A Câmara de Torres Novas assegura que não desistiu de instalar uma ‘start up’ no antigo edifício da CGD e que o protocolo de cedência do espaço a privados na área da saúde visou “não perder uma oportunidade”.
A garantia foi dada pelo presidente do município, Pedro Ferreira (PS), em resposta à Lusa, na sequência da polémica gerada pela cedência do edifício para onde estava projetada a ‘start up’ a uma sociedade.
Segundo um comunicado do BE, a sociedade resulta da junção de três empresas consultadas para um projeto apresentado durante a pré-campanha eleitoral para as autárquicas de 2021, o qual foi entregue a uma delas, acabando o contrato por ser resolvido por incumprimento.
A concelhia bloquista questionou o executivo da Câmara Municipal sobre o que aconteceu ao projeto EVA – Equipa para uma Vida Ativa e se, ao receber o projeto CEOS – Centro de Estudos Observacionais em Saúde, apresentado pela Medical Knowledge Academy Lda (MKA), “diligenciou para, no mínimo, conhecer o perfil e o historial” da empresa.
“Não se detetou que esta empresa era propriedade das três empresas consultadas para a implementação do projeto EVA? Não se teve em conta a experiência, que tudo indica negativa (incumprimento do contrato), com uma delas? Se, apesar de tudo, decidiram assinar o protocolo, exige-se saber porquê”, refere o BE.
Pedro Ferreira disse à Lusa ser “completamente falso” que o município tenha “desistido de implantar” o “edifício principal” da ‘start up’ Torres Novas no imóvel que foi da Caixa Geral de Depósitos (CGD) e que adquiriu em 2020.
O autarca realçou que o protocolo assinado com a MKA, aprovado por unanimidade pelo executivo municipal, inclui uma alínea que prevê diligências para encontrar “uma alternativa ao imóvel agora cedido, caso o município determine diferente finalidade” para o mesmo.
“O município tem um projeto de arquitetura de interiores completo, de que anexamos algumas partes, a aguardar candidaturas nos Programas Comunitários 2030, PRR ou ITI, pelo que, com candidatura aprovada, a MKA terá que procurar outra alternativa de espaço”, lê-se na resposta à Lusa.
Segundo o autarca, a “estratégia do município foi não perder uma oportunidade que se considera muito importante para Torres Novas e para a região no campo da medicina, com interligações à Universidade do Minho e à CESPU-Cooperativa de Ensino Superior Politécnico, para desenvolvimento e capacitação de um Centro de Investigação Clínica em Torres Novas”.
Para Pedro Ferreira, os contactos com estas instituições “pressupõem muitos conhecimentos no setor da saúde a vários níveis”.
Sobre o projeto EVA, o autarca afirmou que “não foi concluído em tempo oportuno (contratual), por não terem sido disponibilizados logo de início pela ARSLVT [Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo] os cerca de 7.000 doentes com mais de 70 anos, número que serviu de base ao valor contratualizado”.
O protocolo assinado com a ARSLVT permitia que o Centro Hospitalar do Médio Tejo e o Agrupamento de Centros de Saúde do Médio Tejo colaborassem com a equipa contratada pelo município para acompanhar a população idosa com risco de doença cardiovascular, sobretudo nas freguesias com acesso mais limitado a médico de família.
Pedro Ferreira declarou que a ARSLVT acabou por disponibilizar uma listagem com 1.250 utentes, “porém com a indicação de que só poderiam ser visitados os utentes com mais de 80 anos sem médico de família”.
“Obviamente que a operação ficou comprometida”, tendo sido “acertada contabilisticamente”, acrescentou, salientando que durante o período de pandemia de covid-19 não deixou de ser “uma boa experiência, inovadora e, se necessário, [a] repetir com uma estruturação e interligação diferente com os parceiros sociais e de saúde”.