A Associação de Judo do Distrito de Santarém (AJDS) foi fundada a 9 de Março de 1977, com o intuito de constituir uma Associação para a promoção e acompanhamento da modalidade a nível distrital. Os clubes fundadores foram o Grupo Recreativo 1.º de Outubro 1911, a Casa do Benfica de Santarém e o Judo Clube de Abrantes.

Hoje são 21 os clubes inscritos na AJDS, onde praticam a modalidade cerca de 1044 atletas federados. 

António Pedroso Leal iniciou actividade na Associação de Judo do Distrito de Santarém(AJDS) em 1979, como secretário de direcção.

Depois de desempenhar o cargo de Presidente da Assembleia Geral da Federação Portuguesa de Judo voltou a tomar as rédeas da AJDS, cargo que hoje ocupa.

Ao ‘Correio do Ribatejo’ o dirigente reconhece que “as enormes exigências financeiras, ao nível da participação internacional, são o verdadeiro obstáculo a maiores êxitos”, contudo, assinala, a “família do Judo de Santarém pode orgulhar-se, pois para além de a AJDS ser hoje uma Instituição de Utilidade Publica, é reconhecida, até Internacionalmente, pelo seu valor, pelo valor dos seus Clubes, dos seus dirigentes e dos seus técnicos”, afirma.

Sobre a medalha de bronze conquistada por Patrícia Sampaio em Paris, Pedro Leal admite: “Sempre acreditei ser possível que o Judo da Região de Santarém, ali dignamente representado, iria surpreender-nos”.

Como vê o presidente da AJDS os êxitos desportivos da atleta Olímpica Patrícia Sampaio? Estava em Paris quando a judoca de Tomar conquistou o bronze. O que sentiu nesse preciso momento?

Como todos os portugueses, senti um enorme regozijo pelas suas vitorias sucessivas, até chegar à medalha de Bronze, da nossa representante tomarense, Patrícia Sampaio.

Estava ali a assistir “in loco” o que tornou que o efeito e a satisfação tivessem sido ainda maiores.

Sempre acreditei ser possível que o Judo da Região de Santarém, ali dignamente representado, iria surpreender-nos. Tal aconteceu!

O judo do distrito esteve representado nos Jogos Olímpicos de Paris. O que fazer para conseguir a participação de mais atletas a esse nível?

Vontade, sobretudo vontade, dos praticantes, aliada a organização desportiva e planeamento. Com destaque para o conjunto de exigências que comportam a intervenção competitiva dos atletas, dos clubes e da associação.

No percurso da competição, Juvenis, Cadetes e Juniores, Santarém tem apresentado resultados competitivos que confirmam a mais-valia dos seus técnicos.

As enormes exigências financeiras, ao nível da participação internacional, são o verdadeiro obstáculo a maiores êxitos.

E desde logo, desejar, senão exigir, que as estruturas nacionais representativas da modalidade, reconheçam o valor dos seus parceiros.

A AJDS tem-se assumido como “a força e o motor do Judo nesta Região”. De que forma esse trabalho é feito e chega aos clubes e atletas? 

A direcção de que faço parte entende o desenvolvimento do Judo como um todo,assente, naturalmente, na actividade dos Clubes e dos seus técnicos.

Consideramos o factor relacional com todos os clubes e respectivos técnicos, essencial para que assim, todos juntos, colaboremos para a materialização de projectos e acções.

Em Outubro, vão ser eleitos os Órgãos Sociais da Federação Portuguesa de Judo, para os próximos quatro anos (2024-2028). Defende um processo eleitoral mais representativo. Em que sentido? Haverá nomes do distrito nesses mesmos Órgãos Sociais?

Após a turbulência que se viveu recentemente no seio do Judo, na qual os representantes Federativos, todos, não estão isentos de culpa, esta medalha da Patrícia Sampaio, será, estamos certos, um factor de credibilização para a modalidade. Poderá ser também de estabilidade.

O processo eleitoral actual é bastante representativo, permite até que os Clubes de uma Associação, filiados neste organismo, sejam representados por este e por um outro clube eleito por estes.

Opção que, na minha opinião, pode fazer aportar alguma turbulência para o princípio que o legislador entendeu como maior “representatividade”.

Quanto à composição dos órgãos federativos, não sei ainda qual a composição das listas, para lhe poder responder.

Que leitura faz do desenvolvimento do Judo e do Associativismo Desportivo, ao longo dos anos, desde a fundação da AJDS?

As organizações associativas, como a AJDS, são organismos de voluntariado, cuja “vida” depende de diversos factores. Desde logo, da vontade dos seus associados, cujos princípios deverão assentar na missão objectiva de contribuir para o desenvolvimento de todos, o que no judo chamamos de prosperidade mútua.

Indubitavelmente, as pessoas que são quotidianamente chamadas ao processo organizativo terão de assumir essa missão, esse papel de dar de si, sem pensar em si.

Desde a sua fundação, a AJDS recebeu contributos de muitos, que a fundaram e que a têm mantido e sabido manter no rumo para que foi criada.

A família do Judo de Santarém pode orgulhar-se, pois para além de a AJDS ser hoje uma Instituição de Utilidade Publica, é reconhecida, até internacionalmente, pelo seu valor, pelo valor dos seus Clubes, dos seus dirigentes e dos seus técnicos.

Faço aqui referência aos protocolos assinados com duas congéneres, espanhola e francesa, que confirmam o empenho dos envolvidos no espírito do Judo Europeu.

A AJDS criou o Instituto de Formação de Judo e Disciplinas Associadas (IFJDA). Com que objectivo?

A marca que criámos teve por objectivo colocar especial ênfase no papel da formação. Seguimos alguns exemplos internacionais que considerámos positivos e acompanhamos hoje os desafios do tempo. Consolidamos, actualmente, num só órgão, o papel de formar, formar e formar…

Sem formação adequada não poderemos ter qualidade, esta qualificação é abrangente a todas as áreas de actuação do desporto, dirigentes, treinadores e árbitros.

Qual o papel do Departamento de Actividades da AJDS?

Este Departamento, da responsabilidade de um membro designado da Direcção, tem por responsabilidade coordenar toda a actividade competitiva da Associação. Coordenando, com o Director Técnico Associativo e as comissões designadas, as organizações.

Neste, incluímos os Torneios que designamos de JUDO MAIS, os Torneios Internacionais e outras organizações que lhe sejam atribuídas.

O Judo de integração Social é também uma preocupação da AJDS. De que forma é posto em prática no terreno?

Falamos do projecto que designamos de SUPER JUDO, destinado a utentes das instituições que têm necessidades especiais. A Direcção da AJDS entendeu que a nossa missão, em bom rigor, só estaria mais preenchida com uma intervenção do Judo dedicada nesta área.

Desde o início do projecto, até hoje, foi longo o percurso, mas encontrados os intervenientes, podemos hoje regozijarmo-nos pela aderência e larga participação de muitos praticantes, dos Centros de Almeirim, Abrantes, Entroncamento, Torres Novas, Ferreira de Zêzere e Ourém.

A AJDS iniciou o programa SUPERJUDO que visa dar a conhecer a modalidade. A Patrícia Sampaio aceitou recentemente ser a madrinha deste programa.É uma grande ajuda para dar visibilidade ao projecto…

Foi com grande entusiasmo que convidámos a nossa representante Olímpica, Patrícia Sampaio, que imediatamente se dispôs a apadrinhar o projecto SUPER JUDO e a dar-lhe maior visibilidade para continuar.

O principal trabalho de desenvolvimento da modalidade passa sempre por aquilo que os clubes consigam, ou não, pôr em prática. Que análise faz desse trabalho?

Comecei por dizer, e sempre o afirmarei,que a Associação de Judo do Distrito de Santarém é um projecto dos Clubes da Região de Santarém.

Para além da necessária função administrativa exercida pela secretaria, a AJDS nunca poderá cingir-se somente a esta tarefa, seria subverter os objectivos para que foi criada.

Todos os clubes filiados, para além da estreita colaboração com a sua Associação, por si, também desenvolvem actividades e participam naquelas que estrategicamente assim o entendam.

O resultado do trabalho conjunto (Clubes/Associação), nunca estando completo, tem sido o suporte de toda a actividade.

E apoios à modalidade? As autarquias da região têm correspondido ao Judo com o reconhecimento que lhe é devido?

A AJDS, juntamente com os Clubes Associados, procura levar aos territórios de cada município, realizações desportivas que ali façam aportar qualidade organizativa, dignificando e prestigiando os praticantes locais e a edilidade envolvida.

Os Municípios de Santarém, Rio Maior, Torres Novas, Abrantes, Tomar, Ferreira de Zêzere e Entroncamento têm apoiado o desenvolvimento dos Clubes locais, através de estreita colaboração com a AJDS. Esperamos alargar a outros mais.

Que balanço faz do seu mandato como presidente da Associação?

Após o interregno na prática resultante da pandemia COVID, o retorno foi difícil para todos nós.

Em Santarém, muitos Clubes associados sentiram os efeitos redutores desse “vendaval” que atingiu o desporto.

Como a Fénix, estamos paulatinamente a retomar o caminho e os nossos objectivos de estarmos entre os melhores e poder representar dignamente a Região de Santarém, o que nos exige um olhar atento e permanente.

O balanço é positivo, após estes Jogos Olímpicos, direi que todos nós, dirigentes actuais da AJDS, assim o entendemos.

Quais são os grandes objectivos da AJDS para os próximos anos?

No próximo ano, após as eleições da Federação Portuguesa de Judo, também a AJDS tomará o seu normal processo eleitoral, para enfrentar mais um ciclo de quatro anos. Sem saber, qual o futuro, afirmo com a convicção e conhecimento do Judo de Santarém e Nacional, que o Judo de Santarém vencerá todos os desafios e ultrapassará os obstáculos, se souber, como até agora,  estar unido por uma só causa: melhorar a prática e proporcionar aos praticantes as melhores condições.

Que mensagem gostaria de deixar aos atletas, treinadores e clubes da região?

Com 47 anos de prática desportiva, desde atleta, treinador, árbitro e agora dirigente, no alcance do que penso ser o melhor para o Judo de Santarém, deixarei como mensagem o exemplo da nossa atleta Patrícia Sampaio: Enfoque, Perseverança, Humildade, Solidariedade, Trabalho e Confiança no Futuro. Juntos, por Santarém, somos mais fortes! 

JPN

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