Os responsáveis pelo projecto do aeroporto em Santarém encontram-se em negociações com a Força Aérea e a NAV, na tentativa de viabilizar a proposta. A Comissão Técnica Independente (CTI) admite a possibilidade de reavaliar o “chumbo” do projeto.
Das quatro novas localizações consideradas para o reforço da capacidade aeroportuária em Lisboa, a CTI rejeitou duas: Montijo e Santarém. Os promotores deste último esforçam-se por resolver os constrangimentos apontados em diálogo com a Força Aérea e a NAV. A coordenadora da CTI declarou, esta quinta-feira, em Santarém, a disposição para reavaliar o projeto.
O principal obstáculo ao projeto Magellan 500 é o conflito no espaço aéreo com a Base Aérea de Monte Real, conforme destacou Rosário Partidário, coordenadora da CTI. Esta mencionou que a Base Aérea de Monte Real é uma base NATO crucial, com exigências complexas devido aos aviões F16. Os constrangimentos relacionados com o desenho das pistas e o layout aeroportuário limitam o número de movimentos, tornando-o inadequado para constituir um hub internacional.
“A Força Aérea disse que era absolutamente estratégico e não podiam prescindir. Quando nos aparece em relação a Santarém outra vez um constrangimento que é provocado pelo desenho das pistas e a forma como o layout aeroportuário, só podemos ter a mesma reacção”, disse hoje a responsável da CTI durante um encontro público realizado na Casa do Campino para a apresentação do relatório da comissão técnica.
Constrangimentos que, segundo Rosário Partidário, limitam o número de movimentos, “que é demasiado baixo para poder constituir um hub internacional”.
Os promotores do Magellan 500 mantêm conversações com a Força Aérea e a NAV para encontrar soluções que possibilitem aumentar o número de operações aéreas na localização Santarém. Rosário Partidário indicou que aguardará as conclusões do diálogo e está aberta à possibilidade de reavaliação, considerando possíveis alterações de circunstâncias.
“Vou esperar pelas conclusões. Pode haver alterações das circunstâncias, de diversas formas. Se isso acontecer, vamos ver o que nos vão apresentar”, garantiu.
Nesta sessão de esclarecimento, a coordenadora da CTI expressou, ainda, a esperança de que o próximo Governo aproveite o trabalho realizado pela Avaliação Ambiental Estratégica, destacando a importância de não desperdiçar recursos públicos.
O relatório final está em consulta pública até 26 de Janeiro, e a decisão sobre a divulgação antes ou depois das eleições ainda não está definida. A presidente da Comissão de Acompanhamento apelou também para que o tema do novo aeroporto e o relatório não sejam utilizados como arma política.
O relatório preliminar, apresentado em Dezembro, recomenda uma solução dual para o novo aeroporto de Lisboa, com a construção de um novo aeroporto no Campo de Tiro de Alcochete e a manutenção do Humberto Delgado (AHD) até a desactivação ser possível. Montijo e Santarém foram considerados inviáveis, o primeiro devido à incapacidade de expansão e o segundo pelo conflito com o tráfego aéreo militar de Monte Real.