A Galeria do Mercado Municipal de Coruche recebe, de 8 a 31 de Março, a exposição temporária “Mulheres e Resistência – ‘Novas Cartas Portuguesas’ e outras lutas”, cedida pelo Museu do Aljube e integrada nas celebrações do Dia da Mulher (8 de Março) e dos 50 anos do 25 de Abril.
Também em exposição, parte do acervo que o fotógrafo Armindo Cardoso registou no Concelho entre 1979 e 1980. Aberta à comunidade educativa e à população em geral, a mostra contribui para refletir sobre o papel das mulheres ao longo dos 48 anos de resistência ao fascismo, bem como sobre a sua importância na conquista da Liberdade no País. A exposição sublinha ainda o contributo de mulheres que, com origens e percursos distintos, inventaram e concretizaram batalhas pelos seus direitos, pela justiça social e pela liberdade, dos anos 30 do século passado ao 25 de Abril de 1974.
A partir da obra “Novas Cartas Portuguesas”, publicada conjuntamente pelas escritoras portuguesas Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa (Três Marias) em 1972, a exposição aborda o papel da repressão, o valor da solidariedade e a importância do processo literário e político que envolveu as Três Marias. O livro, escrito a seis mãos e terminado em maio de 1971, foi publicado um ano depois, tendo a primeira edição sido recolhida e destruída pela censura três dias após o lançamento. Singular, a obra elucida-nos sobre a relevância de uma vitória literária sobre a tacanhez. O percurso expositivo valoriza também o papel de tantas mulheres que lutaram e venceram batalhas pelos seus direitos.
A obra e o seu tempo, o processo e o julgamento, a solidariedade internacional, o 25 de Abril e a absolvição são temas de um tempo em que, escreveu-se, a mulher não existia no Estado Novo. Quem visitar a Galeria do Mercado Municipal pode ainda conhecer parte do acervo fotográfico registado por Armindo Cardoso em Coruche entre 1979 e 1980, que reúne imagens ilustrativas do papel da mulher nas rotinas do trabalho após o 25 de Abril. Lutas Operárias, camponesas, antifascistas e outras jornadas de Resistência marcam também a exposição temporária “Mulheres e Resistência – ‘Novas Cartas Portuguesas’ e outras lutas”, mostrando-nos que o combate por direitos fundamentais se mantém atual no ano de comemoração dos 50 anos da Revolução dos Cravos.