A monitorização da qualidade das águas superficiais no Ecoparque do Relvão, na Chamusca, revelou, em algumas medições, “valores acima do normal” e o aparecimento de pesticidas e alguns metais pesados, cuja proveniência “carece averiguar”, afirma o município.

Em comunicado, emitido na sequência da reunião da Comissão de Acompanhamento do Ecoparque do Relvão (que acolhe empresas de resíduos de diversos sectores, incluindo os únicos dois centros de resíduos industriais perigosos do país), realizada há uma semana, a Câmara da Chamusca refere que a situação na lagoa da Carregueirinha, um dos pontos “mais preocupantes, devido à fraca qualidade da água”, já foi colocada à avaliação da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e à Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR).

O presidente da Câmara da Chamusca, Paulo Queimado (PS), disse hoje à Lusa que há uma análise, da monitorização realizada ao longo de 2018, que revela a presença de cadmio, zinco e chumbo “em concentrações muito baixas, mas que convém averiguar” e que os pesticidas detectados resultam, não dos resíduos das empresas, mas da actividade florestal no território, “muito ligado à plantação de eucaliptos”, sem que, contudo, tenha sido possível detectar a sua proveniência.

No comunicado, o autarca lamentou que as entidades que tutelam e fiscalizam o Ecoparque, como a APA e a CCDR, entre outras, “não estejam mais envolvidas no acompanhamento destes casos”.

No caso da lagoa da Carregueirinha, último ponto receptor dos efluentes do Ecoparque, a Junta de Freguesia da Carregueira apresentou um pedido para a sua reabilitação, afirma.

Segundo a nota, ao longo do ano de 2018 foram realizadas seis campanhas de monitorização da qualidade das águas superficiais no Ecoparque do Relvão, tendo algumas medições revelado “valores acima do normal e também o aparecimento de novos elementos químicos nas águas, dos quais carece averiguar a proveniência, nomeadamente pesticidas e alguns metais pesados”.

Outra situação referida é a da ribeira das Fontainhas, que apresenta igualmente “alguns motivos de preocupação”, nos pontos de medida a jusante dos dois CIRVER (Centros Integrados de Recuperação, Valorização e Eliminação de Resíduos perigosos), “que estão a ser devidamente monitorizados”.

A reunião destinou-se a avaliar os relatórios de monitorização da qualidade das águas superficiais e da qualidade do ar, assim como as ocorrências registadas no perímetro do parque ao longo do ano de 2018, bem como a questão das más acessibilidades à zona, acrescenta o comunicado.

Para este ano, a autarquia vai instalar novo ponto de medição na zona da Ribeira de Pai de Poldro.

Quanto ao nível da qualidade do ar, o município afirma que os valores de 2018 são semelhantes aos de 2017 e não ultrapassam os valores limite definidos por lei, não se verificando “que alguma actividade do Ecoparque esteja a influenciar a qualidade do ar”.

Paulo Queimado afirmou que o grupo de trabalho que o município integra junto do Ministério do Ambiente “está a elaborar um manual de boas práticas para denúncia de situações”, sendo, no seu entender, “importante um cruzamento de dados” entre a APA, a ARH Tejo (Administração da Região Hidrográfica do Tejo) e os que são recolhidos nas campanhas de monitorização do município.

Da reunião saiu ainda a indicação para envio dos resultados dos relatórios às empresas instaladas no Ecoparque “para que se apure eventuais causas dos problemas”.

O comunicado acrescenta que, em 2018, se registaram diversas ocorrências no perímetro do Ecoparque, nomeadamente o despiste de três camiões, um em Agosto, com derrame da carga, e dois em Outubro, com derrame de resíduos industriais banais e de resíduos de plástico enfardado, tendo ainda ocorrido, em Dezembro, um derrame de lamas na faixa de rodagem de origem desconhecida.

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