Na semana de arranque do Campeonato Distrital da 1.ª Divisão, o Correio do Ribatejo entrevistou o presidente da Associação de Futebol de Santarém que ocupa o cargo desde 2012.
Ao nosso Jornal, Francisco Maia Jerónimo faz o balanço dos últimos sete anos à frente da instituição. Fala dos projectos de futuro que pretende implementar e aponta o futebol feminino e de formação como prioridades.
Francisco Jerónimo garante ainda que a AFS está atenta às mudanças no futebol distrital e destaca a evolução ao nível da arbitragem, da formação dos clubes, dirigentes e jogadores da região.

Francisco Jerónimo preside, desde 2012, à Associação de Futebol de Santarém (AFS). Da tomada de posse até aos dias de hoje, como avalia a evolução do futebol no distrito?
Em sete anos, faço uma avaliação francamente positiva daquilo que foi o futebol e daquilo que, em 2012, nos propusemos apostar.
Não fizemos promessas, assumimos o compromisso com os clubes que foi o de contribuir decisivamente para verdadeira sustentabilidade dos clubes do distrito. Só assim é que o futebol distrital podia crescer e, de facto, tem crescido, nomeadamente em número de atletas. Nesse período subiu 32 por cento o número de atletas inscritos. Tem sido um crescimento sustentado é aí que o trabalho fantástico dos clubes se tem desenvolvido, porque só os clubes, só o trabalho do dia-a-dia, de todas as horas, muitas vezes anónimo, tem contribuído para que o futebol distrital tenha ultrapassado a barreira dos nove mil atletas, um facto impensável há meia dúzia de anos. É um motivo de regozijo sustentarmos cada vez mais o sétimo lugar do ranking das 22 Associações, deixando para trás associações como o Algarve e Coimbra. Isso só foi possível através do lançamento de projectos dinamizadores do futebol distrital e trazer para nós também outros eventos, outras apostas, outras organizações que têm permitido uma maior sustentabilidade em termos financeiros que projectamos nos clubes. É esse que tem sido o nosso objectivo e por isso estamos satisfeitos com este período.

A AFS quer subir ainda mais nesse ranking?
Eu acho que não temos limite, seria muito optimista se em 2012 tivesse dito que chegávamos aos oito mil, já passámos dos nove mil e isso não nos faz parar. O crescimento no último ano esteve próximo dos 15 por cento e deve-se a uma aproximação ao futebol de recriação e lazer, onde fomos buscar um número de atletas significativo, mas independentemente disso, o próprio número de atletas no sector de competição propriamente dito também tem crescido quatro, cinco, sete por cento ao ano e isso é importante. Portanto, não temos limite e vamos continuar a trabalhar, ano após ano, passo a passo, com uma aposta forte na formação. O «Traquinafut» foi um projecto decisivo para esse crescimento e na época 2018/2019 são já 1.200 os miúdos envolvidos nesse projecto. Por exemplo, o próprio Tejo Cup, também ajudou a criar uma maior força no futebol de formação, graças a um grande trabalho dos clubes. O número de clubes inscritos na associação são 75, que se tem mantido.

A iniciativa “Futebol Distrital em debate” marca o início da época. Vai ser um início sem sobressaltos?
Está tudo pronto para começar esta época de 2019/2020, aliás, vamos dar-lhe início no próximo sábado [amanhã], com o sexto encontro que organizamos, o “Futebol Distrital em debate”, para o qual chamamos todos os clubes e presidentes e quem eles quiserem trazer para num fórum, durante uma manhã, discutirmos e apresentarmos aquilo que é a realidade do futebol distrital hoje, projectar a época 2019/2020 e por outro lado, lançar temas que nos pareçam mais importantes. Concretamente, este ano escolhemos os seguros desportivos e vem um técnico explicar melhor como é que os clubes podem gerir a questão dos seguros desportivos, nos quais houve melhorias significativas nos últimos dois anos, nomeadamente nas franquias e como é que os clubes podem reduzir os custos. O outro tema é a certificação dos clubes que é um processo complexo. Vamos fazer um painel em que vai participar o director da federação que é o responsável por este projecto. Dois clubes já certificados para poderem também transmitir as suas ideias. Já temos cinco clubes certificados e 22 em processo de certificação. Isto é um encontro de abertura, à tarde começa a bola a rolar, o torneio, que era um torneio de abertura, agora designado o torneio Luís Boavida de futsal, é disputado num quadrangular, sábado e domingo, em que vão disputá-lo as equipas do Nacional com as duas melhores classificadas da época anterior, do campeonato distrital. Um quadrangular para servir de arranque não só ao futsal distrital, mas também às equipas que estão a entrar no futsal nacional.
No domingo, disputa-se a primeira jornada do campeonato distrital da primeira divisão de futebol que tem tudo para continuar a ser uma prova muito competitiva e que nós desejamos que continue a decorrer com muito desportivismo e fair-play.

À imagem do que aconteceu a época passada?
No ano passado tivemos uma época desportiva de futebol fantástica que só terminou no último minuto e com vários clubes ao longo da época a disputarem-na. Quase todas as semanas havia alternância na liderança e nos primeiros lugares e este ano, acho que vai continuar a ser um grande campeonato, bem disputado, que entusiasme os adeptos e que cada vez leve mais pessoas aos campos. Que é isso que se está a verificar e temos verificado nos últimos tempos, uma maior aderência de pessoas, dos adeptos e isso é importante para as molduras humanas nos estádios.
A novidade do campeonato de seniores, como tinha sido aprovado e resultado também da auscultação que fomos fazendo aos clubes do futebol distrital, avançou-se com uma proposta de aumentar para 16 clubes. Em termos de seniores, na segunda divisão distrital, vamos ter 38 clubes. Mais seis clubes para disputar o campeonato de seniores do que a época passada. É um motivo de satisfação que vem confirmar a sustentabilidade do futebol distrital é uma realidade e os clubes estão mais preparados. Por exemplo, os clubes avançarem para as equipas B, para fazer um maior aproveitamento da formação, isso é de facto o melhor indicador. É um indicador real do que se passa, actualmente, no futebol distrital.

Este aumento, na segunda divisão, pode levar a um aumento no futuro também na primeira divisão?
Estas alterações dos quadros competitivos não são para fazer todos os anos. Nós não tínhamos alterações do campeonato na primeira divisão desde 2012, tem que haver alguma consolidação, perceber se o modelo se consolida ou não, perceber se esta é a realidade e como disse há pouco, fazemo-lo depois da auscultação aos clubes. Por exemplo, no encontro do ano passado, em Fátima, foi um dos temas por nós lançados que levou a constituir um grupo de trabalho com treinadores, dirigentes, membros da associação, um grupo de trabalho que concluiu nos 16 e a partir daí, a direcção apreciou e decidiu, na Assembleia Geral e os clubes votaram por unanimidade. Temos primeiro de consolidar este modelo para depois verificar se ele tem carências ou se precisa de mudar.

A certificação dos clubes é o caminho?
Eu acho que esse é o caminho e é um grande projecto da F.P.F, ao qual aderimos desde a primeira hora. Temos um grupo de trabalho muito dinâmico e capaz de coordenar este projecto internamente com o nosso coordenador técnico, o director de serviços e um membro da direcção que está muito empenhado nesse projecto e até já foi convidado para fazer formação nessa área pela própria Federação. Para nós, tem tanto valor um clube com maior projecção atingir quatro níveis, eventualmente o quinto nível que é o máximo, como alguns pequenos atingirem uma estrela ou atingirem até só a entidade, não precisar de ser só uma entidade formadora, especificamente, porque isso é o sinal de que os clubes se querem organizar e para estarem melhor preparados, porque daqui a pouco tempo, um clube que não esteja certificado não pode disputar os campeonatos nacionais. Portanto, isto foi uma regra que foi definida pela Federação e, portanto, o projecto é complexo. E nós chamamos a atenção para isso em vários fóruns de que o futebol nacional não é só os grandes clubes da formação. Portanto, nós temos de ter aqui alguma tolerância e quando o digo, não se pode pôr em causa o projecto e a Federação percebeu isso. Este ano, “aliviou” um pouco o pé e acho que estão criadas as condições para os clubes chegarem lá. E nós, no ano de arranque, somos uma associação com cinco clubes certificados, dois deles com quatro estrelas, o que é óptimo e que nos deixa a todos no bom caminho.

A AFS, em conjunto com Leiria, organizaram este ano o Torneio Lopes da Silva. Como é que avaliam essa organização e se gostariam de voltar a organizar este torneio?
Só posso estar muito satisfeito com isso. A equipa da Associação de Futebol de Santarém foi perfeita, e Leiria também. Estamos muito satisfeitos, e não somos nós que o dizemos, recebemos, desde a primeira hora, da Federação o balanço que fizemos sobre um torneio de grande qualidade em termos de organização e das condições que pusemos ao serviço das 22 selecções que estiveram presentes: grande qualidade hoteleira, grandes infra-estruturas desportivas. Foram, pela primeira vez, duas associações que se entenderam e propuseram à Federação organizar um evento deste tipo. Nunca tinha acontecido, foi de tal maneira, que agora a Federação já lançou para o próximo ano, o ideal é duas associações se juntarem, já que tinha a convicção pura de que não teríamos hipóteses de organizar o torneio Lopes da Silva sozinhos. Não é porque não tínhamos capacidade, é porque já o tínhamos feito e havia associações como Porto ou Aveiro que nunca tinham organizado e queriam organizar.
Apresentámos uma candidatura sólida, forte e a Federação atribuiu-nos essa organização. Foi um êxito, ficámos muito satisfeitos, porque primeiro: é importante ter, neste evento, 550 membros da comitiva fora a envolvente e isso promove a região, o futebol e com muito trabalho das duas associações, também arranja condições para a nossa maior capacidade de sponsarização sobre os nossos eventos. Isso é decisivo.

O futebol feminino tem sido na região a aposta de alguns clubes. Esse também é um dos objectivos da Associação?
É. É a aposta da Associação ter mais futebol feminino, aliás, lançámos o ano passado um projecto com impacto [Bora Lá Meninas] e já pedimos à Federação para o implementar mais, foi interessante.

E houve um grande apoio da Federação a este aspecto?
Não houve. Há apoio da Federação para as competições, isso é verdade. Os custos desportivos, etc., isso é verdade. Agora, projectos de desenvolvimento do futebol de base, essa tem sido a minha batalha, com o projecto “Bora Lá Meninas” que foi elogiado pela Federação e premiado, mas em termos de apoios directos… não houve.

Porquê?
Dizem-nos que está em estudo. Portanto, temos esperança que vamos ter apoio para continuar a implementá-lo em parceria com as autarquias. Só assim é que se consegue desenvolver o futebol feminino. E há autarquias empenhadas, clubes empenhados. Não é fácil, por razões que todos conhecem, mas no ano passado já tivemos mais atletas inscritos na competição e este ano estamos a procurar encontrar um modelo para colocarmos às equipas e a outras associações, já que algumas não têm nenhum. Temos de fazer um campeonato competitivo, provavelmente em duas fases. Entrar numa parceria com uma associação, provavelmente Leiria, para fazermos um campeonato mais competitivo e depois fazermos uma final para disputar o título de campeão distrital. É o que está em marcha e penso que vai ter muitas pernas para andar.

Para isso é importante ter mais clubes que queiram futebol feminino?
Sim, isso é importante. Estamos à espera das inscrições ainda, mas como eu digo, desde que hajam dois já há um campeão distrital. Vão lá fazer a prova e depois vêm aqui fazer as finais.

Também é importante para a associação ter o Ouriense na primeira divisão?
Para nós, ter um clube que conseguiu o feito de ir à Liga dos Campeões é importantíssimo. O Ouriense, no passado, tinha sido a única equipa portuguesa que passou à fase a eliminar. Este ano, já houve uma outra: o Braga. Ter um clube que é bicampeão nacional, vencedor da Taça de Portugal e com essa brilhante participação na Liga dos Campeões é motivo de referência para nós. Aliás, o Atlético Ouriense é o clube com mais atletas femininos inscritos e tem outros escalões. A aposta no Ouriense é para se manter na primeira divisão. Porque o campeonato da primeira divisão de futebol feminino, como se percebe, está num patamar onde estão “os tubarões” e cada vez é mais difícil lá ficar, mas o Atlético Ouriense está preparado para aguentar a primeira divisão e, para nós, é uma referência importante.

A Associção tem agora dois clubes nos Campeonatos Nacionais, a região tem capacidade para sonhar com mais clubes nessas competições?
O Campeonato de Portugal é um campeonato difícil. Ainda agora tivemos uma reunião com a liga para abrir uma porta, porque de 72 equipas só subirem duas é uma violência. E há muitas equipas, algumas dessas 72 com orçamentos de segunda liga. Até agora tem-se percebido que é um campeonato com pouco retorno, isto é, a Federação não tem conseguido arranjar “sponsors”. E manter uma equipa neste campeonato é um esforço muito grande. Acredito que as duas equipas que estão no Campeonato de Portugal estejam preparadas para, pelo menos, estabilizar, penso que é esse o objectivo dos clubes. Eu acho que o campeonato distrital está mais competitivo e quem lá chegar a cima vai mais preparado. Esperamos que venha a acontecer. Este ano vai subir mais um com certeza, e que os outros dois estabilizem. Se isso acontecer já teremos três equipas.

Tem havido nos últimos anos a criação de SAD’s nos clubes. É uma boa prática?
Era uma questão que não se punha aqui há três ou quatro anos, ninguém se lembrava disso, e isso obrigou a que nos adaptássemos a esta nova realidade. As SAD são uma opção legítima dos clubes, que o podem fazer. O facto de ser SAD não quer dizer que seja mau ou seja bom. Depende dos projectos que sejam implementados, depende de como os clubes de origem façam a gestão da integração, ou do clube, ou de algumas equipas em SAD. Isso é um projecto da responsabilidade de cada um, podemos ter SAD mais sustentadas, SAD com uma perspectiva de desenvolvimento do futebol, mas também pode haver situações que temos que estar atentos, e nós já mostrámos isso, fomos praticamente pioneiros, para entrar esta época com regulamentação alterada adaptada a essa realidade.
Tive oportunidade de dizer isso num fórum da federação em que estavam as associações, e a direcção da federação e o próprio presidente fez essa observação, preocupado sobre o que pode acontecer com os jogadores estrangeiros objectivamente. E o que se passa em alguns casos, que não podemos tolerar, e para isso temos que estar adaptados, e estamos. Já aprovámos em Assembleia-geral a regulamentação e portanto neste momento é para cumprir em Santarém, é para cumprir com todo o rigor. Até por que temos oportunidade disso, de monitorizar, e a época passada serviu para testar essa monitorização daquilo que são equipas com jogadores não formados localmente. Porque um jogador, só por ser estrangeiro não é razão, e ao abrigo da legislação da União Europeia não podemos impedir que um jogador estrangeiro jogue em Portugal. A federação não pode, a UEFA ainda tentou, não há hipótese.

Então onde pára a questão?
A questão que temos é dos jogadores não formados localmente, e para isso a nossa regulamentação é simples: nos 18 inscritos para cada jogo tem que haver 12 formados localmente, se isso não acontecer há uma primeira penalização, há uma penalização em caso de acontecer de novo, mais forte, há uma terceira mais pesada e depois chega à perda do jogo. Os clubes sabem disso, foi aprovado em Assembleia-geral, está em vigor, portanto vamos ter esse limite fixado pela própria federação como indicador, nos adoptámos esse número. 12 dos 18 têm que ser formados localmente, não há hipótese e vai ser muito controlado, sem contemplações. No distrito não temos conhecimento de situações, que sejam graves, nomeadamente com a “importação” de estrangeiros. Não temos conhecimento que isso aconteça aqui, mas é de conhecimento nacional e os órgãos de comunicação social já o fizeram sentir em alguns casos, situações que, o desporto e o futebol não podem tolerar.

Essa medida dos jogadores formados localmente é também para salvaguardar a formação?
Evidente! Não podem vir ’aviões‘ de atletas estrangeiros, e às vezes, com situações de pouca legalidade. Chegam aqui, entram numa equipa, no dia seguinte vão embora, não pode ser. Portanto, se temos forte aposta na formação, se apostamos na certificação, é para criar condições para os nossos jogadores poderem chegar aos seniores. Podem-me perguntar se há falta de qualidade…mas há falta de qualidade o quê? A formação em Portugal não é das melhores do mundo? Eu tive uma experiência pessoal agora, quando a federação me convidou para chefiar uma comitiva dos sub-16, a um campeonato, um torneio de grande importância, que é o torneio da CONCACAF dos países da América Central e do Norte. Sentir e ouvir, de países como México, Costa Rica, Canadá, e outros dizerem: “vocês são os melhores”, fiquei obviamente muito satisfeito. Mas fomos de facto os melhores, fomos campeões! Eram jogadores de grande qualidade, um trabalho de formação fantástico. A nossa Selecção A está nesse caminho, a fazer uma renovação tranquila e pacífica, de um momento para o outro olhamos para a selecção agora e temos apenas três jogadores nos 30.

Um desses jogadores campeão dos Sub-16 é da região?
É da região, com formação no U. de Almeirim e na Académica de Santarém, hoje jogador do Sporting CP, e posso dizer que jogou a titular na final, e no torneio marcou três golos. Que traz mérito para a formação da região que é cada vez mais difícil, e aí a certificação pode ajudar os clubes. Dos 18 da selecção é evidente que havia Benfica, Sporting e Porto, havia Guimarães e Braga, e havia dois a jogar no estrangeiro, um do Standard de Liége e um do Servette da Suíça, jogadores com dupla nacionalidade, e que podiam escolher, e não hesitam em querer jogar na selecção portuguesa.

Foi importante ser Campeão da Europa para isso acontecer?
Tudo isso foi importante. Tudo é resultado da formação, ser campeão em seniores e nas camadas jovens andamos sempre nos lugares para ganhar. Quando não ganhamos já ficamos tristes porque já estamos habituados a ganhar.

Falando da arbitragem na região, voltamos a ter um árbitro na primeira liga…
No sábado tivemos o arranque da época desportiva dos árbitros, um estágio de dois dias, em Fátima, de formação de todos os nossos árbitros, e que integrou os árbitros do Nacional João Bento e o Carlos Covão, auxiliar que também subiu este ano. O ano passado foi uma época de ouro da arbitragem distrital, toda a gente subiu, ninguém desceu. Temos neste momento um árbitro e um auxiliar na primeira divisão e temos dois árbitros do futsal no patamar imediatamente a seguir que é uma fase de transição entre um grau e outro, um grupo de elite que é daí que sobem. No futebol temos o João Bento que subiu, e temos outro já nesse escalão que espero que corra bem este ano. A arbitragem está bem e recomenda-se graças ao trabalho fantástico que este conselho de arbitragem tem andado a fazer.

Há uma evolução nesse aspecto nos últimos anos?
Nos últimos anos este é o sexto estágio. Começámos a fazer este estágio, e quando o conselho de arbitragem me propôs a organização desse estágio eu percebi, havia muita gente que achava uma utopia conseguir meter lá os árbitros aquele tempo todo. Foi o primeiro a nível nacional, hoje algumas vão fazendo umas coisas parecidas e nós estamos sempre presentes e todos reconhecem que é um encontro, um estágio de consolidação da família da arbitragem distrital fantástico. Em que, por exemplo, o árbitro da primeira liga também está presente, também participa, essa é a grande referência que também precisamos de ter jovens de 13 e 14 anos sentados ao lado do árbitro que eles no domingo anterior tinham visto a apitar o Braga-Benfica. Um dia destes está a preparar-se para apitar o primeiro jogo. Isto não se chega e não se vence logo. Acreditamos que temos um árbitro que vai estabilizar e tem condições para isso.

Em termos de formação de árbitros o trabalho dos núcleos da região também é muito importante, nas formações, trazendo árbitros internacionais à região?
Esse trabalho que está a ser feito pelos núcleos é importante e é em perfeita sintonia com o conselho de arbitragem e que tem todo o apoio. Tem também o nosso apoio quando é necessário. Ninguém faz tudo, ninguém é capaz de ter exclusividade de nada. Portanto são articulações. Elas estão presentes muitas vezes no conselho de arbitragem e portanto o conselho está presente nessas acções, traz figuras de destaque aos locais, figuras importantes, de referência, que permitem que essa formação seja de base, contínua. É um projecto de renovação lenta e hoje olhamos para a estrutura dos árbitros no distrito e verificamos árbitros jovens, com melhor formação, e árbitros que acreditamos que o futuro está garantido. E o que se vê nos campos no fim-de-semana é a prova disso. O ano passado, um ano competitivo no campeonato de seniores da primeira divisão, não se ouviram polémicas de arbitragem, claro que quando se perde ninguém fica contente. E se for um penalti… Isso aí basta os exemplos que vêm de cima, por isso é normal que aqui as pessoas também tenham uma reacção. Mas em termos polémicos eu não tive nenhum pedido de reunião por causa de arbitragens. Eu também acompanhei os jogos e verifiquei. Houve um jogo decisivo em que uma equipa perdeu, o próprio presidente me disse “não fomos competentes”. E foi um jogo decisivo…

Nota-se que cada vez menos se culpa o árbitro?
É isso que queremos. O espectáculo são os jogadores… eles é que têm de jogar.. E quando falham um penalti também falham…

Considera que há infra-estruturas suficientes para a prática do futebol na região?
Em termos de cobertura do distrito fizemos um trabalho em profundidade para avaliar as infra-estruturas. Mais de 50 por cento das infraestruturas desportivas são propriedade das autarquias. É indispensável esta ajuda, os clubes não conseguem sobreviver em termos de custos de exploração sem este investimento, primeiro investimento, de construção, e depois de exploração sem ajuda das autarquias. A qualidade das infra-estruturas aumenta, os custos aumentam também. Portanto em termos de distribuição geográfica há melhores condições que há 10 anos e há 20 anos então nem se fala. Dos clubes que disputam as provas da Associação acho que apenas três têm campos pelados, dos 38 da primeira e segunda divisões, são três só com o campo em pelado e da formação não há nenhum. Se me pergunta se são suficientes… acho que há carências em alguns locais. Há dificuldade de arranjar espaços de treino para poderem desenvolver a sua actividade com mais qualidade. Há clubes só com um campo, e com mais formação não conseguem… Serão insuficientes em alguns casos com certeza, mas também temos outros exemplos de quem tem estruturas capazes suficientes e de grande qualidade mas há bastantes que precisam de mais. Nomeadamente a capital de distrito precisa de ter mais. A Associação está atenta, tivemos um programa, como sabe, de apoio para construção de infra-estruturas desportivas. Tivemos a época passada, e espero ter na próxima época, um plano para melhorar a eficiência energética, para reduzir o consumo de água, para reduzir o consumo de energia, temos apoios, um programa para quem quer modernizar essas infra-estruturas. Há clubes que já mudaram as lâmpadas, e isso ao fim do mês significa uma redução de custos. Queremos ajudar, estamos cá. Não podemos nem queremos substituir os clubes nem as autarquias mas estamos cá para apoiar. Aquilo que conseguimos arranjar é canalizado para os clubes. São eles que precisam. São eles que melhor o gastam. Se conseguirem ter menos custos de exploração mensal seguramente têm mais verbas para puderem apostar na formação.

A Federação tem projectos nesta área?
A Federação teve um projecto de 3,2 ME para clubes de futebol não profissional e que desses 3,2 ME, para o distrito de Santarém, para a nossa região, vieram 240 mil a fundo perdido. E no sábado passado inaugurou-se a quarta componente, foram seleccionadas quatro componentes. Foram inaugurados os balneários da Moçarria, foram apoiados com 56 mil euros, tivemos o Relvado do Pego, do Tramagal, e o relvado da escola de futebol de Alcanena. Isto é uma percentagem significativa que ficou na região.

Que marca pretende deixar associada a si na Associação de Futebol?
Confesso que não me preocupa a questão da marca. Isto é muito simples, enquanto tudo isto me for dando prazer e satisfação, sentir que estamos a contribuir com uma excelente equipa que temos mobilizada, interessada, disposta a grandes sacrifícios pessoais, na procura de criar melhores condições para que se pratique, que se desenvolva uma paixão que é o futebol para nós, essa é a marca que queremos deixar. Deixar um futebol mais preparado, com melhor capacidade, com melhores condições para os jovens desenvolverem a formação desportiva que é para nós tão essencial, tão decisiva para que sejam melhores homens e melhores mulheres. O resto passa…

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