A próxima semana será marcada pelo regresso às aulas presenciais, previsto entre os dias 14 e 17 de Setembro na generalidade dos estabelecimentos de ensino, depois de no passado ano lectivo terem encerrado em meados de Março devido à pandemia de covid-19.
Os alunos passaram a ter aulas à distância. Neste momento, o plano é o regresso ao ensino presencial. As escolas dizem-se preparadas para o caso de ser preciso avançar temporariamente para um sistema misto ou à distância.
O ‘Correio do Ribatejo’ lançou três questões a directores de Escolas/Agrupamentos da cidade, em diferentes níveis de ensino, e, de uma maneira geral, todos se sentem preparados para o arranque do novo ano lectivo.
Adélia Esteves, directora do Agrupamento de Escolas de Sá da Bandeira, está confiante de que “o regresso às aulas se fará de forma segura” e que “todos se sentirão à vontade no espaço escolar”.
Foi necessária a “reorganização do espaço escolar” e, ainda, assegura, “medidas sanitárias, relacionadas com o distanciamento físico e a higienização”.
No que respeita à oferta formativa, informa, esta “manteve-se inalterável, exceptuando-se o facto de, no 2º e 3º ciclos, a disciplina de Oferta Complementar não integrar o plano curricular”, refere Adélia Esteves.
Saliência ainda para a alteração dos tempos lectivos “de segmentos de 50 minutos para segmentos de 45 minutos” que segundo a directora visa “condensar as aulas e rentabilizar manhãs e tardes”.
Já António Pina Braz, director do Agrupamento de Escolas Dr. Ginestal Machado reconhece que este ano “o acréscimo de trabalho foi enorme” e que foram “actualizados os planos de contingência, limpeza, comunicação e acção, que já tinham sido elaborados no ano lectivo transacto”.
“No seio da comunidade a confiança é a palavra central e a colaboração e compreensão as palavras de suporte”, afirmou em entrevista ao ‘Correio do Ribatejo’.
Por sua vez, Margarida da Franca disse ao Correio do Ribatejo que o Agrupamento de Escolas Alexandre Herculano está igualmente preparado “dentro das possibilidades que se nos oferecem” para iniciar o novo ano lectivo.
“Cumprimos as orientações da tutela e tentámos o mais possível encontrar soluções adequadas para evitar contactos em massa”, nota.
Segundo Margarida da Franca a recepção aos alunos e Encarregados de Educação será distribuída por três dias para que não haja grandes aglomerações de pessoas dentro das escolas. Só os Encarregados de Educação dos alunos que iniciam o Pré-escolar, o 1º ano e o 5º ano, serão recebidos presencialmente. Os restantes Encarregados de Educação não entrarão na escola (só os alunos entrarão) e serão recebidos em reunião online ao fim da tarde.
Com a permanência na escola dos alunos de 2º e 3º ciclos desfasada, a directora do Agrupamento Alexandre Herculano assegura que “nada mudou, só as rotinas e condições de frequência”.
Superior aposta no ensino presencial com “responsabilidade”
Ao nível do ensino politécnico, João Moutão, presidente do IP Santarém concorda com o regresso à actividade presencial, “que é a que nos caracteriza e diferencia”.
O início do ano lectivo no Superior começará mais tarde já que as colocações da 1ª fase do concurso nacional de acesso ocorrerão a 28 de Setembro.
No IP Santarém as salas serão “apetrechadas com tecnologias de vídeo e áudio para o caso de haver necessidade de transmissão em tempo real para estudantes que estejam em casa ou noutro local que não as escolas”, afirmou João Moutão ao ‘Correio do Ribatejo’.
Já Filipa Martinho, da administração do ISLA de Santarém, diz-se “desejosa” e “ansiosa” por este novo começo de um ano lectivo marcado pela pandemia.
Segundo a administradora, o ISLA reagiu “com urgência e responsabilidade” implementando metodologias e tecnologias inovadoras que permitiram a todos os estudantes concluirem “nas melhores condições possíveis” o ano lectivo 2019-2020.
“Agora estamos ainda mais preparados”, admite.
A escola respeita todas as medidas preconizadas pela DGS e pelos órgãos de tutela nomeadamente a DGES.
Quanto à oferta formativa prevista para este ano, esta não sofre alterações mantendo-se a estratégia definida pela instituição na qual a pandemia não teve reflexo.
Escolas Profissionais igualmente prontas
Salomé Rafael, administradora da Escola Profissional do Vale do Tejo admitiu ao ‘Correio do Ribatejo’ estar a trabalhar “com vários cenários, privilegiando as aulas presenciais, mas caso seja necessário, temos a possibilidade de recorrermos a um regime misto, ou mesmo a um regime não presencial”, esclarece.
Salomé Rafael garante ainda que “tanto a EPVT como as outras escolas do grupo estão a tomar todas as medidas, dentro do que que lhes é possível, para salvaguardar a segurança da sua comunidade educativa”
Quanto à oferta formativa esta não sofreu alterações com a pandemia, pelo que a EPVT irá “abrir todas as turmas e cursos que nos propusemos abrir junto do Ministério da Educação”, conclui.
Noutra frente, José Frias Gomes, administrador do CENFIM – Centro de Formação Profissional da Industria Metalomecânica – Núcleo de Santarém, onde as aulas começaram a 1 de Setembro, a ausência de casos de Covid19 naquele centro de formação é um dado positivo.
O CENFIM dará prioridade à formação presencial, “com o total respeito das regras sanitárias em vigor, vertidas designadamente no Plano de Contingência Especifico” e procurará reforçar-se “em meios tecnológicos, materiais, de software e formação” a ministrar aos próprios formadores, no sentido de melhor adaptar a instituição e assim melhor servir a comunidade formativa.
Fecho só em caso de “elevado risco”
As escolas só serão encerradas em caso de “elevado risco” e o rastreio de quem esteve em contacto com doentes covid-19 será feito “preferencialmente nas 12 horas seguintes à identificação do caso”, recomenda a Direcção-Geral da Saúde (DGS).
Estas são algumas das medidas previstas no “Referencial Escolas – Controlo da transmissão de Covid-19 em contexto escolar”, que foi publicado a 4 de Setembro e está disponível no ‘site’ da DGS, mas que será ainda “objecto de contributos para ser aperfeiçoado e consolidado”, segundo informação da Direcção-Geral.
No documento, a DGS explica que bastam dois casos confirmados de covid-19 numa escola para ser considerado um surto, mas que só em “situações de elevado risco” as autoridades de saúde optam pelo encerramento do estabelecimento de ensino.
As primeiras opções passam por encerrar apenas uma ou várias turmas, ou então encerrar “uma ou mais zonas do estabelecimento de educação ou ensino”. Só em último caso, fecha toda a escola.
“O encerramento de todo o estabelecimento de educação ou ensino só deve ser ponderado em situações de elevado risco no estabelecimento ou na comunidade. Esta medida apenas pode ser determinada pela autoridade de saúde local, envolvendo na tomada de decisão as autoridades de saúde regional e nacional”, refere o documento da DGS que o Ministério da Educação já terá enviado às escolas.
As medidas a adoptar dependem de um conjunto de factores que vão desde o distanciamento entre pessoas, a disposição e organização das salas e a própria organização do estabelecimento de ensino. O documento diz que outro dos factores a ter em conta é o tempo que demorou desde que começaram os sintomas da doença até à identificação do caso suspeito.
A DGS sublinha a importância da “rápida actuação e aplicação de medidas” pela autoridade de saúde local, mas também da coordenação entre os diferentes agentes da comunidade educativa para o controlo da transmissão em contexto escolar.
Entre as medidas está o rastreio de quem esteve em contacto com o doente: “O rastreio de contactos deve ser iniciado prontamente após a confirmação de um caso de covid-19, preferencialmente nas 12 horas seguintes à identificação do caso, incluindo os contactos na escola (alunos, pessoal docente, pessoal não docente), os co-habitantes e contactos de outros contextos que possam ser relevantes”, lê-se no referencial.
No caso de as autoridades de saúde optarem pelo encerramento temporário da escola, a sua reabertura fica dependente de nova decisão daquelas autoridades no momento em que considerem que a situação epidemiológica está controlada e não representa risco para a comunidade escolar.
No documento, a DGS aponta ainda os impactos negativos do encerramento das escolas e do confinamento: “Ainda que sejam medidas necessárias para o controlo de uma epidemia, têm impacto nos determinantes sociais, mentais e ambientais da saúde, que se podem reflectir em consequências a longo prazo no bem-estar físico, psicológico e social dos alunos. Estas consequências tenderão também a aumentar as desigualdades sociais e de saúde já existentes”.
O documento divulgado apresenta também um capítulo com perguntas e respostas às principais dúvidas que têm surgido durante a pandemia. A primeira pergunta é se as crianças apresentam menor risco de contrair covid do que os adultos.
A DGS esclarece com a informação disponível até ao momento: “Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), os casos em idade pediátrica representam apenas cerca de 1 a 3 por cento das infecções por SARS-CoV-2 notificadas a nível mundial. Contudo, estes parecem ser tão susceptíveis à infecção quanto os adultos, apesar de apresentarem formas ligeiras ou assintomáticas (sem sintomas) da doença. Estão a ser desenvolvidos mais estudos para avaliar o risco de infecção em crianças e jovens”.