A Câmara de Santarém decidiu avançar com o concurso público internacional para a construção de um crematório junto ao actual cemitério, processo que se vem juntar aos que estão já em curso no Entroncamento e em Almeirim.

A decisão de avançar com o concurso para conceção, construção e exploração do crematório foi tomada segunda-feira na reunião do executivo camarário escalabitano, numa votação que teve os votos contra dos quatro eleitos da oposição socialista e que terá que ser ratificada na sessão da Assembleia Municipal, que se realizará na próxima semana.

O executivo liderado pelo social-democrata Ricardo Gonçalves retoma um processo que foi chumbado por duas vezes no anterior mandato (quando tinha maioria simples) e que o vereador com o pelouro dos Cemitérios, Jorge Rodrigues, disse hoje à Lusa reunir condições para avançar.

O autarca referiu o interesse mostrado pelos promotores destas estruturas que operam no mercado nacional, frisou os estudos que indicam um “crescimento exponencial” da opção pela cremação e lembrou a densidade populacional na área abrangida se a localização for Santarém.

Por outro lado, apontou o impacto no aumento do tempo de vida útil do actual cemitério, razão que considerou não justificar a opção defendida pelo PS, de construção de um novo cemitério, dotado de crematório, numa zona de melhor acessibilidade.

Jorge Rodrigues disse à Lusa que a existência de projectos em concelhos próximos “não preocupa muito” o executivo escalabitano, sublinhando que os promotores interessados conhecem essa realidade e farão a sua própria avaliação.

O projecto tem um custo estimado de 570 mil euros e a cedência do terreno é feita por um período de 30 anos.

No caso do Entroncamento, depois do concurso realizado em 2014 ter ficado deserto, o executivo liderado pelo socialista Jorge Faria retomou o processo em Abril último, aguardando o relatório final do júri para uma tomada de decisão na próxima reunião de Câmara.

Jorge Faria disse à Lusa que o concurso, também para conceção, construção e exploração do crematório, a construir junto ao cemitério da cidade, teve dois interessados, tendo apenas um deles concretizado a proposta.

O autarca disse que o município tem os projectos feitos, pelo que a obra, orçada em 683 mil euros e com um prazo de execução de 180 dias mais 90 para entrada em funcionamento, se irá iniciar este ano para estar concluída o mais tardar no primeiro trimestre de 2019.

Almeirim optou por uma solução diferente, assumindo a Câmara Municipal o investimento de 450 mil euros e entregando a exploração à Junta de Freguesia de Almeirim, que gere o cemitério e que irá pagando o valor ao município a partir dos lucros obtidos.

O presidente da Câmara Municipal de Almeirim, Pedro Ribeiro (PS), disse à Lusa que o município estará em condições de lançar o concurso na primeira semana de Julho, acreditando que a obra, mesmo que necessite de visto prévio do Tribunal de Contas, se poderá iniciar ainda este ano e estar concluída até ao verão de 2019.

Sem querer comentar as iniciativas em curso no distrito, Pedro Ribeiro afirmou a convicção de que “cada autarca, quando programa obras, pensa sempre que está a fazer o melhor para o seu concelho”.

A construção de um crematório em Santarém, inserido num novo cemitério a construir no concelho, chegou a ser ponderada como um projecto intermunicipal em 2005, altura em que a comunidade intermunicipal era presidida pelo socialista José Sousa Gomes (então presidente da Câmara de Almeirim) e o município escalabitano por Rui Barreiro.

Actual vereador do PS na Câmara de Santarém, Rui Barreiro mantém a convicção de que construir o crematório no actual cemitério dos Capuchos “é um erro”.

Jorge Rodrigues contrapõe que o terreno encontrado, numa plataforma inferior do cemitério, situado no topo de uma das encostas da cidade, tem os pareceres técnicos favoráveis das várias entidades que têm que se pronunciar sobre o processo.

Por outro lado, considera que o projecto de requalificação da rua António dos Santos e adjacentes irá resolver a questão da acessibilidade e do estacionamento, que têm sido apontados como desvantagens para a localização.

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