A Câmara de Santarém aprovou esta semana uma verba de 200.000 euros para 73 projetos de 46 agentes culturais do concelho, em 2023, tendo o vereador com o pelouro afirmado esperar no próximo ano “dar mais um bocadinho”.
Nuno Domingos, vereador com o pelouro da Cultura, referiu, na reunião do executivo municipal, que o valor atribuído ficou bastante abaixo do valor global solicitado pelas associações e entidades que se candidataram ao Programa de Apoio ao Associativismo e Agentes Culturais (PAAAC), na ordem dos 627.000 euros, para um valor total dos projetos superior a um milhão de euros.
“De facto é uma discrepância muito grande. Temos de avaliar a possibilidade de no próximo ano dar mais um bocadinho”, afirmou o vereador eleito pelo PS e que detém o pelouro da Cultura no âmbito do acordo de governação pós eleitoral assinado com a maioria social-democrata, reconhecendo que este ano o valor aumentou “um pouco” em relação a 2022.
A verba aprovada na reunião de terça-feira, por unanimidade, destina-se a 13 projetos permanentes, no valor global de 130.000 euros, e a 60 pontuais/festivais, no total de 70.000 euros, disse.
Foram contemplados 30 projetos de cultura tradicional, 24 projetos transdisciplinares, 15 de música, 11 de dança, sete de teatro, três de pesquisa, investigação, documentação e arquivo e dois de artes plásticas.
As candidaturas ao PAAAC abriram em 20 de fevereiro, tendo os projetos sido avaliados por um júri, que fez a proposta colocada a votação na terça-feira.
Segundo a decisão, metade da verba será paga aos agentes culturais no fim de julho e os restantes 50% no final de novembro.
Algumas associações têm apelado a uma revisão das datas do processo, referindo que a chegada das verbas já na segunda metade do ano obriga, por vezes, a refazer iniciativas programadas por incapacidade de antecipação dos valores por parte das coletividades.
Ainda na reunião de terça-feira, foi aprovada a verba de 66.000 euros para o Festival Órgãos Históricos de Santarém (FÓS), que se realizará de 24 de novembro a 03 de dezembro, montante que será transferido em duas tranches (julho e novembro) para a Santa Casa da Misericórdia de Santarém (SCMS), que faz a gestão financeira do projeto.
O presidente da Câmara de Santarém, Ricardo Gonçalves (PSD), referiu o facto de o projeto, realizado desde 2009 em parceria com a SCMS e com a Diocese, estar a crescer “de ano para ano”.
O autarca disse esperar que, em 2025 ou 2026, o festival possa integrar o órgão da Igreja de Santa Iria da Ribeira, para cuja recuperação estão a ser negociados fundos comunitários, no âmbito da intervenção programada para o edifício.
Santarém reivindica ser a cidade que reúne mais órgãos antigos, em perfeito funcionamento, dentro do centro histórico.
Em 2007 e 2008 foram restaurados seis órgãos pelos organeiros Dinarte Machado e Nuno Rigaud, nomeadamente nas igrejas de Marvila, Sé, Piedade, Monte, Misericórdia e São Nicolau, quatro dos quais dos “mais destacados mestres de organaria portuguesa do fim do século XVIII e início do XIX”, António Xavier Machado Cerveira e Joaquim António Peres Fontanes.
O último órgão a ser restaurado foi o da Igreja de Santa Maria da Alcáçova em 2015.