Os municípios de Torres Novas e da Golegã, assim como o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), inauguraram o novo projecto expositivo do Centro de Interpretação da Reserva Natural do Paul do Boquilobo.

O momento de inauguração ocorreu no dia em que se celebraram os 41 anos da Reserva Natural, 24 de Junho, sendo que este projecto acontece no âmbito da candidatura intermunicipal Rotas e Percursos no Médio Tejo, especificamente dedicado à valorização das áreas protegidas e co-financiado no contexto do Programa Operacional Centro 2020 no valor de 50 mil euros.

O Município de Torres Novas estruturou o projecto Rota do Almonda – do Carso ao Paul, uma rota homologada (PR1TNV) de promoção da continuidade e integração entre o PNSAC e a RNPB, com várias acções associadas. Entre estas acções foi definida a actualização do projecto expositivo do centro de interpretação da RNPB como prioritária, que agora se inaugurou ao público.

Os trabalhos desenvolvidos, em estreita colaboração entre o ICNF, incluíram a definição de uma nova imagem, novos suportes físicos, painéis e vitrine, suportes digitais de promoção da interacção com o visitante, a produção de um documentário para melhor enquadramento sobre os valores da reserva e a dotação com meios para a respectiva projecção no pequeno auditório do centro. Os conteúdos foram actualizados e todo o projecto é agora bilingue, estando disponível em português e inglês.

No espaço exterior foi reparada a calçada envolvente do edifício, arranjados os espaços verdes e colocados bancos e mesas de apoio aos visitantes.

A este propósito, o Correio do Ribatejo entrevistou o vereador da autarquia torrejana, Joaquim Cabral, com o pelouro da Educação e do Património Natural, que nos fez o enquadramento deste projecto.

Joaquim Cabral, vereador da CM Torres Novas

Em que consiste este novo projecto expositivo da Reserva Natural do Paul do Boquilobo?
O novo projecto expositivo pretendeu dotar as estruturas do centro de interpretação de maior actualidade e interactividade com os visitantes. Em termos de suportes estáticos foi implementado um projecto que actualiza a informação que já estava disponível, estatutos de conservação, o funcionamento hídrico do paul, principais valores de fauna e flora, introduzindo algumas preocupações sobre actuais ameaças.
Foram disponibilizados agora três suportes multimédia interactivos e, no pequeno auditório, está disponível o filme de enquadramento produzido para este efeito, realizado pelo Carlos Lima, “Boquilobo – Reserva de Futuro”. Em termos globais procurámos também oferecer ao centro de interpretação uma maior atractividade, com conteúdos educativos que permitam aos visitantes, de todos os grupos etários, enriquecer a visita à reserva e sensibilizar para a importância da sua conservação. Todos os novos suportes foram instalados em português e inglês.

Torres Novas juntou-se à Golegã para a gestão conjunta desta Reserva Natural. Como tem sido esta parceria e quais as mais-valias?
O processo de co-gestão ainda não arrancou formalmente porque carece de assinatura de protocolo para o efeito, mas todo o trabalho colaborativo prévio tem sido facilitado pela boa relação existente entre as partes.

O financiamento do Estado Central é suficiente para a manutenção do espaço?
Ainda não conseguimos avaliar se o financiamento atribuído para as actividades no âmbito da co-gestão será suficiente.

Qual é a importância para a região desta Reserva?
No nosso entender é vital. Quando avançamos para este investimento é por acreditarmos que esta Reserva é mesmo uma “Reserva de Futuro”. As zonas húmidas concentram uma enorme biodiversidade, mas estão ameaçadas um pouco por todo o lado e devido a vários factores, desde as alterações climáticas, à proliferação de espécies invasoras, à poluição ou ao excesso de captação de água. Mantê-la é vital pela riqueza que concentra, mas também pelo efeito de regulação da quantidade e qualidade da água que a atravessa.

Que outros projectos de Turismo de Ambiente está a autarquia a desenvolver?
Este projecto inseriu-se numa candidatura com várias acções. Implementámos a Rota do Almonda, um percurso pedestre ao longo do rio (o PR1TNV) e que pretende promover esta ligação natural entre o carso da Serra de Aire e o Paul. Instalámos duas estações automáticas relativas à hidrologia e de monitorização da qualidade da água do Almonda. Em conjunto com Alcanena e Ourém, através da CIMT, estamos a ultimar a implementação da Grande Rota do Carso. E na sequência de uma deliberação da Assembleia Municipal, apresentámos ao ICNF uma proposta de ampliação da área do PNSAC na área do concelho, de forma a abranger a escarpa do arrife, mais do que duplicando a área do parque em Torres Novas. A curto prazo serão iniciados os trabalhos de instalação de quatro novos percursos pedestres homologados nesta área.
No rio Almonda estamos a planificar em articulação com a APA (Agência Portuguesa de Ambiente) uma intervenção de cerca de meio milhão de euros que tem como objectivos: a estabilização de taludes com recurso a engenharia natural, a renaturalização de margens com vegetação ripícola autóctone, a remoção de canaviais, a criação de corredores ecológicos / pedestres junto às margens. Também estamos a tratar da requalificação da zona envolvente da ponte das ribeiras.
De salientar a publicação recente pelo Município de Torres Novas do livro “Habitats e biodiversidade na Bacia do Almonda”. Queremos cada vez mais que os torrejanos e quem nos visita, conheça, conserve, proteja e viva o património natural, as nossas áreas protegidas e o nosso rio Almonda.
Pretendemos uma conservação da natureza com a promoção de uma fruição responsável e mais informada por parte de todos.

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