Quando nos lembramos do João Moreira (e a lembrança é, como se sabe, condição de sobrevivência de cada um de nós, face ao niilismo social) lembramo-nos, essencialmente, de uma pessoa diferente.

De alguém que não fazia por ser diferente. Era-o, simplesmente.

De alguém que foi um multifacetado Homem de Cultura.

Num número infindável de facetas. Desde bibliotecário a guia turístico. Organizador de eventos e dirigente associativo.

Ator de teatro e de cinema. Músico, cronista, colecionista, etnógrafo, membro destacado do CIOFF e, especialmente, folclorista.

Em João encontrámos o mais genuíno prazer da veiculação e perpetuação da cultura popular e tradicional portuguesa.

Assumindo o rigor não só do conteúdo, como da forma. Do representado, como da representação.

E rejeitando a atitude laxista que, tantas vezes, vemos no Folclore Português. João Moreira era exigente consigo próprio.

E com aquilo que fazia. E com aquilo que os outros (publicamente) faziam.

A sua formação autodidata (mas erudita, afinal) e a sua autonomia institucional permitiam-lhe ter uma exigência cultural pouco comum.

Muitas vezes incómoda! Mas sempre proativa!

Folclorista considerado e respeitado na Europa e no Mundo, sócio honorário do CIOFF; Conselho Internacional de Festivais de Folclore, João era alguém que, fosse qual fosse a abrangência, valorizava a amizade numa dimensão que é, hoje, difícil de encontrar.

Mas, para ele, a amizade não era feita da aceitação incondicional de opiniões e comportamentos.

Mas de um direito, feito obrigação, de discordar daquilo com que não concordava.

Oferendo porém, imediatamente (de forma explícita ou implícita) os seus préstimos, numa eventual correção ou melhoramento.

Com a maior das naturalidades.

Não era, na verdade, um homem “de faz de conta”.

Nem fazia de conta que o era!

Aurélio Lopes

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