“Fora de Jogo” marca a estreia literária de André Silva. O livro conta-nos a história de um adepto de futebol fanático e, durante toda uma época desportiva, podemos percorrer a sua vida, os seus altos e baixos, e sentir, de uma forma muito crua, os momentos de tensão que marcam este mundo do futebol, feito de ódios e paixões. André Silva nasceu em Julho de 1987, na cidade de Tomar.
Por lá cresceu, fez amigos, jogou à bola, escreveu momentos e guardou recordações. Depois, entrou no comboio e só parou em Lisboa, onde vive desde então. Apaixonou-se por uma beirã, com quem casou e teve uma filha. Estudou Comunicação e Multimédia, área em que trabalha, desenhando, moldando e testando formas de chegar aos outros. E foi assim que percebeu que queria que a sua vida também passasse por contar histórias.
Em que altura da sua vida descobriu a vocação para a escrita?
Sou formado em comunicação e multimédia, a escrita sempre esteve presente na minha vida. E, desde pequeno, gosto de inventar histórias e criar personagens. Costumo dizer, em tom de brincadeira, que adoro ficar sentado num café a olhar para as outras mesas. Não para ouvir as conversas alheias, mas, sim, para criar personagens e histórias com aquelas pessoas. É algo que faço de forma natural e por prazer.
O que inspirou esta sua obra de estreia?
Gosto de futebol e fascina-me a “loucura” com que algumas pessoas vivem o futebol e, principalmente, o clube. Quis, precisamente, retratar isso no meu livro. Até onde pode chegar esse amor. Até onde pode ser considerado amor. Mas mais: quero que os leitores possam conhecer profundamente aquelas personagens, que entendam bem os motivos que estão por trás das atitudes, que consigam sentir as emoções, identificar as virtudes e os defeitos e que se sintam parte da família, da claque e da história.
Como é o seu processo criativo?
Não podia ser mais simples. Inspiro-me em tudo o que me rodeia. Inspiro-me na pessoa que se senta ao meu lado nos transportes.
Na pessoa que me atendeu numa qualquer loja ou serviço. As histórias vão acontecendo na minha cabeça e eu vou construindo o enredo. Curiosamente, sou uma pessoa muito esquecida. Mas quando se trata de uma história, ela fica toda guardada na minha cabeça. Foi assim com o “Fora de Jogo”. Esteve guardada, completamente “escrita” na minha cabeça, durante alguns anos.
O que representa para si a escrita?
Liberdade. É no momento da escrita que me sinto mais livre. Naquele momento, não existem amarras, não existe qualquer tipo de condenação. Tudo é possível. Das personagens aos acontecimentos. É maravilhoso.
Que livros é que o influenciaram como escritor?
Destaco dois autores que me fascinam: Nelson Rodrigues e Patti Smith. Não sei se influenciaram a minha escrita, mas, se sim, ficaria muito feliz.
Considera que um livro pode mudar uma vida?
Completamente. Os livros mudaram a minha vida. Quando era mais novo, não gostava de ler, como acontece com tantos jovens. E um livro conseguiu mudar isso. Posso revelar-vos que, quando editei este livro, ditei apenas um objectivo: se conseguir que um jovem passe a gostar de ler por ter lido o meu livro, então todo este meu esforço foi um sucesso.
Tem outros projectos em carteira que gostaria de dar à estampa?
Gostava de ter a oportunidade de contar mais histórias. Quem sabe, no futuro, editar mais livros. A verdade é que, como disse anteriormente, na minha cabeça vivem muitas personagens, muitas histórias. E eu gostava muito que os leitores as pudessem conhecer.
Um título para o livro da sua vida?
Há muitos anos, ouvi uma frase que me marcou e que me vai acompanhar para o resto da minha vida. Perante esta pergunta, diria que pode ser o título para o livro da minha vida: “Posso não concordar com o que dizes, mas luto para que o possas dizer”.
Viagem?
Se for uma viagem por fazer: Buenos Aires, Argentina. Quanto a viagens já feitas: Tailândia.
Música?
Where did you sleep last night, dos Nirvana, e qualquer uma dos Diabo na Cruz
Quais os seus hobbies preferidos?
Viajar e conhecer novos povos, novas culturas; ler; jogar futebol; e experimentar novas comidas, adoro comer.
Se pudesse alterar um facto da história qual escolheria?
Na verdade, todos os factos históricos, sejam eles positivos ou negativos, fizeram de nós as pessoas que somos hoje. Mas, claro, mudaria todos os momentos da história que causaram sofrimento a alguém.
Se um dia tivesse de entrar num filme que género preferiria?
Algo que conseguisse juntar romance e humor. Algo que me fizesse rir, mas, na cena seguinte, chorar. Tal e qual a vida.
O que mais aprecia nas pessoas?
A vontade natural, sem fingimento, de ajudar o próximo.
O que mais detesta nelas?
A prepotência, a perigosa convicção de que se pode controlar a vida dos outros e determinar o que é certo e o que é errado. Controlar por quem os outros se podem apaixonar, o que podem dizer, escrever ou pensar, o comprimento da saia, se podem ou não abortar, etc. Não há nada melhor do que a liberdade. A liberdade de sermos quem quisermos. A liberdade de sermos felizes.
Acordo ortográfico. Sim ou não?
Sim.