A Câmara de Santarém aprovou a abertura de um segundo concurso público para a empreitada de valorização do Mouchão de Pernes, elevando o valor base para cerca de 900 mil euros, depois de o primeiro concurso ter ficado deserto.
Em declarações à Lusa, o presidente da Junta de Freguesia de Pernes, Raul Violante, afirmou que o novo concurso “aumenta a expectativa de atrair propostas”, uma vez que “duas empresas manifestaram interesse, desde que o valor da empreitada fosse revisto”.
O projecto visa reabilitar o Mouchão, uma pequena ilha fluvial com cerca de dois mil metros quadrados situada no rio Alviela, “um espaço emblemático e de grande beleza natural, com uma cascata invulgar”, sublinhou o autarca.
Segundo o presidente da junta, o Mouchão “foi durante décadas um local de encontro da população”, tendo acolhido, a partir dos anos 1950, uma cafetaria e restaurante. Entretanto, a poluição do rio Alviela, provocada sobretudo pelo lançamento de resíduos químicos provenientes da indústria de curtumes, afectou o espaço e levou ao seu abandono.
“Vários produtos químicos eram lançados no rio sem qualquer tratamento prévio e isso originou uma situação dramática, não apenas da própria composição da água, mas também do ar. A espuma das descargas industriais era tanta que chegava ao primeiro andar das casas ribeirinhas”, relatou, recordando que o problema levou à criação, em 1975, da Comissão de Luta Antipoluição do Alviela, uma das primeiras associações ambientalista do país.
O novo projecto, recentemente aprovado pelo município, prevê a demolição dos antigos edifícios, entretanto vandalizados, e a construção de uma nova cafetaria, elevada a 1,20 metros, de forma a resistir às cheias que frequentemente atingem o Mouchão.
“O objectivo é devolver vida ao espaço e permitir que as pessoas possam novamente usufruir da cascata e do contacto com a natureza”, disse o autarca, acrescentando que a Junta adquiriu dois hectares de terreno junto ao Mouchão, na margem esquerda do Alviela, com acessos à Estrada Nacional 3.
“A nossa intenção é que, numa segunda fase, esse espaço possa acolher uma área de lazer e autocaravanismo, algo que faz muita falta em Pernes e até no concelho de Santarém”, afirmou.
O presidente da junta salientou ainda que esta intervenção se insere numa estratégia mais ampla de revitalização da zona ribeirinha, articulando-se com o projecto “Alviela 7.7”, um projecto que tem como objectivo requalificar as margens do rio Alviela, não só em Pernes, mas também nas freguesias vizinhas.
“Acreditamos que esta zona pode voltar a ser um polo de atracção turística, como foi nas décadas de 1950 e 1960”, afirmou.
Além da valorização do Mouchão, o autarca destacou outros investimentos em curso, como a construção do pavilhão da Escola D. Manuel I, com um custo de 2,6 milhões de euros.
“É uma infra-estrutura muito esperada. Durante anos, os alunos usaram o espaço dos bombeiros para fazer educação física, com condições muito limitadas”, apontou.
Está também previsto, na zona de desenvolvimento económico da freguesia, o arranque de um projecto privado de produção de cenouras ‘baby’, com um investimento próximo dos 100 milhões de euros e que prevê a criação de até 120 postos de trabalho numa primeira fase.
“Uma empresa de produção de cenouras ‘baby’ vai instalar-se numa área de 50 hectares, num projecto que ronda os 100 milhões de euros e poderá gerar entre 100 a 120 postos de trabalho numa primeira fase. Será um salto em frente para a nossa terra”, concluiu.