A Câmara de Santarém vai instalar o Centro de Investigação Joaquim Veríssimo Serrão (CIJVS) num antigo palacete junto às Portas do Sol, a Casa das Palmeiras, doada ao município pela proprietária, na condição de ali ser instalada uma biblioteca.
O anúncio foi feito quinta-feira, numa visita à casa, seguida de uma apresentação do projeto de adaptação do espaço para receber o CIJVS e os perto de 40.000 livros e documentos do seu acervo, da autoria do arquiteto Guedes de Amorim.
O vereador da Câmara de Santarém com o pelouro da Cultura, Nuno Domingos, afirmou que a cerimónia visou, por um lado, homenagear a antiga proprietária do edifício, Maria de Lurdes Fino, e, por outro, “prestar contas” do cumprimento da vontade expressa no seu testamento.
A sessão sinalizou, ainda, a passagem dos dois anos após a doação, prazo dado pela antiga proprietária para que a casa fosse aberta ao público.
Nuno Domingos afirmou que o convite à população para ir conhecer por dentro a Casa das Palmeiras e o uso que será dado ao espaço simbolizou esse momento, uma vez que a necessidade de elaborar o projeto e de realizar intervenções, algumas delas estruturais, não permitiu ter o espaço pronto no prazo estipulado no testamento.
O presidente do município escalabitano, Ricardo Gonçalves, disse estar certo de que a antiga proprietária ficaria “feliz” com a decisão da instalação do CIJVS no que afirmou ser “uma das joias do centro histórico” de Santarém, cumprindo o seu desejo de ter aqui uma biblioteca.
O espaço será, ainda, dotado de uma cafetaria junto ao jardim e a um dos pátios da casa, outra vontade expressa no testamento, sendo parte do edifício destinado à realização de eventos do município e às Assembleias de Investigadores que o CIJVS promove regularmente.
Ao mesmo tempo que cumpre a vontade testamentária, a decisão de instalar o CIJVS na Casa das Palmeiras veio resolver a necessidade de retirada do centro de investigação, que resultou de uma doação do historiador Joaquim Veríssimo Serrão ao município, do edifício que ocupa desde a sua criação em 2011, o antigo Presídio Militar.
Propriedade da Estamo, o antigo Presídio Militar de Santarém, datado do final do século XIX e classificado como Imóvel de Interesse Público, vai ser transformado numa residência para estudantes, obrigando o município a retirar as valências que têm funcionado no edifício, como o CIJVS e a Universidade da Terceira Idade.
Na sessão realizada na Casa das Palmeiras foram apresentados vários projetos de reabilitação urbana na zona da Alcáçova de Santarém, uns de natureza pública, já concluídos – como o largo fronteiro às Portas do Sol, a Avenida 5 de Outubro (onde se situa a casa), o miradouro de Santa Margarida -, em conclusão – o Museu de São João de Alporão – e o que está em curso na Torre das Cabaças, e outros privados.
Um dos promotores privados, Paulo Gonçalves, apresentou dois projetos imobiliários, um ao lado da Casa das Palmeiras e outro no antigo Colégio de Santa Margarida, tendo Guedes de Amorim mostrado o projeto para uma residência de estudantes do ISLA junto ao Museu de São João de Alporão, um outro, para habitação e lojas, do Montepio Geral, em frente ao antigo Teatro Rosa Damasceno, e o da Santa Casa da Misericórdia de Santarém na antiga judiaria.
Para Ricardo Gonçalves, “a recuperação do centro histórico começa a ser mais visível”, tendo o vice-presidente, João Leite, que detém o pelouro do Turismo, realçado o impacto da regeneração urbana e da realização de grandes eventos na cidade, de que deu exemplo a duplicação do número de dormidas no espaço de um ano.