O ambientalista Arlindo Marques disse hoje estar satisfeito com a desistência do processo judicial por difamação movido pela empresa Celtejo, referindo que esta é uma “vitória para o Tejo, para o ecossistema e para todos os ambientalistas”.

Em declarações à Lusa, o ambientalista disse estar “satisfeito, mas sem euforias”, notando que “estava preparado para ir a julgamento e ganhar um processo que foi instaurado para calar”.

“Voltaria a fazer tudo da mesma forma”, afirmou.

O processo, instaurado pela empresa em Dezembro de 2017, foi retirado pela Celtejo – Empresa de Celulose do Tejo na quinta-feira e tinha o seu julgamento agendado para dias 18 e 25 de Junho, em Santarém.

“Estou contente por terem desistido, mas em tribunal é que se veria quem cometeu o crime contra o ambiente. Pela minha parte, não fiz mais do que o meu dever de cidadania e estava preparado para ir a tribunal”, reiterou Arlindo Marques.

O ambientalista destacou a melhoria das águas do rio Tejo, apontando o “importante contributo” ambiental que representou o investimento efectuado pela empresa na construção de uma nova Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR), em Vila Velha de Ródão.

Natural de Ortiga, em Mação, Arlindo Marques é guarda prisional de profissão e conhecido pelos pescadores e defensores do rio como o “guardião do Tejo”, tendo sido alvo de um processo judicial pela empresa Celtejo, instalada em Vila Velha de Ródão (Castelo Branco) e que reclamava do ambientalista 250 mil euros por alegada difamação.

A empresa tem sido apontada por Arlindo Marques, do movimento ambientalista proTEJO, como responsável por diversos episódios de poluição do rio Tejo.

Contactado pela Lusa, o movimento proTEJO também se manifestou sobre este processo, tendo o seu porta-voz, Paulo Constantino, referido que a Celtejo “toma tardiamente uma decisão justa ao desistir do processo judicial contra o Arlindo Marques”.

Segundo o dirigente ambientalista, a decisão “é o reconhecimento de que este membro do proTEJO não teve a intenção de difamar esta empresa, mas sim de exercer a obrigação constitucional de defender o ambiente no que respeita ao rio Tejo e aos seus afluentes”.

O representante sublinhou a necessidade de identificar os poluidores.

“Aguardamos serenamente que o Ministério Público de Castelo Branco faça justiça no processo de inquérito em curso, identificando e acusando os responsáveis pelo grave incidente de poluição ocorrido em 24 de Janeiro de 2018, em que a Agência Portuguesa do Ambiente afirmou ter detectado um nível de fibras de celulose cinco mil vezes superior ao normal”, disse ainda Paulo Constantino, reportando-se a um episódio grave de poluição que cobriu o Tejo com um manto de espuma na zona de Abrantes.

O dirigente ambientalista reiterou o “compromisso com o rio Tejo e seus afluentes, e com as populações ribeirinhas”, prometendo que o proTEJO vai “continuar a denunciar os agentes poluidores e a procurar soluções para os problemas de qualidade e quantidade de água na bacia do Tejo, bem como para os problemas criados pelas barreiras à conectividade fluvial (açudes, barragens, travessões)”.

A empresa Celtejo anunciou na segunda-feira que pôs termo ao diferendo que a opunha ao ambientalista Arlindo Marques e reafirmou estar “absolutamente comprometida” com a defesa “intransigente” do rio Tejo

A decisão, segundo a empresa, tem por finalidade “evitar que o réu continue a fazer uso abusivo e intolerável do presente processo judicial”, por força da natureza tendencialmente pública de que o mesmo se reveste.

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