A Comissão Vitivinícola Regional do Tejo foi eleita a melhor ‘Organização Vitivinícola do Ano 2020’. O prémio foi ontem anunciado pela revista Vinho Grandes Escolhas.

Há um ano estávamos em vésperas da terceira edição do evento ‘Tejo a Copo’, realizado a 07 de Março, em Santarém. Poucos dias depois, o Mundo deu uma volta ao contrário e tudo mudou: aquele que prometia ser um ano de feição para os vinhos e para o turismo – mas não só – foi abruptamente colocado em stand by. Temeu-se o pior, mas o sector manteve-se resiliente e não baixou os braços. Foi notório e os resultados alcançados pelos Vinhos do Tejo são apenas uma das provas disso mesmo: a certificação de aumentou cerca de 28%, valor que fez catapultar para os quase 30 milhões de litros certificados, meta definida para 2023.

“Hoje, é com tamanho regozijo que os Vinhos do Tejo celebram a distinção que lhes foi atribuída pela revista Vinho Grandes Escolhas. A Comissão Vitivinícola Regional do Tejo (CVR Tejo) foi eleita a ‘Melhor Organização Vitivinícola’, no âmbito dos prémios ‘Melhores do Ano 2020’, entregues ontem. Um feito que que premeia a equipa da CVR Tejo, os produtores de Vinhos do Tejo e os demais players da região, que se enche de orgulho, ainda mais porque reflecte o trabalho de um ano tão atípico e exigente como o de 2020″, anuncia a organização em comunicado.

Luís de Castro, presidente da CVR Tejo, parabenizou os seus antecessores, porque sem passado, com alguma solidez, não se constrói um futuro, e deixou uma palavra muito especial para todos os colaboradores dos Vinhos do Tejo, entidade que definiu como casa, uma casa que se pretende que seja acolhedora e eficaz. Assim, este prémio será mais um incentivo para o futuro trabalho que se vai desempenhar na região.

Há ainda a destacar o prémio de ‘Empresa do Ano’, entregue à Falua, nascida em 1994, em Almeirim, e estabelecida no Tejo pelas mãos de João Portugal Ramos. Hoje nas mãos da Roullier, é uma empresa com uma identidade forte no mercado, conduzida pela qualidade e consistência. A figurar no ‘TOP 30’, ou seja, no ranking dos melhores dos melhores, de entre os vinhos provado pelo painel da revista ao longo do ano de 2020, está o ‘Conde Vimioso Vinha do Convento tinto 2017’, um dos vinhos desta casa.

De parabéns está também Manuel Lobo de Vasconcellos, eleito ‘Enólogo do Ano’, maioritariamente pelo trabalho desenvolvido no Douro, mas também ele um enólogo da região, com ligações familiares à Quinta do Casal Branco, em Almeirim, onde exerce o cargo de director de enologia.

O CVR Tejo ganha, a revista Vinho Grandes Escolhas justifica

A região do Tejo conseguiu em 2020 o feito notável de crescer apesar da crise, não apenas nos números, mas também na visibilidade perante o consumidor. Muito desse sucesso deve-se à Comissão Vitivinícola Regional do Tejo, com mais certificação e diversificação de plataformas para chegar ao público, ao vivo e online.

A região do Tejo é marcada pela presença do rio que a atravessa e quase a divide a meio. São 12500 hectares de vinhedos com um peso maior das vinhas de uva branca, algo invulgar e original a nível nacional. Existem, assim, vinhedos em três zonas – Campo, Bairro e Charneca –, originando vinhos de perfis bem diferenciados. Estamos em terras de Fernão Pires, a casta branca emblemática da região e que tem tido cada vez mais atenção por parte dos produtores. Estamos também nos terrenos da Castelão, da Trincadeira e da Aragonez, na sua maioria associadas com as novas castas que chegaram à zona do Tejo, vindas não só de outros pontos do país, como também de fora, com as francesas a dominarem.

Tradicionalmente, era pequena a percentagem de vinho certificado, mas isso tem vindo a ser alterado e, em 2020, a certificação aumentou 28%, quer como DOC do Tejo quer como IGP – Indicação Geográfica Protegida. Esta designação (IGP, também conhecida como Vinho Regional) corresponde ainda à maioria dos vinhos certificados. Atingiram-se assim os 30 milhões de selos o que, grosso modo, corresponde a 30 milhões de garrafas. Está-se, assim, perto dos 50% de certificação em relação à produção global da região. Notável trabalho da CVR Tejo, em ano difícil e que se alargou também a outras iniciativas, com forte aposta no digital, com a criação da loja on-line Vinhos Tejo Marketplace. A pouca procura de vinhos do canal HoReCa acabou por ser o motivo para reforçar a aposta na formação, exactamente destinadas a este canal específico, no âmbito do Tejo Academia. Acções presenciais foram naturalmente poucas, mas ainda foi possível fazer o ‘Tejo a Copo’, em Santarém, e outras acções pontuais, dentro e fora de portas, como um roadshow vínico na Polónia.

Atingiram-se, assim, em 2020 níveis que se pensavam possíveis apenas em 2023. Os objectivos alcançados em 2020 indicam que se está no caminho seguro. E se ainda há metade da produção da região que não é certificada, isso apenas deverá servir de incentivo para o empenhamento colectivo.

Sobre a Região Vitivinícola do Tejo:

A Região Vitivinícola do Tejo está localizada no coração de Portugal, a uma curta distância de Lisboa, a capital. A região é cortada a meio pelo rio que lhe dá nome. Largo e imponente, o Tejo é um dos maiores rios de Portugal. Este território vitivinícola tem uma área global de cerca de 7.000 km2, dos quais 12.500 hectares são vinhas, e abrange 21 municípios, um no distrito de Lisboa e os restantes no distrito de Santarém. O rio Tejo é o elemento central e imprime uma profunda influência na caracterização da região, providenciando-lhe distintos «terroirs»: o Bairro, com solos argilo-calcários e alguns xistosos; o Campo, com terras mais férteis situadas em zona de aluvião; e a Charneca, com solos arenosos mais pobres. Também o rio dita que a amplitude térmica seja elevada, com dias bastante quentes e noites frescas e húmidas, diminuindo desta forma o stress hídrico das plantas (videiras) e assegurando uma correcta maturação das uvas. Um famoso crítico inglês resumiu numa só frase o impacto destas características edafoclimáticas nos Vinhos do Tejo: «hot days, cold nights, cool wines». Esta região está imemorialmente ligada à produção de vinhos e possui excelentes condições naturais para o cultivo da vinha e para a produção de vinhos, onde a frescura dada pela natureza é evidente. Esta frescura, associada a uma graduação alcoólica moderada, dá origem a vinhos equilibrados e frescos, com aromas frutados, que podem ser apreciados em todas as ocasiões. Uma jovem geração de viticultores e enólogos, que sabe aliar os conhecimentos adquiridos nas universidades à tradição das gerações que os precederam, cria vinhos consistentes e de grande qualidade, com estilos empolgantes e diferenciados. Nos brancos, o perfil traduz-se em vinhos muito aromáticos, com a presença de fruta tropical e citrina, também frescos e elegantes. Os vinhos tintos são equilibrados e frescos; no nariz, a fruta é uma presença garantida. Nos tintos de guarda, nota-se alguma presença de madeira. A região produz também vinhos rosés, espumantes, frisantes, vinhos licorosos e colheitas tardias, num espectro que permite degustar Vinhos do Tejo nos mais variados momentos. O Tejo tem alguns dos mais vibrantes e acessíveis vinhos a emergir em Portugal, oferecendo uma gama diversificada de estilos que apelam a uma variedade de gostos e orçamentos. Constituída por um património muito rico, a região dos Vinhos do Tejo reúne um conjunto de tesouros históricos que vale a pena visitar e que retratam tempos idos, desde as ruínas romanas aos castelos góticos e dos mosteiros manuelinos aos vilarejos medievais. Para os portugueses, esta região é conhecida como terra de vinhas, de olivais, de sobreiros e dos famosos cavalos Lusitanos, mas também pela sua rica e saborosa gastronomia e pelas belas paisagens feitas de verde e de água.

Sobre a Comissão Vitivinícola Regional do Tejo:

A Comissão Vitivinícola Regional do Tejo (CVR Tejo) foi criada a 24 de Novembro de 2008, tendo sucedido à Comissão Vitivinícola Regional do Ribatejo, fundada a 17 de Setembro 1997. É uma associação interprofissional que representa a produção e o comércio do sector vitivinícola da região. A sua competência consiste em controlar o cumprimento das regras e a certificação dos vinhos brancos, rosés, tintos, espumantes, licorosos e vinagres produzidos na região com direito a Denominação de Origem do Tejo (DOC do Tejo) e a Indicação Geográfica Tejo (IG Tejo). Todos os vinhos certificados pela CVR Tejo têm o selo de garantia ‘Tejo’ no rótulo. Tem como missão ajudar os produtores a aumentar a sua presença nos mercados estratégicos, com vinhos empolgantes e estilos diferenciados, oferecendo ao consumidor, continua e consistentemente, qualidade a bom preço. Com 87 agentes económicos associados – de entre adegas cooperativas, produtores e engarrafadores, empresas vinificadoras e engarrafadores da região –, a CVR Tejo é presidida por Luís de Castro, desde 01 de Maio de 2014. José Barroso ocupa o cargo de Presidente do Conselho Geral e João Silvestre o de Director-Geral. Luís Vieira e Diogo Campilho são, respectivamente, Vogais do Comércio e Produção. Integra ainda a CVR Tejo um Gestor de Qualidade, um Departamento de Viticultura, uma Estrutura de Controlo e Certificação, da qual fazem parte uma Câmara de Provadores e um Laboratório de Análises subcontratado e um Departamento de Promoção, destinado a apoiar os produtores, nos mercados nacional e internacional.

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