal passa pela sua internacionalização. Este ano teremos uma presença significativa de empresas e visitantes de vários países.

Que mais-valias traz a localização da Agroglobal no CNEMA?

O CNEMA, é uma infra-estrutura construída para a realização de grandes eventos. Com uma excelente localização, bons acessos e estacionamento. Este ano tivemos de realizar um investimento significativo para criar as condições necessárias à realização de um evento profissional, ao ar livre, dinâmico, com inúmeras actividades a acontecerem em simultâneo. Mas sendo um espaço permanentemente dedicado à realização de eventos podemos ter um tipo de estruturas de apoio que no anterior local não existiam, nem seria possível serem criadas.

Assim entendemos com o espaço do CNEMA e uma propriedade muito próxima, que alugámos, para realizar uma parte dinâmica do evento, temos reunidas as condições para que a maior feira profissional do sector agrícola em Portugal continue a somar sucessos e notoriedade.

As empresas perceberam a ‘mudança’ e aderiram à nova localização?

Desde Novembro de 2022, convidamos as empresas a vir ao CNEMA para conhecerem como estávamos a planear o evento e qual a sua dinâmica. A esmagadora maioria entendeu e acreditou logo no projecto. A prova disso são os cerca de 280 participantes que irão estar presentes já na próxima semana, dias 5, 6 e 7 de Setembro.

Vão manter-se as demonstrações de máquinas agrícolas e florestais que faziam a diferença nos certames anteriores?

Sim, iremos manter a dinâmica das demonstrações de máquinas, agrícolas e florestais e talvez até de uma forma mais intensiva.

O que vamos poder ver na Agroglobal deste ano no CNEMA? Como se organiza o espaço e o certame?

A dinâmica e organização do espaço será uma novidade para todos, até para a organização. Iremos ter uma área exclusivamente expositiva, no recinto exterior do CNEMA, onde estarão ainda três auditórios. No edifício do CNEMA, irá funcionar também o espaço tecnológico e mais dois auditórios. Nas zonas limítrofes ao recinto exterior do CNEMA, teremos demonstrações

de culturas permanentes, tais como, vinha, olival, amendoal, aveleiras, nogueiral, pomares e floresta. Teremos ainda neste espaço, demonstrações de máquinas a mobilizar o solo, pulverizar ou em actividades florestais.

Em paralelo a cerca de 1km do CNEMA, teremos um espaço com cerca de 50 hectares onde estão os campos com culturas anuais, milho, tomate, pimento arroz e cânhamo. Aqui irão acontecer demonstrações de colheitas e preparação de solos. A movimentação de pessoas desde o recinto do CNEMA, para a zona das culturas anuais, será feita através de shuttles, disponibilizados pela organização.

A sigla das anteriores edições era “nós semeamos”. É uma premissa que se mantem?

O “nós semeamos”, continuará a ser a nossa sigla de referência. No entanto para esta edição com a mudança, acrescentámos o “cada vez mais”, AGROGLOBAL, para darmos indicação de que queremos manter o mesmo espírito das oito edições anteriores.

Começa a haver interesse internacional nesta Agroglobal? A presença de uma missão empresarial do Brasil é disso exemplo? É esse o caminho?

Tal como atrás referi, um processo de internacionalização, será o caminho que permitirá fazer crescer este evento profissional do sector do agronegócio. A dimensão do nosso país limita o crescimento das empresas, uma vez que existem demasiadas empresas para um mercado relativamente pequeno. No entanto a agricultura portuguesa evoluiu muito nos últimos anos, atingindo um nível de intensificação e tecnológico, que nos permite trabalhar em qualquer outro mercado. Julgo que só desta forma as empresas poderão continuar a crescer e atingir níveis de rentabilidade que lhes permitam um investimento continuo na investigação e desenvolvimento de novos serviços, produtos e equipamentos.

Este ano para além dos nossos vizinhos Espanhóis, presença habitual em anteriores edições termos uma presença do Brasil, Angola, EUA e de vários países da União Europeia. Estamos a falar de presença directa, porque como é obvio nas anteriores edições estes países já estiveram presentes através de distribuidores nacionais.

O que podem esperar os expositores e todo o sector agrícola em geral desta nova edição da Agroglobal?

Podem esperar uma “CADA VEZ MAIS AGROGLOBAL”. A Agroglobal sempre teve como objectivo dar palco às empresas do sector para se mostrarem, criar novas relações, e debaterem tendências e os problemas que infelizmente afectam a sua actividade.

A Agroglobal procurará dar resposta aos grandes problemas globais que se verificam hoje ao nível da agricultura em Portugal e no Mundo?

Os temas que irão ser debatidos na Agroglobal são sem dúvida os que mais preocupam os agricultores e as empresas que operam neste sector. São temas que interferem não só com o sector, mas também directamente com o consumidor final. Afinal, cabe ao agricultor produzir os alimentos para satisfazer as necessidades de uma população mundial que não para de crescer.

O intercâmbio entre os agricultores e as empresas que participam na Agroglobal, darão com certeza um contributo para se encontrem caminhos e soluções para os problemas globais do sector.

As questões que hoje em dia se levantam como a guerra na Ucrânia, nomeadamente quanto aos cereais, a escassez de água e as alterações climáticas são temas/preocupações que vão passar pela Agroglobal? De que forma?

São temas que estão na ordem do dia e com certeza farão parte dos debates e discussões que irão acontecer nos auditórios da Agroglobal, durante estes três dias. A geopolítica de hoje é orientada pela garantia de água, alimentos, e recursos para enfrentar as consequências das alterações climáticas.

Sustentabilidade, transformação digital, internacionalização são desafios que se levantam á generalidade das empresas portuguesas. Estamos à altura de dar esses passos rumo ao futuro?

Julgo que ao nível tecnológico e de conhecimento, o sector tem todas as condições para se tornar mais sustentável, digital e seguir o caminho da internacionalização.

São sem dúvida desafios que se colocam no imediato às empresas portuguesas. No entanto para que estes processos tenham sucesso é necessário apoiar as gerações mais jovens, com politicas adequadas e capital para poderem investir a médio e longo prazo.

Tivemos recentemente uma ministra da Agricultura que não foi convidada nem visitou a Feira Nacional de Agricultura também ela no CNEMA. A Agroglobal convidou membros do governo para o evento? Como vê o papel do ministério da Agricultura na defesa dos interesses dos agricultores em Portugal?

A Agroglobal é um evento profissional, para profissionais, organizado por pessoas do sector agrícola e com o contributo das empresas participantes. Assim sendo, não faz sentido convidar uma ministra, que, da agricultura, apenas terá o nome, uma vez que em nada tem defendido os interesses dos agricultores. E não só não defende como ainda toma medidas para burocratizar, complicar e atrasar os processos de decisão e atribuição dos apoios indispensáveis à competitividade deste sector.

Quanto ao ministério, é hoje o reflexo das políticas e decisões do governo. Com a recente extinção das direcções regionais de agricultura, esvaziamento dos quadros técnicos, integração na CCDR, questiono se o ministério da Agricultura ainda existe!

Que mensagem quer deixar aos expositores

presentes na Agroglobal 2023?

Primeiro quero agradecer às empresas que irão estar presentes nesta IX edição da Agroglobal o apoio que estão a dar para que este evento se possa realizar.

São os expositores no seu conjunto que fazem acontecer este evento, permitindo a troca de informação, experiências, apresentando inovações tecnológicas e fazendo acontecer o debate.

Irão ser três dias muito intensos cheios de actividade, contactos entre empresas e visitantes, enfim, muito trabalho com o “nós semeamos” para que tenha valido a pena ser “cada vez mais Agroglobal!”

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