“Da ciência ao amor – pelo esclarecimento espiritual”, foi o título da comunicação que Luís Portela, presidente da Fundação Bial, apresentou, no passado dia 30 de Setembro, no auditório do Hospital Distrital de Santarém.
Nesta conferência, Luís Portela falou de convicção, não de fé. É uma convicção humanista, que parte de uma visão ecuménica da realidade, de uma crença holística na harmonia da matéria, da espiritualidade, de um bem maior.
Segundo Luís Portela, nos últimos anos, a Humanidade tem-se aperfeiçoado no que diz respeito à sofisticação tecnológica mas descurou a saúde espiritual.
Por isso, na sua óptica, é necessário existir uma alteração de paradigma, a exigência de uma ciência multidisciplinar que, perante “evidências”, não pode ignorar fenómenos parapsicológicos ou pelo menos negar a sua existência.
“Aparentemente, a Humanidade tem feito uma grande progressão no domínio tecnológico, mas, mantendo-se embriagada com a exploração material e distraída com um mar de futilidades, tem deixado para segundo plano a descoberta do espiritual. O ter tem-se sobreposto ao ser. E, recentemente, parece que já nem faz falta ter, basta parecer”, afirma.
Na sessão, o médico defendeu que o ser humano é uma partícula de energia, assim como também o são os animais e as plantas. “Todos somos energia e cabe à ciência oficial esclarecer a Humanidade sobre estas questões”, disse.
Luís Portela afirmou que “há cada vez mais conversas serenas em volta do tema da espiritualidade” e que as pessoas “vão aceitando que se possa debater o assunto”.
Aos 21 anos, na sequência da morte prematura do pai, iniciou a sua actividade empresarial e aos 27 assumiu a presidência daquele que, entretanto, se tornou um dos maiores grupos farmacêuticos ibéricos, a Bial.
Em 1994 criou a Fundação Bial que, além de conceder Bolsas de Investigação Científica, atribui o Prémio Bial, um dos maiores a nível europeu, com créditos firmados na promoção da investigação em psicofisiologia e parapsicologia, tendo apoiado 614 projectos, envolvendo 1.351 cientistas de 25 países.
“Hoje, um bom profissional deve ter um elevado grau de especialização, mas ao mesmo tempo possuir um conjunto de conhecimentos mais vasto, conhecer o mundo, a vida e procurar ser mais completo” – declarou, transportando esta ideia para o tema da conferência – “Hoje, apesar do progresso inegável da ciência, há uma perda de interesse por valores universais e uma indiferença por questões mais profundas, tais como o nosso papel aqui, a forma como nos relacionamos com os outros, e a nossa própria identidade”. Há um desequilíbrio – diagnostica – fruto do desinvestimento votado aos fenómenos parapsicológicos, sintomático de uma sociedade cada vez mais afastada das coisas espirituais.
“É obrigação da ciência esclarecer a humanidade, não postular que determinado fenómeno não existe”, sublinhou.
Autor de vários livros que se debruçam acerca do conhecimento integral do Homem, na sua obra Luís Portela aborda temas como a transmissão de pensamento, as experiências de quase-morte, a mediunidade, as vidas sucessivas e a psicocinese.
Sobre cada um dos temas, o orador apresentou, em Santarém, estudos científicos realizados desde os anos 60 por investigadores de todo o mundo, defendendo que a ciência, em geral, evolui congregando saberes.
E a fundação que dirige apoia cada vez mais equipas multidisciplinares encarregues de trabalhar em conjunto para, aos poucos, “levantar o véu da ignorância”, disse.
Nos últimos anos, o médico tem sido convidado para participar em conferências de espíritas, de budistas ou de praticantes de Reiki ou Yoga. Ultimamente participa igualmente em fóruns organizados por entidades ligadas à religião católica.
Luís Portela considera que a mensagem que transmite “nada tem a ver com as religiões”. Diz que as respeita, mas que não sente necessidade de realizar as práticas religiosas.
O convidado, que passou a interessar-se pelas questões da espiritualidade desde muito cedo, considera que a maioria das pessoas, sob o ponto de vista da fé, “aceita muita coisa e nega tudo do ponto de vista da ciência”.
Como desafio, Luís Portela diz que é preciso, por isso, que as descobertas na área da espiritualidade dêem “ao homem uma outra dimensão à superfície da Terra”.
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