Durante onze dias, entre 16 e 26 de Outubro, a Casa do Campino transforma-se novamente no coração da gastronomia portuguesa. O Festival Nacional de Gastronomia de Santarém cumpre este ano a 44.ª edição e reafirma-se como um dos mais importantes encontros do País em torno dos sabores, das tradições e das gentes que lhes dão vida. Desde 1980 que Santarém se assume como Capital da Gastronomia Portuguesa e, a cada nova edição, o festival renova esse estatuto com a força de quem soube transformar a memória em identidade e a identidade em futuro.

 

Para o presidente da Câmara Municipal de Santarém, João Teixeira Leite, o festival é mais do que um evento gastronómico. É um acto cultural, económico e emocional. “A gastronomia é cultura, economia e orgulho nacional — e Santarém é o seu grande palco”, afirma o autarca, que sublinha o equilíbrio entre tradição e inovação como marca desta edição. A cidade, diz, “tem todas as condições para ser referência nacional e internacional na área da gastronomia, com um festival que é, há décadas, um símbolo do que o País tem de melhor”.

 

A edição de 2025 apresenta uma programação vasta, com mais de uma centena de actividades distribuídas pelos diferentes espaços da Casa do Campino. O certame abre a 16 de Outubro com o Dia do Município de Santarém e com a inauguração do Salão Nacional de Vinhos & Gastronomia, dinamizado pela Associação de Municípios Portugueses do Vinho (AMPV) e apoiado pela Associação das Rotas dos Vinhos de Portugal, pelo programa Wine in Moderation e pelas federações de confrarias gastronómicas e báquicas. Instalado nos claustros, logo à entrada do recinto, o salão dá o tom da edição deste ano: uma celebração dos territórios vitivinícolas e da diversidade do País, com provas, tertúlias, harmonizações, showcookings e momentos musicais dedicados a cada região.

 

O primeiro dia, dedicado a Santarém, abre com degustações e promoção turística e cultural no espaço da Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo, com presenças do Kartódromo de Alcanede, da Casa da Amieira e da Fundação Luiza Andaluz, entre outros. À tarde, realiza-se a conferência comemorativa dos 25 anos da elevação da gastronomia a património, a entrega dos prémios do Concurso de Pão Tradicional Português e uma série de provas de vinhos e azeites das regiões do Alentejo e de Trás-os-Montes. À noite, o recinto ganha ritmo com actuações musicais, showcookings temáticos e o lançamento do vídeo oficial da AMPV.

 

No dia seguinte, 17 de Outubro, é a vez da Golegã mostrar os seus sabores com broas dos santos, café das velhas e olivicultura local. O Ribatejo e o Tejo marcam presença em provas de vinhos e tertúlias com enólogos, enquanto o palco principal recebe actuações de artistas da região e a música de Dona Alzira encerra a noite. A 18, Rio Maior toma o protagonismo com o Mercadinho Romano, a promoção dos presépios de sal e um showcooking do restaurante Pitada de Sabor, num dia que se prolonga até às duas da manhã, com demonstrações culinárias e o concurso Troféu Portugal a animar o Pátio dos Claustros.

 

Domingo, 19, pertence a Salvaterra de Magos, que traz ao recinto o simbolismo da Falcoaria Real e as degustações do Mês da Enguia. O Algarve e a Madeira marcam presença nas provas de vinhos e a Escola Profissional de Salvaterra protagoniza uma demonstração que une tradição e modernidade. No dia seguinte, Alpiarça assume o centro das atenções com showcookings próprios, provas de vinhos do Dão e uma programação que alia gastronomia e música popular, com actuações do Rancho Albandeio e da cantora Joana Teixeira, de Castelo Branco.

 

O dia 21 é dedicado a Azambuja, com destaque para o torricado de bacalhau, os produtos biológicos e as 4 Maravilhas da Mealhada. Segue-se Coruche, a 22, que apresenta os vinhos da Cidade do Vinho 2025 e promove showcookings com os chefs da região. O Cartaxo chega a 23 de Outubro com propostas de degustação inspiradas na Península de Setúbal, vinhos de Palmela e uma tertúlia conduzida pelo enólogo Jaime Quendera, numa noite marcada por música e convívio.

 

Benavente é o município em foco a 24, com um programa centrado no arroz carolino das Lezírias Ribatejanas e na doçaria local. Há ainda lugar para a promoção da futura Cidade Europeia do Vinho 2026, no Baixo Alentejo, com a actuação do grupo coral de Ourique e um showcooking dedicado ao “Carolino Doce”. No penúltimo dia, Almeirim apresenta as suas especialidades emblemáticas — da Sopa da Pedra ao Arroz Doce — e conta com a participação da Confraria Gastronómica local e da Adega Cooperativa, bem como com actuações musicais de Sofia Pereira e Corazón Latino. O encerramento, a 26 de Outubro, cabe à Chamusca, que traz a doçaria tradicional Peixe Doce, o fado e a entrega dos prémios do Concurso Cidades do Vinho.

 

Ao longo de toda a programação, o público é convidado a participar em provas, experiências e oficinas. O Espaço Júnior, no Pavilhão do Futuro, propõe actividades dedicadas às famílias e às escolas, como o Cantinho das Artes, o Cantinho das Ervas Aromáticas e oficinas criativas. O festival volta assim a afirmar-se como evento de todos e para todos, com entrada gratuita nos dias úteis até às 18h00 e gratuita também para menores de 16 anos. Os bilhetes, com valor simbólico de 2,50 euros, estão disponíveis na BOL e em pontos habituais de venda, como o Teatro Sá da Bandeira, CTT, Worten e Fnac.

 

O impacto económico do festival é notório. Durante as duas semanas do evento, a taxa de ocupação hoteleira aproxima-se dos 100%, o comércio tradicional regista aumento significativo de movimento e a restauração local trabalha a plena capacidade. “O festival tem um impacto directo na economia de Santarém que ultrapassa o milhão de euros, mas o mais importante é o que fica para além dos números: a projeção nacional e o reforço da nossa imagem enquanto destino de excelência”, salienta João Teixeira Leite. A visibilidade mediática do festival, acrescenta, “é um factor de promoção territorial que se prolonga no tempo e contribui para atrair novos visitantes e investimento”.

 

A edição de 2025 distingue-se também pela aposta na modernização, com nova imagem gráfica, reforço da comunicação digital e maior conforto para visitantes e expositores. A sustentabilidade é outro eixo central, com preocupação em reduzir o desperdício alimentar e valorizar produtos biológicos e de proximidade. A ligação entre gastronomia, cultura e património está igualmente no centro das atenções, através de iniciativas que promovem não apenas os sabores, mas também as histórias, tradições e expressões artísticas que lhes estão associadas.

 

“Temos procurado modernizar o festival com respeito pela sua história”, diz o presidente da Câmara. “Investimos na melhoria das infra-estruturas e no cruzamento da gastronomia com outras dimensões culturais, sem nunca perder o essencial: as cozinhas regionais, os produtos locais e o saber fazer português que são o coração do festival.” Para o autarca, este equilíbrio é o que garante a vitalidade do evento e o seu papel central na promoção do concelho.

 

Com esta edição, Santarém volta a afirmar-se como a grande capital dos sabores portugueses. Entre vinhos e azeites, pão e doçaria, pratos de sempre e novas criações, o festival continua a ser o ponto de encontro entre gerações, territórios e culturas. A Casa do Campino transforma-se num mapa vivo de Portugal, onde cada região tem voz, cor e aroma próprios. No final, o sentimento é unânime: o Festival Nacional de Gastronomia não é apenas uma tradição ribatejana — é um retrato do País à mesa, feito de autenticidade, partilha e orgulho.

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