Os Grupos Infantil de Dança Regional e Académico de Danças Ribatejanas foram fundados, no ano de 1956, pelo saudoso etnógrafo ribatejano Celestino Graça, com o firme propósito de recolher, estudar, preservar, reconstituir e divulgar o património etnográfico e folclórico do Ribatejo.

Celestino Graça, ao tempo Secretário-Geral da Feira do Ribatejo, desenvolveu um empenhado esforço no sentido de motivar a organização de agrupamentos folclóricos nos diversos concelhos do Ribatejo, tendo em vista a sua representação nesse certame regionalista, que de ano para ano reforçava o seu interesse e o seu prestígio.

Ele próprio, sentindo que a capital da Província se deveria fazer representar condignamente, fundou estes agrupamentos em Santarém, tendo encetado um intenso e criterioso trabalho de recolhas etno-folclóricas, no âmbito dos trajos, das danças, da música e do cancioneiro de toda a região.

A primeira actuação dos Grupos teve lugar a 27 de Maio de 1956, em Castelo Branco, no âmbito de uma Embaixada Cultural de Santarém a esta cidade beirã, e logo a 31 de Maio, Dia de Corpo de Deus, apresentaram-se no Teatro Rosa Damasceno, num Sarau dedicado à Criança e que teve ampla participação das secções culturais do Círculo Cultural Scalabitano, de que ao tempo o Grupo Infantil fazia parte.

No dia 3 de Junho, os Grupos actuaram numa cerimónia dedicada ao Presidente da República, Marechal Craveiro Lopes, durante a sua visita à III Feira do Ribatejo.

Desde então, o Grupo Académico de Danças Ribatejanas tem desenvolvido uma constante e ininterrupta actividade com o objectivo de divulgar as tradições folclóricas da região, tendo-lhe sido cometidas inúmeras e honrosas representações oficiais do concelho e do distrito de Santarém e até do próprio país.

Os Grupos Infantil e Académico constituem uma autêntica “escola de folclore”, onde se concretiza a formação dos componentes mais jovens, o que, a um tempo, proporciona o ensino das danças e cantigas tradicionais às crianças, promovendo, em simultâneo, o conhecimento e o respeito pelas referências etnográficas e folclóricas do Ribatejo, nomeadamente no que concerne ao trajo, à dança, à música e ao cancioneiro.

Para melhor consecução deste objectivo, o Grupo Académico de Danças Ribatejanas promove internamente ciclos de palestras sobre esta temática para o que convida personalidades de reconhecida competência.

Cumprindo a sua vocação associativa, o Grupo Académico de Danças Ribatejanas formalizou a sua legalização jurídica constituindo- se em associação cultural sem fins lucrativos, por escritura pública de 11 de Outubro de 1991.

De notar que, reconhecido o mérito da representação folclórica conseguida, o Grupo Académico de Danças Ribatejanas tem proporcionado a demonstração do folclore da região em inúmeras acções pedagógicas, nomeadamente nas Universidades de Letras de Lisboa e de Cardiff e em quase todos os estabelecimentos de ensino sediados na cidade de Santarém.

A par de uma intensa actividade merece ainda referência a participação em dezenas de programas televisivos em canais nacionais e estrangeiros, entre os quais se podem referir os seguintes: “Folclore”, de Pedro Homem de Mello, “25 Milhões de Portugueses”, de Henrique Mendes, “Festa é Festa”, e “Olha que Dois”, de Júlio Isidro, “Piccollo, Picolli” da R.A.I., três Documentários de Hans Stumpf, na ZDF, “Gala Europeia de Folclore” da Televisão Suíça, Apontamentos na Televisão Romena, “Marco Paulo…Com Música no Coração”, da RTP, e “Bravo Bravíssimo” e “Noites Marcianas”, da SIC.

Em 27/07/1958 a Câmara Municipal de Santarém distinguiu o Grupo Infantil de Dança Regional com a Medalha de Ouro de Bons Serviços, como testemunho do reconhecimento da edilidade escalabitana pela acção desenvolvida pelo Grupo na valorização da actividade cultural concelhia e pela excelente divulgação do património tradicional ribatejano em quase toda

a geografia nacional e, a partir desse ano, também no estrangeiro.

Desde a sua fundação até ao início da década de 1980, os Grupos Académico e Infantil de Santarém actuaram em largas centenas de oportunidades nos paquetes turísticos que faziam escala em Lisboa.

Estas exibições, apresentadas em inglês ou em francês, constituíram relevantes jornadas de divulgação e dignificação da cultura tradicional portuguesa, sem cedências a atitudes mais espectaculares que ferissem o rigor da correcta demonstração folclórica, que sempre foi apanágio destes Grupos escalabitanos.

Ao longo da sua existência, e num percurso de ininterrupta actividade, o Grupo Académico de Danças Ribatejanas já realizou mais de duas mil actuações, não sendo possível, por inexistência de registo exaustivo, referenciar todos os locais e datas.

Contudo, deverá notar-se que a actividade do Grupo Académico de Danças Ribatejanas passa pela sua presença em todos os festivais portugueses de maior importância, muitos dos quais com repetidas participações, e em centenas de Festas, Feiras e Romarias de norte a sul do país.

Desde o ano de 1958 os Grupos Académico de Danças Ribatejanas e Infantil de Dança Regional têm desenvolvido uma interessante divulgação do folclore ribatejano além-fronteiras, tendo participado em largas dezenas de festivais internacionais de folclore da maior projecção, nomeadamente no âmbito do CIOFF, organismo mundial de que, aliás, o Festival de Santarém é membro fundador.

Do seu vasto historial, registam-se presenças em importantes festivais internacionais no estrangeiro, como foram os casos de, entre tantos outros, os de Confolens e de Gannat, de Kaustinen, de Tarcento, de Múrcia, de Oloron-Saint-Marie, de San Sebastian, de Bayonne, de Dijon, de Rodez Pont-de-Salars, de Cádiz, de Schoten, de Vitória, de Ciudad Real, de Szahzalombatta, de Lublin, de Saint Girons e de Badajoz.

Outrossim, estes prestigiados agrupamentos folclóricos escalabitanos têm participado em inúmeras jornadas oficiais de representação além-fronteiras, nomeadamente a Angola, em duas ocasiões, ao Brasil, a Israel, à Roménia, à Bulgária, à República Checa, a Áustria, a França e a Espanha. Por tudo isto a Câmara Municipal de Santarém atribuiu em 18 de Março de 2010 a sua Medalha de Ouro ao Grupo Académico de Danças Ribatejanas, que organiza anualmente o Festival Internacional de Folclore de Santarém, que nas últimas edições adoptou a designação de Festival Celestino Graça – A Festa das Artes e das Tradições Populares do Mundo, que regressará à Casa do Campino entre os dias 5 e 11 do próximo mês de Setembro.

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