Liliana Silva, 37 anos de idade, é animadora sociocultural há nove no Centro de Apoio Social da Carregueira, concelho da Chamusca. Para a técnica esta pandemia é o maior desafio profissional até à data, apesar de considerar o seu papel de animadora tão importante hoje tal como sempre o foi.

O que a levou a seguir esta profissão?
O destino colocou no meu caminho esta profissão maravilhosa. Iniciei o Curso de Animação Cultural e Educação Comunitária em 2005 na Escola Superior de Educação de Santarém e aprendi com os melhores professores e colegas de curso a perceber a sua importância nas diferentes áreas de intervenção. Fiquei apaixonada!

Qual é o aspecto mais gratificante na sua actividade?
Dar e receber amor é o que me motiva diariamente. São pequenos gestos que fazem o dia-a-dia dos utentes mais felizes. Conhecer cada um deles, as suas vivências, as suas histórias, faz com que consiga realizar o meu trabalho da melhor forma possível. Planifico e realizo actividades não a pensar em mim, mas sim na especificidade de cada um.

Que características considera importantes para o desempenho de um animador?
Saber ouvir, saber motivar, saber comunicar são, para mim, características fundamentais no desempenho desta profissão. Demonstrar autonomia, saber trabalhar em equipa e ter uma boa capacidade emocional é bastante importante. Nesta área quem não souber adaptar-se a situações imprevistas e não souber respeitar o próximo não pode desempenhar bem o seu papel. Especificamente, na área da animação de idosos, o mais importante para mim é o saber amar o próximo!

Que rotinas se alteraram na sua instituição com a chegada desta pandemia?
Sou animadora no Centro de Apoio Social da Carregueira desde 2011 e este é o meu maior desafio. Chegar ao local de trabalho e perceber que cerca de 40 utentes da valência de Centro de Dia tiveram de ficar em casa é para mim uma grande tristeza, mas percebo que nesta fase é o mais aconselhável. Os nossos utentes da Estrutura Residencial para Idosos (ERPI) continuam a manter as suas rotinas, com os mesmos horários de refeição, de higiene e de actividades, apenas dividimos os utentes de forma a evitar contacto e grandes aglomerados. Mas sim… não tem sido fácil adaptarmo-nos a esta nova fase. O nosso maior objectivo é proteger e cuidar!

Sente que o papel dos animadores socioculturais, nesta altura, faz mais sentido do que nunca?
Trabalho com um grupo de animação das instituições de apoio à terceira idade dos concelhos de Alcanena, Chamusca, Entroncamento, Golegã, Torres Novas e Vila Nova da Barquinha e penso que todas as minhas colegas se sentem gratificadas com o seu trabalho. Nesta fase temos trocado ideias, temo-nos apoiado para darmos continuidade ao nosso trabalho da melhor forma e estamos sempre a pensar em como proteger os nossos idosos desta pandemia. Somos importantes hoje e sempre, temos a função de aproximar, cuidar, fortalecer laços, quebrar barreiras e de estimular! Mas sim, nesta fase temos sido um ponto de ligação entre utentes e as suas famílias, de forma a gerir emoções pois as saudades já são muitas.

Como é que tem tentado contrariar os receios naturais dos utentes?
Desde o primeiro momento que surgiu esta pandemia que optei por conversar directamente com os utentes, tentando-lhes explicar e não alarmar. Cada pessoa é única e especial e adaptarmo-nos às características de cada um é fundamental. Temos mantido as rotinas diária, conversamos, fazemos video-chamadas para famílias e amigos, tentamos dar mimos diários e não passar para eles os nossos próprios receios.

Tem algum projecto ou actividade que gostaria de concretizar no futuro?
Amo o meu trabalho e todos os dias saio de casa motivada para dar e receber amor e carinho. Tenho percebido que este público-alvo com o qual trabalho diariamente é uma fonte de sabedoria. São seres humanos fantásticos! Tendo experiência como animadora nas valências de Centro de Dia, ERPI e SAD, tenho um desejo especial em realizar um projecto apenas em SAD. A criação de um projecto no Apoio Domiciliário é na minha perspectiva uma mais-valia para todos, mantendo desta forma a qualidade de vida dos utentes, continuando a mante-los nas suas casas.

Um título para o livro da sua vida? 
‘A Moça Resiliente!’

Viagem? 
Açores 2018.

Música?
Ritmos Latinos.

Quais os seus hobbies preferidos? 
Partilhar bons momentos com família e amigos!

Se pudesse alterar um facto da história qual escolheria? 
Não gostaria de alterar nenhum facto da minha vida, para mim tudo é aprendizagem e crescimento pessoal.

Se um dia tivesse de entrar num filme que género preferiria?
Comédia Romântica.

Acordo ortográfico. Sim ou não? 
Sim.

Leia também...

“No Reino Unido consegui em três anos o que não consegui em Portugal em 20”

João Hipólito é enfermeiro há quase três décadas, duas delas foram passadas…

O amargo Verão dos nossos amigos de quatro patas

Com a chegada do Verão, os corações humanos aquecem com a promessa…

O Homem antes do Herói: “uma pessoa alegre, bem-disposta, franca e com um enorme sentido de humor”

Natércia recorda Fernando Salgueiro Maia.

“É suposto querermos voltar para Portugal para vivermos assim?”

Nídia Pereira, 27 anos, natural de Alpiarça, é designer gráfica há seis…