A 10.ª edição do Festival da Sopa da Pedra chegou ao fim no passado domingo, 1 de Setembro, no Parque das Tílias, junto à Praça de Touros, em Almeirim, numa organização da Confraria Gastronómica de Almeirim e da Câmara Municipal. Foram milhares as pessoas que visitaram o certame para provar a gastronomia local, ou assistir aos espectáculos diários.
A inauguração teve lugar ao final da tarde de quarta-feira, 28 de Agosto, e contou com as presenças do presidente do Município, Pedro Ribeiro que lembrou a existência de apenas “dois produtos com ETG [Especialidade Tradicional Garantida], sendo a sopa da pedra um deles”, frisou.
“A certificação tem sido uma mais valia, e um valor acrescentado, mas foi um trabalho que começou há sete ou oito anos”, só possível, disse, pela “resiliência” de todas as entidades envolvidas no processo.
Pedro Ribeiro informou os presentes que já foi colocada a primeira de doze placas em restaurantes que servem a sopa enquanto “especialidade tradicional garantida”, facto que considera “claramente uma mais valia”.
“Hoje Almeirim é bastante conhecida pela sopa da pedra, mas pela sopa da pedra feita de uma determinada forma, e o que temos de garantir é que no futuro não haja quem se queira aproveitar dessa fama adulterando a forma de a fazer e prejudicando o futuro deste prato”, observou, informando os presentes de que as ‘caralhotas’ e o ‘melão de Almeirim’ estão a seguir o mesmo caminho da certificação.
A inauguração contou com a presença do secretário de Estado da Administração Local e Ordenamento do Território Hernâni Dias que aplaudiu a “concertação” entre a Confraria e o Município, no levar por diante um evento “com uma dinâmica incrível” e o envolvimento do movimento associativo.
“A vertente gastronómica é hoje um elemento muito importante na promoção dos territórios, quer seja do ponto de vista da actividade cultural, desenvolvimento social, e sobretudo para promover a coesão territorial. Faz todo o sentido que as várias entidades se organizem, e conjuntamente, possam fazer o trabalho necessário para a valorização dos seus produtos. Almeirim é um concelho que dá cartas a nível do país relativamente a esta matéria”, referiu Hernâni Dias.
O membro do governo elogiou o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido em redor da certificação da ‘Sopa da Pedra’ que “vai ajudar a que cada vez mais pessoas aqui venham e possam usufruir da Sopa da Pedra, porque verdadeiramente hoje aquilo que é a nossa própria identidade deve ser promovida e trabalhada diariamente para que consigamos ter cada vez mais projecção. Almeirim tem conseguido este trabalho, um trabalho do Município, de outros parceiros, daqueles que no seu dia a dia estão a lutar por aquilo que é o desenvolvimento integrado do concelho”, concluiu o secretário de Estado da Administração Local e Ordenamento do Território.
Já José Manuel Santos, presidente da Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo salientou a “expressão que, ano após ano, este festival vai conquistando” porque tem por detrás, “um trabalho importante que tem sido desenvolvido pelo município, um trabalho de certificação, de projecção da sopa da pedra”.
“As coisas não acontecem por acaso e o trabalho que foi desenvolvido nos últimos anos na certificação, em articulação próxima com os empresários da restauração começa a dar os seus frutos e está previsto este ano os restaurantes passarem a ostentar à entrada a placa de certificação como restaurante certificado – especialidade tradicional garantida sopa da pedra. Um trabalho de fundo, que com planeamento dá os seus frutos”, sublinha.
José Manuel Santos lembrou os resultados da procura turística na Lezíria do Tejo, onde, segundo o responsável “as dormidas, nestes 11 concelhos, subiram 15% e em Almeirim 17%, um pouco acima da média”.
“Percebemos que a promoção do Ribatejo e o trabalho das Câmaras, ERTAR e principalmente dos empresários começa a dar frutos”, afirma, considerando que são “bons resultados que devem animar os empresários da hotelaria, restauração, alojamento local, todos os que trabalham nesta fileira que tanto nos apaixona que é a fileira do turismo”, remata.
No acto inaugural usaram ainda da palavra Cruz Marques em representação da Federação Portuguesa das Confrarias Gastronómicas, a chef e formadora Irene Pimenta, madrinha do Festival (Ler Caixa) e Luis Manso, Grão-Mestre da Confraria Gastronómica de Almeirim, todos eles a reconhecerem a importância deste evento na defesa e promoção do importante produto da nossa tradicional cozinha ribatejana que é ‘Sopa da Pedra’.
Dez anos de Festival
Ao fim de uma década, o Festival tornou-se um evento “de paragem obrigatória” para se provar a gastronomia da região, em particular a afamada sopa da pedra.
A ‘Sopa da Pedra’ tornou-se um ícone gastronómico do país e Almeirim um local de paragem obrigatória para provar essa iguaria.
À imagem da edição passada, foram as Confrarias de Portugal as responsáveis pela animação do espaço ‘Show Coocking’, logo no primeiro dia, com a presença da Confraria Enogastronómica da Madeira, seguindo-se a do Queijo São Jorge (dia 29), a Confraria do Arroz e Sabores de Azeméis (dia 30), a Confraria dos Sabores e Saberes no dia do Município de Sines (dia 31) e a Confraria do Arroz Doce no último dia do Festival (1 de Setembro).
A Sopa da Pedra de Almeirim recebeu, em 2022, o estatuto de Especialidade Tradicional Garantida da União Europeia, tornando-se no segundo produto no país com este reconhecimento.
Para o grão-confrade da Confraria Gastronómica de Almeirim, Luís Manso, o Festival é “o evento de Almeirim com maior exposição mediática e que acolhe mais público”.
O Festival da Sopa da Pedra tem crescido de ano para ano, sendo já uma referência na região. Tem conseguido aumentar a envolvência de novos parceiros e o interesse de mais entidades.
Em 2018, o Festival recebeu o prémio de melhor evento gastronómico da região de turismo do Alentejo e Ribatejo.
E o que torna a ‘Sopa da Pedra’ um prato tão especial? “Podemos falar do seu valor nutricional, de ser um produto que se enquadra na dieta mediterrânea, de ser um prato consumido de Verão e de Inverno, ao almoço e ao jantar, mas o que torna a sopa mesmo única é o sorriso de miúdos e graúdos no final da refeição, a recordar a lenda do frade bem-disposto que mendigava os ingredientes da sopa”, lembra Luís Manso.
A 10.ª edição do Festival da Sopa da Pedra de Almeirim voltou este ano a contar com uma grande diversidade de acções a decorrerem no festival: concertos, showcooking, animação, carrocéis, stands de artesanato e empresariais, espaço de apresentação de vinhos, a quermesse gastronómica e, claro, as tasquinhas onde foi servida a Sopa e outros petiscos.