O presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, evocou hoje o dramaturgo Bernardo Santareno, no dia em que se assinalaram cem anos sobre o seu nascimento, e destacou a centralidade na sua obra aos “direitos e liberdades individuais”.

Numa mensagem divulgada no site do parlamento, Ferro Rodrigues classifica Bernardo Santareno como “um dos mais relevantes dramaturgos portugueses do século XX”.

O presidente da Assembleia da República destaca o percurso biográfico do dramaturgo, que nasceu em Santarém, a 19 de Novembro de 1920, recordando que se afirmou “pela vasta obra literária, essencialmente no domínio do teatro, mas onde pontua a prosa e poesia”.

“Intelectual de esquerda, adere à Juventude Comunista em 1941, militando no Partido Comunista Português a partir dessa data. Censurado e perseguido durante a ditadura pelos seus valores e ideias, bate-se até à sua morte pelas causas da liberdade e da democracia”, refere ainda Ferro Rodrigues.

O presidente da Assembleia da República destacou na obra do dramaturgo “a centralidade que deu aos direitos e às liberdades individuais por oposição aos preconceitos morais e sociais de um Portugal atrasado e isolado do resto do mundo, abordando temas não consensuais para a época, como o papel da mulher na sociedade, nas instituições e no casamento”.

“Desde a primeira hora, a Assembleia da República associou-se às Comemorações Nacionais do Centenário de Bernardo Santareno (1920 – 2020), concedendo o seu Alto Patrocínio”, recordou Ferro Rodrigues.

Na mensagem, o presidente do parlamento lembrou que esta foi uma iniciativa da actriz, encenadora e dramaturgista Fernanda Lapa, que faleceu em Agosto, e da Escola de Mulheres – Oficina de Teatro, que fundou com Isabel Medina, em 1995, destinada a privilegiar a criação feminina no teatro.

“Não seria, pois, justo que, neste dia, evocasse Bernardo Santareno sem recordar a sua aluna dilecta, Fernanda Lapa”, acrescenta, considerando que o país deve a ambos “avanços significativos nas últimas décadas na afirmação do papel da mulher na sociedade portuguesa, e, em especial, nas artes cénicas”.

O centenário do nascimento de Bernardo Santareno vai ser assinalado com uma exposição bibliográfica sobre a sua obra e a exibição de excertos de peças com textos do autor, entre outras iniciativas.

Nascido em 19 de Novembro de 1920, em Santarém, António Martinho do Rosário formou-se em Medicina e especializou-se em psiquiatria, mas foi com o pseudónimo literário Bernardo Santareno que se tornou conhecido, do público em geral. Morreu a 29 de Agosto de 1980, com 59 anos.

“A Promessa”, adaptada ao cinema por António de Macedo (longa-metragem seleccionada para o Festival de Cannes), “O Lugre”, “O Crime da Aldeia Velha”, “António Marinheiro ou o Édipo de Alfama”, “O Pecado de João Agonia”, “O Judeu”, “A Traição do Padre Martinho” e “Português, Escritor, 45 Anos de Idade” são algumas das peças de Bernardo Santareno que se destacaram nos palcos.

O autor também escreveu poesia (“A Morte na Raiz”, “Romances do Mar”, “Os Olhos da Víbora”) e relatos de viagens, nomeadamente em “Nos Mares do Fim do Mundo”, onde testemunha a saga dos pescadores da antiga frota bacalhoeira portuguesa, contrariando a visão pacífica, oficial, divulgada pela ditadura, das condições de trabalho e da pesca.

Leia também...

Bons Sons atraiu 33.800 festivaleiros a Cem Soldos durante quatro dias

A 10.ª edição do festival Bons Sons atraiu a Cem Soldos, no…

Presa preventivamente suspeita de burla que se fazia passar por inspectora da PJ

Uma mulher de 43 anos foi presa preventivamente por suspeita de se…

Correio do Ribatejo – 129 Anos: Um visionário à frente de uma empresa que corre sobre rodas

Jaime Carvalho é um dos mais conhecidos empresários do ramo automóvel de…

Município de Santarém assumiu pagamento de 1500 vacinas do programa “Vacinação SNS Local”

O Município de Santarém e a Associação Dignitude celebraram um protocolo, denominado…