O centenário de Bernardo Santareno vai ser assinalado ao longo do próximo ano com uma série de iniciativas, que passam pela estreia da sua peça “O Pecado de João Agonia” no Teatro da Trindade, em Lisboa.

Iniciativa da atriz e encenadora Fernanda Lapa e da sua Escola de Mulheres, o programa de comemorações começa no dia 18 de janeiro de 2020 com um colóquio e uma exposição na Fundação Calouste Gulbenkian, organizados pela fundação em parceria com a Associação Portuguesa de Escritores e pela Escola de Mulheres-Oficina de Teatro.

Um dos pontos altos das celebrações é a estreia da peça “O Pecado de João Agonia”, da autoria do dramaturgo, uma obra de 1960 em que é abordada a homossexualidade e a repressão social, que se estreará no Teatro da Trindade, encenada por Fernanda Lapa, numa coprodução com esta sala de espetáculos.

A peça estreia-se a 19 de novembro, dia em que o dramaturgo faria 100 anos, e fica em cena até 20 de dezembro, a par de uma exposição biobibliográfica sobre Bernardo Santareno, segundo o programa, divulgado por Fernanda Lapa.

No dia 21 de novembro, será exibido o documentário de Luís Filipe Costa “Bernardo Santareno Português Escritor Médico”, a 05 de dezembro será exibido o vídeo “BernardoBernarda”, uma produção da Escola de Mulheres (2005) com encenação de Nuno Carinhas, e a 12 de dezembro serão exibidos extratos de “A promessa”, com encenação de João Cardoso, que a apresentou no Teatro Nacional São João, no Porto, em 2017.

Todos estes visionamentos serão seguidos de colóquios.

Para 19 de dezembro está prevista uma mesa redonda com intérpretes de obras de Santareno ainda em vida dele: Eunice Muñoz, Lurdes Norberto, Henriqueta Maia, Estrela Novais, João Mota, Paula Guedes, Joel Branco, Manuel Marcelino, Ruy de Carvalho e Glória de Matos.

No Espaço Escola de Mulheres haverá uma “maratona Santareno”, que consiste em sessões de leitura de obras de teatro e poesia do autor de “O Lugre”, por atores profissionais e voluntários do público.

Esta é uma iniciativa em colaboração com o Teatro Meridional, que terá lugar aos sábados, durante os meses de fevereiro a agosto.

A Seiva Trupe, em Matosinhos, leva à cena em março a estreia de “O Crime de Aldeia Velha”, com encenação de Júlio Cardoso, o teatro A Barraca, em Lisboa, vai abrir portas para a leitura encenada de “O Lugre”, pela voz da atriz Maria do Céu Guerra, e o Centro Dramático de Viana Teatro de Noroeste apresenta em junho “O Lugre”, com encenação de João Mota.

Ainda em volta dos livros de Bernardo Santareno vão andar outras companhias de teatro, como a Comuna, que terá sessões de leitura de poesia, escolas, como a Escola Superior Artística do Porto, onde será feita a leitura comparada do “Édipo Rei” e “António Marinheiro (Édipo de Alfama)”, e a Cinemateca Portuguesa, que dedicará um ciclo a filmes a partir de obras de Santareno.

A Sociedade Portuguesa de Autores vai organizar uma exposição biobibliográfica em coprodução com o Museu do Teatro e da Dança, e vai instituir o Prémio de Teatro Bernardo Santareno.

No campo editorial, a E-Primatur vai continuar a reeditar a obra de Bernardo Santareno – já publicou “Nos mares do fim do mundo”, “O inferno”, “O crime de aldeia velha”, “O judeu”, “O Lugre” -, estando previsto para 2020 o primeiro volume das obras completas.

Por outro lado, o Centro de Estudos de Teatro da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa vai editar um volume de estudos internacionais sobre a obra de Santareno.

Nascido António Martinho do Rosário, em Santarém, formou-se em medicina e especializou-se em psiquiatria, mas foi com o pseudónimo literário Bernardo Santareno que se tornou conhecido fora dos consultórios onde trabalhou.

Bernardo Santareno viria a revelar-se como autor de teatro só depois de publicar três livros de poesia: “Morte na Raiz” (1954), “Romances do Mar” (1955) e “Os Olhos da Víbora” (1957).

Foi a sua experiencia a bordo dos navios David Melgueiro, Senhora do Mar e navio-hospital Gil Eanes, onde, entre 1957 e 1958, acompanhou as campanhas de pesca do bacalhau como médico, que lhe serviria de inspiração a muitas das suas obras, como “O Lugre”, “A Promessa” e o volume de narrativas “Nos Mares do Fim do Mundo”.

Considerado um dos maiores dramaturgos portugueses do século XX, Bernardo Santareno morreu a 29 de agosto de 1980, com 59 anos de idade, tendo deixado inédito um dos seus mais vigorosos dramas, “O Punho”, cuja ação se passa no quadro revolucionário da Reforma Agrária, no Alentejo.

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