Durante treze dias, de 6 a 18 de Agosto, Coruche volta a transformar-se num grande palco de devoção, cultura e celebração comunitária com a edição de 2025 das Festas em Honra de Nossa Senhora do Castelo. Mais do que um evento religioso ou um cartaz de entretenimento, as festas assumem-se como expressão viva da memória colectiva, num reencontro anual entre gerações, onde a espiritualidade se cruza com o orgulho ribatejano, e o património imaterial se reafirma como sinal de pertença e identidade.
Com uma programação que conjuga solenidade e festa popular, o evento é promovido pela Câmara Municipal de Coruche em articulação com a Comissão de Festas e a Irmandade de Nossa Senhora do Castelo, envolvendo dezenas de instituições locais e contando com a participação activa da comunidade. A edição deste ano aposta numa forte componente cultural e artística, sem descurar a raiz devocional que sustenta a origem da festividade: a veneração à padroeira que, desde a ermida no alto do monte, guarda simbolicamente a vila e os seus habitantes.
As celebrações religiosas têm início a 6 de Agosto, com o arranque das novenas na Ermida de Nossa Senhora do Castelo, espaço sagrado que concentra a dimensão espiritual do evento. Até dia 13, o Tríduo Solene marcará o ponto alto da preparação litúrgica, com a colaboração do Reverendo Padre Rui Cantarilho, do Grupo Coral de São João Baptista e da centenária Sociedade Instrução Coruchense.
A 14 de Agosto, assinala-se o tradicional “Dia do Fogo”, uma jornada simbólica que inaugura a dimensão profana das festas. A manhã começa com a Grandiosa Alvorada e uma missa em acção de graças pela Batalha de Aljubarrota, evocando a ligação entre fé, história e identidade nacional. Ao longo do dia, o Parque do Sorraia acolhe a cerimónia de abertura oficial, seguida de uma largada de bezerras e actuações de dança com a participação de associações locais. A noite é marcada por um espectáculo de fogo-de-artifício sobre o rio e pelo concerto de Miguel Gameiro & Pólo Norte, num ambiente de comunhão e alegria.
No dia 15 de Agosto, feriado da Assunção de Nossa Senhora, vive-se o momento mais solene das festas, com a realização da Procissão em Honra de Nossa Senhora do Castelo, presidida pelo Arcebispo de Évora, que percorre as ruas da vila entre cânticos, promessas e manifestações de fé. A bênção dos lares e dos campos sublinha a ancestral relação entre o sagrado e o quotidiano rural, num gesto que atravessa gerações. A tarde e a noite são preenchidas com o Festival Internacional de Folclore “António Neves”, onde o folclore português dialoga com expressões de Espanha, e com os concertos dos grupos A.L.M.A. e Filhos da Terra.
A 16 de Agosto celebra-se o “Dia do Aficionado”, dedicado à tradição tauromáquica, fortemente enraizada na região. Largadas, entrada de toiros, encierro e tourada à corda com capinhas açorianos testemunham a persistência de práticas festivas que conjugam bravura e espectáculo. Matias Damásio, RockTonight e a Sociedade Instrução Coruchense completam o programa musical do dia, numa noite que alia festa e tradição.
O feriado municipal, a 17 de Agosto, é consagrado ao “Dia do Campino do Sorraia”, uma homenagem à figura emblemática do Ribatejo e às raízes agro-pastoris do concelho. O Cortejo Histórico e Etnográfico percorre as ruas da vila com carros alegóricos, trajes típicos e recriações de ofícios antigos, numa verdadeira celebração da ruralidade coruchense. As homenagens, as actividades e a tradicional Corrida de Toiros completam a jornada, que culmina com os espectáculos de Neiva e Convidados e de Rui Veloso.
As festividades encerram a 18 de Agosto, com o “Dia da Juventude”, que reafirma o papel das novas gerações na continuidade das tradições. As provas de condução de cabrestos, a picaria à vara larga e a tourada à corda voltam a atrair os aficionados. À noite, actuam Dyana e a banda DFB, com Bárbara Tinoco a encerrar os concertos. O espectáculo pirotécnico final, marcado para a 01h00 na frente ribeirinha, despede-se de mais uma edição com brilho e emoção.
As Festas em Honra de Nossa Senhora do Castelo são, assim, um tempo de reencontro e de memória, mas também de projecção de um território que sabe preservar as suas raízes sem deixar de olhar o futuro. São, sobretudo, um testemunho vivo da força agregadora da cultura e da fé na vida de uma comunidade.