á gestos que se tornam maiores do que os próprios actos. Gestos que, quando repetidos com verdade e coerência ao longo do tempo, se transformam em tradição — e, mais do que isso, em responsabilidade. A Gala do 134.º Aniversário do Correio do Ribatejo é exactamente isso: um compromisso assumido com o território e com as suas gentes, na procura constante de reconhecer e valorizar aqueles que, com o seu percurso de vida, contribuem para o engrandecimento da região.

Num tempo em que os dias parecem correr mais depressa do que a memória, e em que o ruído mediático ameaça silenciar o que realmente importa, este jornal — fundado em 9 de Abril de 1891 — continua a afirmar-se como espaço de resistência à indiferença e ao esquecimento. E fá-lo com as ferramentas que o definem desde sempre: a palavra escrita, o rigor, a proximidade e o profundo respeito por quem faz a história acontecer.

A gala, que decorreu no Teatro Sá da Bandeira, na noite de 8 de Abril, foi mais do que uma cerimónia: tratou-se de um acto de reconhecimento e de afecto. Não é um espectáculo, nem uma celebração de vaidades. É um encontro entre gerações, uma partilha de memórias e um olhar atento ao presente, sem nunca perder de vista a herança que nos trouxe até aqui.

Este ano, oito homenagens marcaram a noite — quatro personalidades e outras tantas instituições cujos legados se cruzam com o que de melhor se construiu e constrói no Ribatejo. Desde a figura incontornável de Celestino Graça, símbolo maior da cultura popular e da identidade ribatejana, até à acção solidária e discreta de Maria Emília Rufino, passando pelo virtuosismo de Custódio Castelo ou pela intervenção cívica de João Luiz Madeira Lopes. Juntam-se-lhes instituições centenárias e estruturantes como o Grupo de Forcados Amadores de Santarém, a Fundação Luíza Andaluz e o Núcleo de Santarém da Liga dos Combatentes, e igualmente a Diocese, cuja acção prolongada no tempo é exemplo de resiliência e serviço.

Num Teatro Sá da Bandeira repleto de emoção, decorreu na noite de terça-feira, 8 de Abril, a Gala do 134.º Aniversário do Correio do Ribatejo, numa cerimónia que voltou a distinguir personalidades e instituições que se destacam pelo seu contributo cívico, social, cultural e artístico na região. O evento, que já se tornou uma marca distintiva do jornal, reafirmou a missão do título fundado em 1891: reconhecer e valorizar aqueles que fazem do Ribatejo um território vivo, dinâmico e com memória.

A abrir a sessão, Ludgero Mendes, em nome da administração da empresa detentora do jornal, sublinhou a razão de ser da gala e a identidade do Correio do Ribatejo como “um jornal de causas”. “Mantemos no nosso espírito o ADN do nosso fundador, João António Arruda, e dos directores que se lhe seguiram. Não andamos em bicos de pés. Não provocamos instabilidades, não fomentamos guerras. Tentamos, sem dúvida, dignificar a nossa região”, afirmou, num discurso sentido que recordou ainda o papel histórico do jornal na salvaguarda da democracia e na preservação da memória colectiva.

Seguiu-se a intervenção de João Paulo Narciso, director do jornal, que, evocando os 134 anos do título com emoção, realçou o papel dos leitores, colaboradores e parceiros. “Nós somos um jornal com um coração de gente, e isso só é possível graças a vocês todos que aqui estão”, afirmou, dirigindo-se ao público com uma mensagem de gratidão e proximidade. “Estamos aqui hoje também para falar de futuro. O nosso passado enche-nos de orgulho, mas este é um jornal que aposta nos jovens, que cruza gerações, que liga tempos.”

O director do Correio deixou ainda palavras de reconhecimento à equipa que produz o jornal semanalmente, destacando o esforço colectivo para preparar a edição especial de 72 páginas lançada para assinalar o aniversário. A intervenção terminou com um tributo à memória de Teresa Rosário Lopes Moreira, ex-administradora do jornal, cuja ausência continua a ser sentida.

Antes de dar início à apresentação dos homenageados da noite, Ludgero Mendes voltou ao palco para partilhar com o público o espírito que norteia a organização da gala. Num tom directo, lembrou que o evento não procura deslumbrar pelo aparato ou pelo espectáculo, mas sim pelo significado e pela coerência com os princípios que orientam o Correio do Ribatejo desde a sua fundação.

“Nós não vos oferecemos uma gala tipo Hollywood. Não temos grandes jogos de luz nem extravagâncias visuais. Mas temos uma atitude serena e séria de respeito por todos”, declarou, sublinhando que o que ali se celebrava era, sobretudo, o valor humano e o compromisso com a verdade e a memória.

Num gesto de autenticidade, reforçou que a gala é, acima de tudo, um momento de comunidade, em que o jornal assume publicamente a sua ligação profunda ao território e às suas gentes. “Esta cerimónia é feita com o mesmo espírito com que, todas as semanas, escrevemos e imprimimos o jornal: com empenho, com rigor e com afecto por aquilo que nos une. É assim que queremos continuar a estar ao serviço da nossa comunidade”.

Este momento marcou a transição para a parte central da noite, dedicada à apresentação dos homenageados, que seriam, um a um, introduzidos por Ludgero Mendes com notas biográficas, memória afectiva e contextualização do seu percurso.

Celestino Graça: O homem que fez do Ribatejo uma marca cultural

Figura incontornável da história recente de Santarém, Celestino Graça foi homenageado a título póstumo na Gala do 134.º Aniversário do Correio do Ribatejo, no ano em que se assinalam cinquenta anos sobre a sua morte. Promotor incansável da cultura e do associativismo, foi o fundador do Festival Internacional de Folclore de Santarém, impulsionador da Feira do Ribatejo e da construção da Praça de Toiros Celestino Graça, tendo deixado um legado de dimensão nacional que projectou Santarém como capital do Ribatejo.

A distinção foi recebida pela sua neta, Cristina Graça, que subiu ao palco para agradecer, em nome da família, o reconhecimento do jornal. Num discurso emotivo, recordou o papel do Correio do Ribatejo na preservação da memória do avô. “Se ele se mantém vivo e se a sua história, aquilo que fez por esta cidade, se mantém viva e descrita, muito se deve ao Correio do Ribatejo”, afirmou, dirigindo palavras de gratidão ao director João Paulo Narciso e à equipa do jornal.

Referiu ainda que o ‘Correio’ “todos os anos, em duas efemérides — na data do seu nascimento e na do seu falecimento — faz questão de lembrar e descrever tudo o que o meu avô fez por esta cidade”, o que considera essencial para que a história não se perca e continue a ser transmitida às novas gerações. “O Correio do Ribatejo mantém viva essa memória. E mantém-na escrita e descrita para as gerações futuras.”

Cristina Graça sublinhou ainda o espírito de serviço público que sempre pautou a acção do avô. “Ele fez muito por Santarém e podia ter tido muitos méritos económicos, mas não os teve — e isso é relevante nas nossas atitudes, nas nossas actividades: é elevar o nome da cidade de Santarém.”

Apontou como símbolos desse legado o Grupo Académico de Danças Ribatejanas e o Festival Internacional de Folclore, defendendo que essas criações “são o que nos distingue e o que nos faz melhores do que outros — é isso que nos identifica enquanto identidade colectiva”.

A sua intervenção terminou com um apelo à preservação da memória e ao reconhecimento das figuras que moldaram a cidade: “O meu irmão, por exemplo, não teve o prazer de privar com o meu avô. E tudo o que sabe, ou pode saber, é aquilo que está descrito nas páginas do Correio do Ribatejo. Porque muitos esquecem — mas o Correio não.”

Forcados de Santarém: Tradição, juventude e coragem com 110 anos de história

Com uma história centenária e um papel marcante na tauromaquia nacional, o Grupo de Forcados Amadores de Santarém foi outro dos homenageados na Gala do 134.º Aniversário do Correio do Ribatejo. Fundado em 1915, o grupo é considerado o mais antigo do país e continua, mais de um século depois, a personificar os valores da coragem, entrega, tradição e juventude que definem a figura do forcado amador.

A distinção sublinha não apenas o legado histórico do grupo, mas também o seu papel enquanto embaixador cultural da cidade de Santarém, levando o nome da região às principais arenas do país e do estrangeiro. Ao longo das décadas, foram várias as gerações que envergaram a jaqueta, mantendo viva uma tradição que, em Santarém, é parte intrínseca da identidade colectiva.

O reconhecimento do Correio do Ribatejo reveste-se de um significado especial, tendo em conta o posicionamento editorial do jornal, que mantém, semanalmente, uma rúbrica dedicada à tauromaquia. Publicada na sua edição impressa sob o título “Ecos do Burladero”, esta secção é um espaço de reflexão e defesa activa desta expressão cultural, que continua a gerar debate mas cuja raiz popular é inegável no Ribatejo.

A distinção foi recebida pelo actual cabo do grupo, Francisco Graciosa, que agradeceu a homenagem com palavras sentidas. “Queria começar por parabenizar o Correio do Ribatejo por estes 134 anos de história, dar os parabéns a todos os homenageados de hoje e agradecer muitíssimo ao Correio por esta homenagem aos nossos 110 anos de história”, afirmou.

Com orgulho, destacou o papel que o grupo tem desempenhado ao longo do tempo, sublinhando a sua longevidade aliada a uma contínua renovação geracional. “Levar o nome do forcado amador, da cidade de Santarém, de Portugal… É, como dizíamos há dias em conversa, um grupo muito antigo — o mais antigo de Portugal, do mundo — mas ao mesmo tempo muito jovem. Sempre foi caracterizado por ter uma juventude enorme e hoje em dia não deixa de o ser.”

Num compromisso de continuidade, concluiu com uma promessa: “O que vos posso garantir é que o Grupo vai continuar a trazer muita história para o forcado… e para a nossa cidade.”

Liga dos Combatentes de Santarém: Um século a honrar os que serviram Portugal

A celebrar cem anos de existência, a homenagem ao Núcleo de Santarém da Liga dos Combatentes foi um dos momentos mais solenes da Gala do 134.º Aniversário do Correio do Ribatejo. Fundado a 20 de Fevereiro de 1924, o núcleo tem desenvolvido, ao longo de um século, uma missão contínua de apoio aos antigos combatentes e às suas famílias, promovendo a dignificação dos que serviram o país em tempos de guerra e em missões de paz. A instituição mantém ainda um papel activo na preservação da memória histórica e dos valores patrióticos, alicerçando-se no lema “honrar os mortos e dignificar os vivos”.

A homenagem foi recebida por Carlos Pombo, presidente do Núcleo, que, visivelmente emocionado, agradeceu a distinção com palavras que vincaram a carga simbólica do momento. “A Liga dos Combatentes agradece com profunda emoção e sincera gratidão ao jornal Correio do Ribatejo por este reconhecimento público, distinção esta que nos toca profundamente, honrando todos aqueles que, ao longo da história, serviram — e ainda servem — a Pátria com coragem, sacrifício e sentido de missão.”

Sublinhou que a homenagem ultrapassa a dimensão institucional e atinge a essência do que representa o ser combatente. “Sentimos que esta homenagem não é apenas dirigida à nossa instituição, mas também a todos os combatentes que deram de si, muitas vezes, o melhor da sua vida, pela liberdade, pela paz e pelos valores que nos unem.”

Carlos Pombo não deixou de assinalar o papel do jornal na preservação da história e na valorização das causas maiores. “É com redobrada emoção que dirigimos também as nossas mais calorosas felicitações ao Correio do Ribatejo pela celebração dos seus 134 anos de existência. Uma marca impressionante que atesta o vosso compromisso com a verdade das palavras, com a história, com a cultura e com os valores da nossa terra.”

Num agradecimento sentido, fez ainda questão de sublinhar a relação de proximidade entre o jornal e a comunidade: “Ao longo de mais de um século, o Correio do Ribatejo tem sido uma voz fiel, presente e credível, acompanhando com proximidade as diversas gerações, dando palco às causas maiores e estando sempre ao lado da comunidade.”

A concluir, deixou votos de continuidade: “É com enorme honra que vemos o nome do Núcleo de Santarém da Liga dos Combatentes ser reconhecido por este jornal com um percurso tão nobre e prestigiado. Que continue por muitos anos a ser o farol da boa informação, da memória e da identidade. Viva o jornalismo, viva os combatentes, viva Santarém, viva Portugal”, concluiu.

Fundação Luíza Andaluz: Um século a transformar vidas com afecto e missão

A comemorar cem anos de existência, a Fundação Luíza Andaluz foi também homenageada pelo Correio do Ribatejo nesta Gala de Aniversário, pelo trabalho ininterrupto na protecção e cuidado de crianças e jovens em situação de risco. Fundada em 1923 por Luíza Andaluz, beata da Igreja Católica e figura de profunda influência espiritual e social, a instituição tem-se dedicado ao acolhimento, educação e desenvolvimento integral de menores em contextos vulneráveis, mantendo uma intervenção activa na construção de uma sociedade mais justa e solidária.

Recebeu a distinção a Irmã Maria Clara Vieira, que agradeceu o reconhecimento “com alegria e gratidão, em nome da Fundação Luíza Andaluz”, sublinhando a importância simbólica de este ser “um ano tão significativo” para a instituição, que completa “100 anos ao serviço da vida, através do acolhimento e cuidado de crianças e adolescentes”.

Na sua intervenção, destacou os laços históricos entre a fundação e o Correio do Ribatejo, referindo que “desde o início temos registos de recortes de jornais arquivados por Luíza Andaluz, em que ela apela à generosidade da população para se fazer face às necessidades específicas desta obra”. Sublinhou ainda que o jornal “era lido semanalmente por Luíza Andaluz, que gostava de saber o que se passava na região”, reforçando a ligação entre a missão da fundadora e o papel da imprensa regional como instrumento de mobilização comunitária.

A Irmã Maria Clara enalteceu também a missão social do jornal, declarando: “Continuamos hoje, como no passado, a acreditar na missão desenvolvida também pelo Correio do Ribatejo: a de aproximar as pessoas, envolvendo-as na construção do bem comum.” No final da sua intervenção, entregou simbolicamente ao jornal um testemunho comemorativo do centenário da fundação, e concluiu com uma mensagem inspiradora: “Parafraseando um pensamento de Luíza Andaluz: o amor transforma o sofrimento em alegria. Parabéns e muito obrigado pelo vosso reconhecimento.”

Maria Emília Rufino: Três décadas de coração inteiro 

Com um percurso de quase três décadas ao serviço da solidariedade social, Maria Emília Rufino foi também homenageada, em reconhecimento pela sua dedicação ininterrupta ao Lar de Santo António, instituição centenária de Santarém que acolhe, educa e acompanha crianças e jovens em situação de risco.

Fundado em 1872, o Lar de Santo António é uma referência na protecção e promoção dos direitos das crianças, tendo como missão a formação cívica e pessoal dos seus utentes. Sob a liderança de Maria Emília Rufino, a instituição modernizou-se, reforçou parcerias e afirmou-se como uma verdadeira escola de vida, onde os afectos, a autonomia e a responsabilidade se desenvolvem lado a lado com o crescimento pessoal de cada criança.

Na sua intervenção, Maria Emília Rufino começou por felicitar o Correio do Ribatejo, expressando o desejo de que “apesar dos seus muitos anos — 134 — continue jovem, actualizado e batalhador, mantendo os seus leitores a par da evolução da nossa região, contribuindo assim para o seu progresso, apesar de todas as dificuldades”.

Em tom emocionado, agradeceu a distinção, esclarecendo que a aceitava não em nome pessoal, mas “pela instituição que represento e pelo trabalho que nela tem sido realizado”. Evocou o espírito de missão que a moveu durante tantos anos e a força da equipa que a acompanhou: “Nada se faz sozinho e sem uma boa equipa não há possibilidade de garantir o cumprimento das nossas diversíssimas obrigações, num tempo de cada vez maiores exigências e desafios.”

Lembrou, com orgulho, que o trabalho na instituição deixou de ser uma profissão para se transformar em paixão — e essa, acredita, “é uma das chaves para o sucesso da missão” do lar. De forma espontânea, abandonou o discurso escrito e partilhou com o público a evolução da consciência social na protecção das crianças: “Julgo que hoje há uma sociedade mais desperta. Há cem ou cento e cinquenta anos havia muitas coisas que se passavam e ninguém valorizava. Hoje em dia há toda uma sociedade a tentar proteger as suas crianças.”

Visivelmente grata, destacou o apoio de inúmeros parceiros, desde entidades públicas e privadas até voluntários e empresas locais. Mencionou especificamente o apoio de instituições como a Câmara Municipal, o CLAS, a Segurança Social, as forças de segurança, escolas, clubes desportivos e empresas.

Concluiu com palavras de afecto para a família, reconhecendo o apoio dos seus filhos e do marido, muitas vezes “voluntários à força”, e agradecendo a “Deus e à vida” por todas as oportunidades. “Gracias a la vida, por tudo aquilo que me tem dado”, rematou, ecoando a canção que tantas vezes a acompanha.

Custódio Castelo: O mestre da guitarra portuguesa que deu voz ao silêncio

Figura ímpar da música portuguesa, Custódio Castelo foi reconhecido pelo Correio do Ribatejo pela sua trajectória como compositor, músico e pedagogo, elevando a guitarra portuguesa a uma dimensão internacional. Natural de Almeirim, tem sido uma referência incontornável na reinvenção do instrumento, cruzando a tradição com a modernidade e abrindo caminhos inéditos à expressão da alma portuguesa.

O momento da sua entrada em palco ficou gravado na memória da noite: empunhando a guitarra portuguesa de pé — gesto que o caracteriza e o distingue —, interpretou uma melodia que encheu o Teatro Sá da Bandeira de emoção contida. O público ouviu o som cristalino do seu dedilhar, que dispensou palavras para dizer o essencial: ali estava um mestre.

A distinção ao músico ribatejano reconhece não apenas o virtuosismo técnico, mas também a forma como tem promovido o ensino e a valorização do instrumento. Foi o fundador da primeira licenciatura e mestrado em guitarra portuguesa em Portugal, na Escola Superior de Artes Aplicadas de Castelo Branco, formando novas gerações de intérpretes e perpetuando um património sonoro único.

No final da sua actuação, Custódio Castelo agradeceu a distinção com simplicidade e emoção, dirigindo palavras ao público e ao jornal: “Devemos apoiar este jornal, que é uma verdadeira instituição das notícias do nosso Ribatejo.” Com humor e afecto, partilhou uma memória sensorial que arrancou sorrisos à plateia: “Tenho saudades do cheiro do jornal. Hoje em dia, trabalho numa instituição e detesto quando um documento vem em PDF. Falta-lhe aquele cheiro. O Correio do Ribatejo ainda tem isso — o cheiro do papel.”

Visivelmente feliz, terminou com uma palavra de gratidão à equipa e aos leitores: “Este jornal deve ter apoios para o seu trabalho, mas o apoio principal somos nós. Muito obrigado. Estou muito feliz”, partilhou.

João Luiz Madeira Lopes: Uma vida inteira de cidadania, cultura e Abril

A sua voz tem-se feito ouvir ao longo de décadas em defesa dos valores da democracia, da justiça social e da cultura. O advogado João Luiz Madeira Lopes foi distinguido pelo Correio do Ribatejo pelo seu inquestionável percurso de intervenção cívica, política e cultural, sendo uma das figuras mais activas e coerentes da sociedade ribatejana nas últimas décadas.

Foi membro destacado da Comissão das Comemorações Populares do 25 de Abril em Santarém, envolveu-se com entusiasmo no Grupo de Guitarra e Canto de Coimbra, e integra o Centro Cultural Regional de Santarém, entre muitas outras facetas. Sempre ligado à cidadania activa, é um defensor convicto da liberdade e da participação dos cidadãos na vida colectiva — causas que continuam a mobilizá-lo.

A receber a homenagem, João Luiz Madeira Lopes dirigiu palavras à plateia e ao jornal com o tom firme que o caracteriza. “Agradeço ao Correio do Ribatejo esta distinção. Saúdo também todos os que hoje são aqui alvo destas homenagens da excelência”, começou por dizer.

Reflexivo e com espírito crítico, condensou na palavra “solidário” aquilo que mais preza na vida: “Se me pedissem para concentrar numa palavra o que mais considero, diria ‘solidário’. Com ela vem a sensatez, a amizade, a paz, a participação na cultura, na intervenção cívica e política.”

Madeira Lopes não deixou de lançar um alerta sobre o estado actual da comunicação social, criticando a sua crescente dependência dos grandes grupos económicos: “Preocupa-me a falta de independência da comunicação social, dominada pelos grandes grupos económicos, a influenciar os incautos.” Nesse contexto, destacou o papel do jornal: “Honra ao Correio do Ribatejo, que neste aniversário dos 134 anos se pauta pelos valores de imprensa independente e livre — sempre Abril, mesmo antes de Abril.”

Diocese de Santarém: Cinquenta anos de fé, proximidade e compromisso com a comunidade

Criada em 1975, a Diocese de Santarém cumpre este ano meio século ao serviço da comunidade, num percurso marcado pela acção pastoral, solidária e cultural desenvolvida nos treze concelhos do distrito que a integram. Esta efeméride mereceu destaque na Gala do 134.º Aniversário do Correio do Ribatejo, onde a diocese foi homenageada pelo seu papel estruturante na vida religiosa e social da região.

A distinção foi recebida pelo bispo diocesano, D. José Traquina, que, visivelmente sensibilizado, começou por felicitar o jornal: “O Correio do Ribatejo é mesmo uma graça. Revi-me em muitos dos elogios que aqui foram feitos ao jornal, pela sua identidade, pela forma como aborda os assuntos e pelo interesse com que olha a região.”

Destacando o espírito independente do jornal e a qualidade do seu trabalho, D. José Traquina sublinhou ainda: “Torna-se importante que haja quem escreva com verdade, com consistência, com conhecimento. E por isso, quis pessoalmente tornar-me assinante do Correio do Ribatejo. É também assim que acompanho e compreendo melhor o pulsar da comunidade.”

Na sua intervenção, o prelado aproveitou para reflectir sobre os desafios que a diocese enfrenta nos dias de hoje, nomeadamente a diminuição populacional na região e o envelhecimento das comunidades cristãs. “Toda a região diocesana perdeu habitantes nos últimos cinquenta anos. E também o número de padres é hoje muito inferior ao que havia quando foi criada a diocese.”

Apesar das dificuldades, destacou o tempo presente como uma fase de renovação: “Estamos no tempo do Papa Francisco, um tempo especial, que convida a que os cristãos leigos — os que não são clérigos — tenham voz e lugar nas decisões da Igreja. É tempo de caminharmos juntos, em sinodalidade.”

D. José Traquina valorizou ainda o papel das paróquias mais pequenas e das pessoas que, de forma discreta, mantêm viva a acção pastoral. “Temos mil catequistas, mil pessoas que, todas as semanas, ajudam outros cristãos a serem pessoas melhores, a respeitarem o pai e a mãe, os professores, os avós, os colegas.”

Falou também da nova filosofia de abertura da Igreja ao património artístico e cultural, referindo projectos como a catedral ou o Museu Diocesano. “O património é para se mostrar, para se valorizar, para estar disponível. É uma forma de estar mais segura… e mais próxima das pessoas.”

Terminou com uma nota de esperança. “Há quem ache que as leis existem para castigar. Outros não querem regras nenhumas. Mas os cristãos devem estar no meio: saber que há regras, que há falhas, e que é preciso corrigir com humildade e com verdade. Isso é o essencial. E é esse o caminho da Páscoa.”

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